windmills by fy

28/09/2011

out & about . . . and everything

Filed under: Uncategorized — Fy @ 12:26 PM

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Entre Sampa e Rio ,

Rock in Rio à beça .

 hibridismo urbano , movimento , estradas ,  guitarras e . . .   com certeza :

uma canção chamada   E v e r y b o d y :    “ CAN ”   sing  !  . . .  –

 

 

Festival  de  Arte  em Paraty :  ah … delicioso coffee-bar

sempre inaugurando um momento … nos intervalos dos meus roteiros  .

Paraty surpreende , impactando o interesse entre a Fotografia e o Mundo ,

num quase  instante de despromoção humana ,

ondeada em dumps enferrujados  na  África steampunk  de  Pieter Hugo  :

 

 

 

 

imperdíveis flashs ,  caleidoscópio vintage , cruel e menos-zen que os elefantes , deixando ,

surpreendida em espanto , em cada foto . . .  uma pergunta  .

Perturbador ,

Impressionante , sim .

Velha África   – que agente prefere não ver .

So ,

 Muita chuva  acompanhando palestinas e sionismos floating in the air ,

crises and drachmas having  white coffee and toasts in the breakfast ,

religiosismos saturados no mofo mercenário e  repetido dos sacanas ,

consumismos e capitalismos  consumidos  pela filosofia [decadente ]

dos anticapitalistas Ltda. : patrocinadíssimos pela Coorporação dos obesos consumistas da produtiva  baixa-igualdade –

 

Assimque assim , nesta interrupção passageira entre Sampa e Rio numa semana enlouquecida de curvas ,

trabalho , frio , rock&roll e chuva  :  fiquei  meio perdida ,  meio num êrro de casting ,

sem nenhuma pausa pra organizar  uma sequência inteligível

desta porção de temas levantados pelo post do Cinema , >  que em sua  melhor performance ,

andou mesmo se confundindo entre   Tempo  e …  Movimento .

Entre Rock in Rio e Paraty    [7º Festival Internacional de Fotografia ]   é  possível transitar ,

rodear e atravessar  as encruzilhadas  do imaginário humano , multiterritorializado ,

multisonorizado e fotografado na dimensão geográfica desta  experiência .

E em meio a tudo isto , fiquei com mais vontade ainda   de escrever sobre  Nomadismo ,

sobre as migrações , um tema bem atual , bem acontecendo .

Transculturalismo ,  transvivência , transterritorialização > trans :  de trânsito e de transmissão .

O nomadismo inter/transpessoal ,

o nomadismo pessoal : o render-se a seu poder de autocriação , às surpresas  da multiplicidade .

‘ A  realidade nômade cria uma nova circulação de afetos,

expõe o virtual presente no atual , gera saberes inesperados .

A dificuldade é que esses saberes passam como fluxos ,

não são identificáveis segundo os hábitos acadêmicos de pensamento.

Eles não têm uma identidade .

Não se trata , aí , da produção de uma nova identidade , muito pelo contrário.

São criadas novas intensidades , sim , às vezes evanescentes ( como os quarks na física atômica ) , às vezes duráveis .

Uma conseqüência muito importante é que a pesquisa em ciências humanas  e sociais desenhará mapas de intensidades , e de jeito nenhum ,  mapas, carteiras de identidades.’

Aprender em Ingold  que  o mundo em que habitamos não é nem um mundo de uma natureza dada a priori ,

nem um mundo de uma cultura somente construída .

O mundo se constitui continuamente e nele nos constituímos.

 

Acompanhar o balanço desta antropologia de inúmeros ritmos ,

recusar o silêncio histórico das  dicotomias mudas entre natureza e cultura ; humanidade e animalidade ; corpo e mente ;

pessoas e coisas ; sociedade e natureza ;

e  recuperar a relação dialógica do envolvimento mútuo das pessoas no  mundo em que habitam  .

 

A cultura ,  a vida, o mundo , nesse sentido , constitui-se como um campo de relações .

Mas pra que se possa usufruir desta experiência e , conseguir justificar sua riqueza ,

é preciso se libertar destes despotismos psico – conceituais  de selfs estanques ,

mapeados em  eus superiores e inferiores , des-significar estas autópsias psíquicas ,

deixar-se invadir pela alteridade , pelo outramento,   e reconhecer enfim , uma identidade mutante ,

constantemente suscetível à contínuas atualizações sem que com isto perca sua singularidade .

Btw , hoje no twitter , rolou Lua Nova no Saturnália :

Lua Nova , Lunação de Libra  >  27/09/2011 , às 8h10 ( horário de Brasília ) . O mundo se renova .

E eu resolvi começar esta minha enorme pretensão , blogando  com  Foucault ,

re-significando a tal identidade e sugerindo a renovação do olhar .

Sem falta no próximo post .

Ah… um momento enorme e  minha homenagem :

                                                                                                                                        Vodpod videos no longer available.

Fy

                     

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38 Comments »

  1. Master of puppets I’m pulling your strings
    Twisting your mind and smashing your dreams
    Blinded by me, you can’t see a thing
    Just call my name, ’cause i’ll hear you scream
    Master
    Master
    Just call my name, ’cause i’ll hear you scream
    Master
    Master

    duda

    Comment by duda — 29/09/2011 @ 12:08 AM

    • Twisting your mind and smashing your dreams

      yeah – yeah – yeah….

      beijo duda !

      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 8:49 AM

  2. Oi moçada,

    Impressionante este vídeo africano. Chapante . Uma ironia.

    É. Mas vamos lá, mesmo sendo um post intermediário, sempre é bão filosofar um pouco.Ou, pretender. O nomadismo é um fenômeno véio, através dele estamos aqui, sobrevivemos, evoluímos, etcetcetc. É praticamente nossa historia e provavelmente vai além do que conhecemos. ( eu creio no nomadismo cósmico em matéria de evolução, etcetares , taí um tema interessante mas foge um pouco da trajetória do post) Muitos destes filósofos pós-modernos cantaram esta onda migratória, o que aliás não exige muito dos nossos raciocínios, o importante é a abordagem com a qual focalizaram o evento.
    Importante porque se reparamos, com toda a nossa evolução, tecnologia ,superações, etc ( meu comentário é o comentário do etc) continuamos divididos e a nos dividir em Tribos.
    Sejam geográficas, financeiras, religiosas, etnicas, profissionais,sexuais, e por aí vai. E exatamente como nos primórdios de nossa velha historia, o estrangeiro é um personagem temível, ameaçador e inesperado. Um invasor.
    Uma quebra.
    Um diferente.
    Claro que vou citar DogVille.

    Volto já.
    beijo a todos
    tio Guz

    Comment by Gustavo — 29/09/2011 @ 4:32 AM

    • Gus, vc que um homem sábio e inteligente, além de fofo, poderia me dizer se acredita numa relação de homem e mulher sem amor? É possível ficar com alguém sem amor?

      Comment by LU — 29/09/2011 @ 5:46 AM

      • Aloha Lu,

        Vou te responder, mas não sou sábio não, querida. Sou menos chato que um, pode crer ,HuahUha.

        Então vamos lá. Voce quer perguntar sobre a possibilidade de uma relação sem amor entre duas pessoas, tanto faz o sexo.
        Eu posso te responder de mil maneiras, porque existem milhões de tipos de relação entre duas pessoas. E várias podem ser consideradas válidas.

        Também existem inúmeros tipo de amor.
        Alguns tão doentios que se tornam nocivos e envenenam. Outros que são assim chamados por êrro de interpretação, hehe

        Mas acho que voce foi mais objetiva e falou de um amor natural, normal, amor que é amor.
        Então e bem objetivamente, porque é um assunto fértil, te pergunto, eu:
        No mundo atual, onde dispomos de oportunidades em todos os sentidos, batalhamos tanto com o objetivo de sermos independentes e auto-suficientes em uma série de questões que a vida nos apresenta, nos ocupamos com tantas etapas a serem conquistadas, se ficarmos com alguem sem ser por amor e o que isto representa, no mínimo somos idiotas, concorda ?

        Enfim, minha resposta se resume em outra pergunta: Porque alguem ficaria com alguem sem ser por amor?(talvez alguem com quem não valha a pena ficar, hehehe)

        beijo pra voce, Lu
        tio Guz

        Comment by Gustavo — 29/09/2011 @ 6:38 AM

        • Gus querido, concordo totalmente.

          O amor, o amor… Tem coisa melhor no mundo?

          Beijo, seu lindo, querido, fofo. Nunca te vi na vida, mas gosto de ti. Não sei explicar heheh.

          Comment by LU — 29/09/2011 @ 7:07 AM

          • Mentira, sei explicar sim. É que adoro TUDO o que escreves aqui no blog. Beijo 😉

            Comment by Lu — 29/09/2011 @ 7:18 AM

            • … eu também… Lu ….
              bj
              Fy

              Comment by Fy — 30/09/2011 @ 8:51 AM

        • Pra não ficar sozinho(principalmente nos dias atuais), por companheirismo, por sexo…

          Comment by Bernardo — 01/10/2011 @ 5:34 AM

  3. Gustavo, o lance tá mais pra Hiennaville, amigão!
    Vai que a moda pega, olha o tamanho dos bichos…
    Lars von Trier que se cuide, cara, hahahah, tá mais pea PetVille!

    Falamos na sequência,
    João Pedro

    Comment by João Pedro — 29/09/2011 @ 4:46 AM

    • Johnnnnn eu pensei q hiena fôsse um bicho pequeno… magrinho… que nem estes viralatinhas abandonados…. aiaiai, que fotos terríveis… o Tocayo fica bravo comigo, pq ele acha q eu me impressiono demais, mas… pelamordosdeuses – … ô África sofrida !

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 8:55 AM

      • Mas esse vídeo é impressionante mesmo. Que tristeza
        Nossa, fiquei com muita pena desses animais acorrentados, com focinheira.
        Como ser feliz com tanta gente sofrendo??? Que mundo é esse???

        Comment by Laís — 30/09/2011 @ 9:08 AM

        • Eu também, Laís!

          Este cara , o fotógrafo : Pieter , é tremendo na crueza com que mostra esta realidade.

          Uau! Eu tenho vontade “fabricar” MUITA felicidade. E pensar q se cada um de nós contribuísse com uma gotinha de “desegoísmo”… tava tudo resolvido!]]]

          bj
          Fy
          Welcome aboard!

          Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:18 AM

          • Alguém reparou que o nome do grupo de crianças que dançam é Happy Feet ?

            Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:23 AM

  4. Ai eu adoraria ter um filhotinho!
    O máximo foi a Fy indignada com a focinheira da bichinha!!!!!!!!
    bjtos, amei a gravura Patty e o metaleiro. Bem melhor que os Peppers.
    Espero o próximo então.

    Comment by Juliana — 29/09/2011 @ 5:25 AM

    • Não só com a fucinheira, com a roupinha dos macaquinhos tb! ah… isso devia ser proibido. É a mesma coisa que aqueles cachorrinhos de circo… uma judiação!
      Hiena não é poodle! Horrível!

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:03 AM

    • Ó Ju em matéria de apresentação, foram os melhores sim.

      o Chili Peppers foi um vexame de desafinação!!!! terrible. [ e olha q eu adoro!

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:26 AM

    • Péssima idéia, Ju. Os animais merecem viver livres e felizes na natureza.

      Comment by Laís — 30/09/2011 @ 10:55 AM

  5. Esquecí: Ju

    Comment by Juliana — 29/09/2011 @ 5:26 AM

  6. Esqueci tambem : 1000 pra Benetton !

    Melhor que o africano-flash :http://4.bp.blogspot.com/-ZSM5sZjLw50/Th0IcbJC-AI/AAAAAAAABCM/LrhJxtJGvT0/s1600/benetton1.jpg

    Ju

    Comment by Juliana — 29/09/2011 @ 5:29 AM

  7. Esqueci de novo… 1000 pra Benetton, mais estiloza que o Hienna-Pieter:

    Pra pensar…
    Ju!

    Comment by Juliana — 29/09/2011 @ 5:50 AM

    • muiiiiito legal, Ju!
      bjs
      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:04 AM

  8. An interesting discussion is worth comment. I think that you should write more on this topic, it might not be a taboo subject but generally people are not enough to speak on such topics. To the next. Cheers

    Comment by emotions — 29/09/2011 @ 7:35 AM

    • welcome aboard, Sillis .
      I will try because many voices should talk about this

      To the next! Cheers!

      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 12:42 PM

  9. Boa tarde pessoal, post intermediário ou não, ficou muito bom, Fy, um casamento de Rock in Rio e África e um resultado uraniano, como sempre.

    Um pouco sobre Espaço, neste post Rio-África, num nomadismo total :

    I . O espaço é um produto de inter-relações. Ele é constituído através de interações, desde a imensidão do global até o intimamente pequeno (esta é uma
    proposição que não representa nenhuma surpresa para aqueles que têm acompanhado a literatura anglófona recente!).

    2. O espaço é a esfera da possibilidade da existência da multiplicidade; é a esfera na qual distintas trajetórias coexistem; é a esfera da possibilidade da existência de mais de uma voz.
    Sem espaço não há multiplicidade; sem multiplicidade não há espaço.
    Se o espaço é indiscutivelmente produto de inter-relações, então isto deve implicar na existência da pluralidade:Multiplicidade e espaço são co-constitutivos.

    3. Finalmente, e precisamente porque o espaço é o produto de relações-entre, relações que são práticas materiais necessariamente embutidas que precisam ser efetivadas, ele está sempre num processo de devir, está sempre sendo feito – nunca está finalizado, nunca se encontra fechado.

    Este último ponto é, provavelmente, de particular importância, pois ele implica que existem sempre – em algum momento “no tempo” – conexões ainda por serem
    realizadas, justaposições ainda por se transformarem em interações (ou não, pois nem todas as conexões potenciais precisam ser estabelecidas), relações que podem
    ou não ser efetivadas.

    Assim, nesta forma de imaginar as coisas, o espaço é sem dúvida um produto de relações (primeira proposição) e, por ser assim, deve ser
    também multiplicidade (segunda proposição).

    Entretanto, estas náo são absolutamente relações de um sistema coerente, fechado, dentro do qual, como se diz, “tudo está (já) relacionado com tudo”.

    Neste modo de imaginá-lo, o espaço pode não ser, nunca, aquela simultaneidade completa na qual todas as interconexões foram estabelecidas, e na qual tudo já está interligado com tudo.

    abraço
    (tio) Renato

    Comment by Renato — 30/09/2011 @ 6:25 AM

    • conexões ainda por serem realizadas,-

      Renato, – lembrei disto , meio que fora do contexto, mas com certeza inserido também: – reforçando a infinitude de conexões:

      A conseqüência prática do conhecimento de que as células nervosas crescem e se modificam em resposta às experiências e aprendizagem enriquecedoras é extraordinária:

      A educação de crianças em um ambiente sensorialmente enriquecedor desde a mais tenra idade pode ter um impacto sobre suas capacidades cognitivas e de memória futuras. A presença de cor, música, sensações (tais com a massagem do bebê), variedade de interação com colegas e parentes das mais variadas idades, exercícios corporais e mentais podem ser benéficos (desde que não sejam excessivos). Na verdade, existem muitos estudos mostrando que essa “estimulação precoce” é verdadeira. Ainda precisamos provar se isso provoca um crescimento no cérebro das crianças, como acontece com os ratos;
      Pessoas que sofreram lesões em partes de seus cérebro, podem recuperar parcialmente as funções perdidas submetendo-se a estimulação mental intensa e diversificada, de maneira análoga à fisioterapia para os músculos debilitados;

      Alimentos ou drogas artificiais que aumentem a ramificação dos dendritos, o crescimento dos neurônios e seu aumento de volume podem ajudar na melhora do desempenho mental e memória nas pessoas normais ou em pacientes com doenças degenerativas do cérebro, tais como Alzheimer.

      Na verdade, um estudo pioneiro realizado por Dr. David Snowdon um neurocientista da University of Kentucky com freiras católicas vivendo em um convento no norte dos Estados Unidos, revelou fatos assombrosos que apoiam a teoria da estimulação cerebral. Essas freiras foram escolhidas porque parecem apresentar uma longevidade maior que o resto da população: várias delas já haviam atingido mais de cem anos de idade.
      As freiras que viveram mais e que mostravam uma melhor saúde mental eram quase sempre aquelas que praticavam atividades tais como pintura, ensino e palavras cruzadas, que exigiam um constante “exercício mental”.

      De fato, Dr. David Snowdon surpreendeu-se ao observar nos exames post-mortem dos cérebros doados pelas freiras falecidas, que alguns que estavam com melhores condições mentais devida a essa rica estimulação, apresentavam todos os sinais da insidiosa doença de Alzheimer. Essa doença degenerativa nervosa, altamente incapacitante, aparece em cerca de 20% de todas as pessoas com mais de 80 anos de idade, e se caracteriza por inúmeras alterações patológicas dos neurônios, e pela morte maciça de células, especialmente as células corticais. Isso provoca profunda perda de memória, e outros tipos de deterioração do comportamento e da personalidade.

      Conclusões

      O crescimento neuronal e a regeneração enquanto resposta a fatores ambientais já não parecem impossível, devido ao que a neurociência já tem revelado em experiências com animais e seres humanos. Este conhecimento, de par com a descoberta dos mecanismos que tornam isso possível constituirá um portão para um futuro fantástico para a humanidade; um futuro onde talvez possamos manipular e influenciar nossas próprias capacidades mentais de um modo inteiramente imprevisível. Isso tem constituído o sonho duradouro tanto da ciência como da ficção científica e talvez estejamos situados no limiar de sua realização.http://www.cerebromente.org.br/n11/mente/eisntein/rats-p.html

      A palavra “conexão” > é de uma dimensão incrível.

      [ desconexão… também. ]

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 9:13 AM

  10. Então Renato, lá vai uma palhinha também sobre Espaço, numa análise bacana de Dogville [ Petville, hehehe ]:

    Tratar da subjetividade em Dogville significa, aqui, discutir como a intriga revela as operações do poder.

    Dito de outra forma: como as relações de forças na comunidade de Dogville constituem singularidades, formas de vida, ou as destituem.
    O que aglutina os personagens de Dogville está no fato de formarem uma comunidade, no sentido não apenas de habitarem o mesmo lugarejo, mas de experimentarem uma vida precária.

    Dogville é uma cidadezinha muito pobre, situada entre as Montanhas Rochosas dos EUA, que vive tempos difíceis.
    A experiência da pobreza vai além das condições materiais de vida dos habitantes.
    Ela se impõe como um poder soberano que vampiriza o comum que caracterizaria a comunidade como compartilhamento do diferente, como relações de seres singulares em seus encontros e embates.

    A experiência em Dogville é precária, pois a comunidade, longe de se abrir à vida como multiplicidade, é cerceadora das diferenças e geradora de identidades fixas.
    A experiência da pobreza é, portanto, uma pobreza da experiência.

    Para Benjamin, ela filha do poder da guerra, de uma geração de combatentes que voltavam emudecidos dos campos de batalha e incapazes de intercambiar suas vivências. Em Dogville, ela é filha de uma comunidade americana marcada pela depressão econômica.
    “Porque nunca houve experiências mais radicalmente desmoralizadas que a experiência estratégica pela guerra de trincheira, a experiência econômica pela inflação, a experiência do corpo pela fome, a experiência moral pelos governantes.
    Uma geração que ainda fora à escola num bonde puxado por cavalos viu-se abandonada, sem teto, numa paisagem diferente em tudo, exceto nas nuvens, e em cujo centro, num campo de forças de correntes e explosões destruidoras, estava o frágil e minúsculo corpo humano.” (BENJAMIN, 1985: 115).

    Dialogando com Benjamin, Agamben (2000) afirma que a experiência da pobreza emerge na impossibilidade da realização da experiência, impossibilidade que se institui na cisão entre o homem moderno e o mundo.
    Se a precariedade da experiência está profundamente ligada às forças do saber e do poder, em Dogville ela se apresenta na figura de um saber pretensamente científico e moralizante e de um poder que se exerce onde não há mais leis.

    Ambas figuras ganham corpo, principalmente, nos personagens Tom e Grace. Tom vive a pobreza da experiência por assumir uma postura de observador dos acontecimentos e das relações na cidade, tornando mais frouxo seu vínculo com o mundo.
    Grace vive a pobreza da experiência ao se submeter a uma força que não mais percebe nela uma forma de vida; ao contrário, reduz sua existência a um fato de vida . Na ausência de leis e direitos que resguardem sua condição de sujeito, Grace ocupa um estado de exceção, como se fosse um detido de guerra e Dogville, o campo de concentração.

    Nestes parágrafos, podemos traçar um paralelo entre as condições da África e, sob um outro ponto de vista, entre as diversas comunidades estrangeiras aglutinadas ou em campos de refugiados ou mesmo em bairros como Chinatwon, LittleItaly, Harlem, Rhode Island, Brooklyn, etc… onde também o “estrangeiro” estabelece algum tipo de “fronteira”.

    beijo a todos
    tio Guz

    Comment by Gustavo — 30/09/2011 @ 7:27 AM

    • “entre as diversas comunidades estrangeiras aglutinadas ou em campos de refugiados ou mesmo em bairros como Chinatwon, LittleItaly, Harlem, Rhode Island, Brooklyn, etc… onde também o “estrangeiro” estabelece algum tipo de “fronteira”.-

      Gustavo, … btw: é um lance entre as polaridades, no caso dos bairros. Tentando um paralelo:

      – Para chegar nesse modelo de dispositivo, Foucault retorna ao contexto da Peste no século XVIII e explica como o poder político toma o lugar da vida, num estado de exceção, gerando a biopolítica.

      O corpo que traduz a vida humana está condenado ao poder político quando este se justifica pela saúde de um coletivo abstrato maior que qualquer individualidade.
      O que vale é o bem comum.
      Em seu nome, o corpo e a vida são controlados.

      Nesse estado de exceção, não há leis que não possam ser rompidas e novas leis que não possam ser geradas arbitrariamente.

      O poder se exerce soberano e autônomo. Com a peste, a divisão entre doentes e saudáveis [ estrangeiros e não-estrangeiros] abre espaço para que o dispositivo se exerça sobre aqueles considerados anormais (loucos, velhos, criminosos).

      O que garante o crescimento capilar do poder e sua incidência sobre o corpo e o espaço é a “não-peste” “o igual : o não-estrangeiro”, ou seja, a manutenção da normalidade : contra > a ameaça de fora. –

      Religiosamente, sexualmente, etnicamente, blablabláetalz

      bjs
      Fy

      Comment by Fy — 30/09/2011 @ 8:04 AM

      • Gustavo, ainda viajando no teu comment, Dogville e em Foucault,[ se eu viajei demais, me corrige ] porque é a partir daí que o dispositivo disciplinar e mimético, que vigia e controla a sociedade, ganha sua versão panóptica* [ *pra quem não sabe : é um sistema de construção que permite, de determinado ponto, avistar todo o interior do edifício ] : de um espaço completamente rastreado por um poder que jamais é visto [ ninguem vê ],mas que já é, desde sempre, reconhecido e introjetado pelos vigiados.

        Se o corpo é reduzido a um objeto de controle do poder, esse corpo é um experimento da biopolítica, …nada mais.

        No filme, o estado de exceção acontece com a chegada da Grace, que traz com ela a representação da anormalidade, por ser uma fugitiva que vem de fora e que coloca a cidade em perigo . Perigo da ameaça à rotina > ao “igual” > ao “paralizado” .

        E é esse que fato determina a reclusão , o espaço, – qdo ela é acorrentada – , a manipulação e o controle exercidos sobre ela pela comunidade.

        No estado de “exceção” , do “estranho” > do estrangeiro : tudo vale para que o poder se realize, pois não há normas que determinem a atitude da comunidade em relação àquela ameaça externa.

        É nesse contexto que a vida da Grace sofre a interferência de uma biopolítica, sem nenhuma mediação, nenhum julgamento…, pq é uma vida que é exceção > totalmente separada de uma forma de vida “comum”> estabelecida.

        bj
        Fy

        Comment by Fy — 30/09/2011 @ 8:22 AM

  11. Cadê o TocaYo ?

    Comment by Juliana — 30/09/2011 @ 9:28 AM

  12. “Sampa e Rio numa semana enlouquecida de curvas ” e que curvas! Essa faixa de terra e mar que fica entre os 2 estados é linda. Lembro que a minha primeira – e única…rs- pescaria foi em Ilha Grande, era um moleque de 9 anos e apaixonado por uma menina da minha idade que disse que iria me ensinar a pescar e por sua vez quando chegamos de volta ao Rio eu fiquei de ensiná-la sobre Rock and Roll, aí peguei os discos do meu primo – Led, ELP, Sabath, Deep Purple e coloquei pra ela ouvir – eu era um moleque marrento, hehe.
    To ligado aqui no Rock in Rio, pela TV. O Metalica arrebentou; também gosto muito do Red Hot, porém ao vivo eles não costumam ser tão bons, acho que a voz do Anthony Kiedis perde muito ao vivo.
    Ontem cheguei tarde do trabalho e quando liguei a TV já tava no final do show da Legião, agora to vendo aqui no Youtube – bela homenagem ao Renato.
    Bela lembrança da Benneton, essa marca chamou minha atenção na época em que eu era aficcionado por F1, e juntamente com as propagandas, bem inteligentes e criativas, fez com que eu só comprasse camisa golo polo dessa marca – é o poder do marketing, que no caso foi muito inteligente…rsrs

    Aí Fy, vê se usa capa de chuva para não gripar, hein? rsrs

    Comment by billy shears — 01/10/2011 @ 1:39 PM

  13. Tenho certeza que todos(tirando eu) que aqui fazem comentários ou postam são lindos, ricos, têm saúde, muitos amigos, vivem uma grande história de amor, são profissionais super bem sucedidos, têm famílias super bem estruturadas. Só isso explica tanta beleza, otimismo, alegria,esperança num blog só. Com frequência venho aqui me refugiar nesse mundo a parte. Abraço

    Comment by Bernardo — 03/10/2011 @ 5:55 AM

  14. Bernardo, Lu, Laís, Arianemflor,ou como voce quiser chamar,
    neste mundo aqui, ninguem é afins de expor nada além de suas opiniões, amigo.ou suas críticas. ou seus pareceres sobre isto ou aquilo.qualquer aspecto ou posicionamento é fruto de observação, trabalho, interesse e muita vida.se em sua opinião estas características constroem pessoas ricas, saudáveis, bem sucedidas, ótimo,brother, seja bem vindo com o nome que bem entender, mas se alguma coisa te incomoda, procure outro blog onde a amargura e o sarcasmo dirijam o espetáculo.
    Abraço
    TocaYo

    Comment by TocaYo — 03/10/2011 @ 9:27 AM

    • Mil Desculpas. Eu sou uma idiota. Esse blog é lindo. Adeus

      Comment by Lu — 03/10/2011 @ 1:02 PM

    • É isso aí, Tocayo!

      Muito bem comentado. Só acrescentaria, para entendimento do Bernardo – sem ofensas meu camarada, é apenas um debate, valeu? – que este blog não é um refúgio num “mundo a parte”, mas apenas um espaço onde pessoas efetuam trocas de experiências e idéias, buscando aprimorar o significado que cada um atribui ou procura atribuir para a vida.
      Pois, uma vida sem a busca de significado é pura alienação.

      Falando por mim, muito do que escrevo aqui ou em outro blog, serve para que eu reflita um pouco mais sobre a minha opinião acerca da vida em geral. Isso se chama auto-conhecimento. Essa é a busca, irmão!

      Conheça a ti mesmo!

      Abraços.

      Comment by billy shears — 04/10/2011 @ 12:56 PM

      • Aloha Billy Shears!

        abração
        TocaYo

        depois voce explica melhor a tal pescaria no embalo Led, ELP, Sabath, Deep Purple, só coisa boa, …troca do bem… Huahuahua

        Comment by TocaYo — 04/10/2011 @ 11:17 PM

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