windmills by fy

10/02/2012

Aporia – 1

Filed under: Uncategorized — Fy @ 7:09 AM

 

 

 

 O        H O M E M  

a despeito de suas pretensões artísticas , sua sofisticação e suas muitas realizações , 

deve sua existência a uma camada de 15 centímetros de solo e ao fato de que chove .

.

.

 

– Autor desconhecido –

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O pensamento deve lançar-se acima dos  “ fatos ”   para interrogar-se ,

não apenas sobre suas causas mecânicas ,

mas também sobre o que os faz serem o que são ,

sobre os agenciamentos de enunciação de que eles são : os enunciados ,

sobre os mundos de vida e de significação do magma dos quais eles surgem .

 

 

 

 

Remontar até às fontes , tal é o sentido do problema do transcendental . 
  
 Através de que há um mundo ?

 

 

A história da filosofia e , parcialmente , a da ciência ,

podem ser consideradas como o conjunto de proposições

que foram articuladas para responder esta questão .

 

 

Evidentemente não é possível retomar aqui toda a história da filosofia e nem mesmo resumí-la .

Contentar-nos-emos com algumas sondagens inspiradas por alguns trabalhos recentes ,

depois mostraremos como as máquinas de Guattari   [ que podem ser tudo , exceto mecânicas ] 

nos ajudam hoje a   re-colocar este problema . 

 

 

 No lugar sem lugar da origem sempre presente , será preciso eleger , depois de Kant ,

um sujeito transcendental do conhecimento ?

 

 

Ou então , como os cognitivistas contemporâneos , uma arquitetura do sistema cognitivo humano ?

 

 

 

Isto nos remete imediatamente a uma nova instância ,

pois o fundamento biológico do sujeito cognitivo está no cérebro ,

como pensam hoje os conexionistas e os adeptos do homem neuronal .

 

 

Ora , mesmo correndo o risco de situar a última fonte no estrato biológico ,

não seria preferível considerar o organismo inteiro ,

suas operações recursivas e sua autopoiése , como o sujeito cognitivo último , aquele que calcula seu mundo ?

Nisto seguiríamos toda a corrente da segunda cibernética ,

especialmente ilustrada por von Foerster , Maturana e Varela .

 

Teríamos então atingido o termo ?

 

 

Não , pois o organismo tal como ele é , remete duas vezes às contingências da História :

o   “ fora”   intervém uma primeira vez através da construção ontogenética  e da experiência de vida ;

ele se aloja uma segunda vez no coração do organismo específico ao acaso da filogênese .

A evolução biológica , por sua vez , não pode se separar da história infinitamente bifurcante e diferenciada da biosfera ,

e até mesmo além . . .  –  ela se conecta rizomaticamente com a terra ,

com suas redobras e seus climas ,

com os fluxos cósmicos ,

com todas as complexidades da physis e de seu devir .

 

 

 

 

 

 

 

 

  

                                                                                                                                                                                                                                            

 

 

 

 Ao invés de conduzir , gradativamente , do cognitivo ao biológico e do biológico ao físico ,

a meditação do sujeito transcendental do conhecimento pode remeter a seu outro :

o inconsciente dos afetos , das pulsões e dos fantasmas .

Mas , ainda aqui , é impossível deter-se no inconsciente freudiano como um termo último .

 

 

Guattari e Deleuze mostraram que o dito inconsciente não se limita

a um reservatório de desejos incestuosos ou agressivos e recalcados ,

[  e neuróticas sombras . . . ameaçadoras  ]

 

 

 

          

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 que está aberto  : sobre a História , a sociedade e o cosmo .

 

O inconsciente total , que não é mais concebido como uma entidade intrapsíquica ,

são os agenciamentos coletivos de enunciação ,

os rizomas heterogêneos ao longo dos quais circulam nossos desejos

e pelos quais se lançam e se relançam nossas existências .

 

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Ora . . . 

não se pode estabelecer uma lista a priori de tudo o que entra na composição

dos agenciamentos de enunciações e das máquinas desejantes :

lugares , momentos , imagens , linguagens ,

instituições , técnicas , fluxos diversos , etc – etc – etc . . .  

E finalmente , de novo , descobrimos que o termo último ,

ou melhor , o horizonte sem fim do transcendental , aqui nomeado : [ . . . ]   “ inconsciente ”   [ . . . ] ,

 bem poderia ser o próprio mundo .  !

 

 

 Voltemos à encruzilhada de onde partimos , o sujeito do conhecimento ,

para seguir uma terceira via , aquela da empiria .

 

 

A experiência não é originária ?

 

 

 

 

 

E antes mesmo da experiência , os sentidos que a tornam possível ?

 

 

Em   Os cinco Sentidos , Michel Serres conseguiu a proeza de construir ,

a partir de cada uma das modalidades sensoriais , uma metafísica , uma física ,

uma gnosiologia , uma estética , uma política e uma ética .

 

 

A sensação seria , por conseguinte , fundadora .

 

 

Mas o próprio do tato , da audição , do olfato , do paladar

e da vista não seria o de se remeter ao mundo ?

 

 

Se a percepção faz existir para nós o fora , por outro lado ,

é também sobre o devir e o terrível esplendor do mundo que repousa a vida dos sentidos .

 

 

Ser ,   é ser percebido  ,   dizia Berkeley .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por uma reversão talvez previsível , o livro seguinte de Michel Serres , Statues ,

punha a coisa . . .  , a massa  , a exterioridade a mais densa no fundamento dos coletivos humanos ,

das subjetividades e do conhecimento .

 

 

O empirismo situa o mundo no coração do conhecimento .

É o que Kant, que havia pretendido colocar o sujeito no centro ,

demonstrou muito bem em sua metáfora da   “ revolução copernicana ” em filosofia .

Mas . . . :  por mais que se queira expulsar o mundo pela grande porta do transcendental ,

ele volta . . .  pelas janelas do corpo ,

sob o aspecto de imagens impalpáveis que habitam e fazem viver o sujeito ,

e pela força do tempo , . . .   que tudo transforma .  

 

 

Explorando outras vias ,

podemos remontar o sujeito individual às significações sociais que o habitam ,

ao imaginário instituinte que o atravessa (Castoriadis) ,

à remissão historial que o destina ( Heidegger )  ,

aos épistémai que estruturam seu discurso   ( Foucault )    etc.

 

Recordemos que a principal *aporia ,

quando se considera que  um transcendental histórico existe ,

. . .  mas . . .  sob o efeito de que causas , de que devires inominados , ele se metamorfoseia permanentemente ?

 

*-  Aporia  >  [Do gr. aporia , “ caminho inexpugnável , sem saída ” , “ dificuldade ” . ]

é definida como uma dificuldade , impasse , paradoxo , dúvida ,

incerteza ou momento de auto-contradição

que impedem que o sentido de um texto ou de uma proposição seja determinado .

 

 

 

 

 

 

Se concebêssemos causas e efeitos na região transcendental , o que então a diferenciaria do campo empírico ?

Todo o fatual e o contigente da História   ( geografia , quedas de impérios , propagações de religiões , invenções técnicas , epidemias  etc. )

não retroage sobre a região historial ?

.

 

 

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Não resultam as idas e vindas do transcendental histórico , de efeitos ecológicos , de processos cosmopolitas ?

Ah . . .  > mais uma vez , para compreender   ” aquilo através de  que ”   há um mundo ,

nós somos conduzidos à complexidade e aos redemoinhos do próprio mundo . 

 .

 

 

 

 

continua … depois do carnaval …

 

Fy 

 

 

 

 

33 Comments »

  1. Sensacional!Procurei e achei , ôrra, reminiscências da facul..

    É por isso que a intuição deleuziana não é um golpe de vista da alma, mas um percurso atlético do pensamento; ela não é um átomo mental, mas uma multiplicidade aberta; não é um movimento unilateral (uma luz dirigida para a coisa), mas uma construção complexa, que Deleuze chama freqüentemente de “um reencadeamento perpétuo”.
    Vou encarar o retorno al lar e volto à noite.
    João Pedro

    Comment by João Pedro — 10/02/2012 @ 9:43 AM

  2. O H O M E M

    a despeito de suas pretensões artísticas , sua sofisticação e suas muitas realizações ,

    deve sua existência a uma camada de 15 centímetros de solo e ao fato de que chove .

    duda

    Comment by duda — 10/02/2012 @ 1:40 PM

  3. A realidade é única e ao mesmo tempo múltipla. Ela é única como coisa em si – algo que aconteceu, foi dito, etc. e também é múltipla, a partir do momento que cada indivíduo faz uma leitura daquilo que ocorre; de acordo com suas experiências ou sentimentos ele a percebe diferente de outro indivíduo. E assim caminha a humanidade: vivendo uma realidade compartilhada de maneiras diferentes por cada ser.

    Quem consegue ver a realidade como ela de fato é? Quem sair da caverna e voltar que me diga…rs Apesar de que alguns saíram e voltaram para nos dizer: Buda, Sócrates e Jesus.

    Depeche Mode, classe A….sonzão….rs

    Take my hand
    And walk in the light…….

    Comment by billy shears — 10/02/2012 @ 2:40 PM

  4. Pôxa Fy, tambem adorei o post!
    Este calorão parece que mexe um pouco com a imaginação , traz uma morgação mental, uma preguiça filosófica. Nada como um sobressalto guattariano…. deleuziano, huahuHa

    Aê Billy, tambem gostei da trilha sonora, lindo post! Este último vídeo do Bon Hiver é de arrebentar.
    E falando em realidade múltipla, Deleuze “é” o filósofo da multiplicidade.

    Lembrei do Roberto Machado, um cara que eu gosto muito, e que desmonta a teoria da Tábula Rasa, diante da obviedade de que só se pensa a partir do que os outros pensaram pois não é possível o começar do nada, ( vale a pena a leitura), sempre diz que a grande ambição de Deleuze é realizar, inspirado sobretudo em Bergson, uma filosofia da multiplicidade . E o próprio Deleuze inicia um de seus últimos escritos afirmando que a filosofia é a teoria das multiplicidades

    Deleuze é, em princípio, mais um historiador da filosofia. Mas não um historiador qualquer; ele é, antes de qualquer coisa, um historiador-filósofo, ou melhor, um filósofo-historiador. Toda a sua produção filosófica começa, necessariamente, com o estudo de filósofos importantes na história das mentalidades (Hume, Bergson, Spinoza, Leibniz, Kant, Nietzsche…) para ir REdesenhando novos mapas conceituais, pois pra ele a ação do historiador da filosofia pode ser vista como a ação do pintor retratista. Fazer filosofia é muito mais do que repetir filósofos, mas como a filosofia trata do mundo e há mais de dois mil anos que filósofos debruçam-se sobre ele, também é difícil fazer filosofia (pensar o novo) sem retomar o já pensado.

    Mas essa “repetição” (que é também, necessariamente, “diferença”) que Deleuze faz dos filósofos é antes de tudo um roubo.

    Citando e parafraseando Bob Dylan, Deleuze afirma que roubar é o contrário de plagiar, de copiar, de imitar ou de fazer como ou igual. A produção filosófica é, necessariamente, solitária, mas é uma solidão que propicia encontros; esses encontros de idéias, de escolas filosóficas, de filósofos, de acontecimentos é que proporcionam a matéria de qualquer produção conceitual. Em outras palavras, só se produz na solidão da interioridade, mas ninguém produz do nada, no vazio. A produção depende de Encontros, Encontros são roubos e roubos são sempre criativos; roubar um conceito é produzir um conceito novo. Nesse sentido, a filosofia de Deleuze pode ser vista como um desvio.

    Há um Encontroque se traduz como o Conhecimento-de. A partir daí constroe-se algum Conceito e NÂO uma Repetição, que geralmente se tradz como um eco vazio, levando-se em consideração ” Todo o fatual e o contigente da História ( geografia , quedas de impérios , propagações de religiões , invenções técnicas , epidemias etc. ) não retroage sobre a região historial ?” que é justamente o argumento do post, ou o alicerce da Filosofia resultante do encontro de Guattari-Deleuze.

    Se tivermos que ler a obra de Deleuze como um ataque ou uma traição aos elementos da tradição metafísica ocidental,( o que aliás, não deixa de ser ótimo e mais do que tardio, relevando os “resultados desastrosos da mesma em 2000 anos de de falcatruas emocionais e mentais”) temos que compreender tal postura como uma afirmação de outros elementos dessa mesma tradição. Em outras palavras, não podemos ler a obra de Deleuze como se estivesse “fora” ou “além” da tradição fiIosófica, ou mesmo como uma efetiva via de escape daquele bloco; ao invés disso, devemos encará-Ia como a afirmação de uma (descontínua, mas coerente) linha de pensamento que permaneceu “suprimida”, mas latente.

    Para além dos encontros de Deleuze com os filósofos já citados, outros são importantes na constituição de sua obra filosófica: seu encontro com o cinema (sensacional, atuante e que resultou numa obra de dois volumes); seus múltiplos encontros com a literatura (Kafka, Beckett, Jarry, Sacher-Masoch, Lawrence, a literatura norte-americana, entre outros), que resultaram em diversos ensaios; seu encontro crítico, riquíssimo e estrondoso, pra não dizer trombada (talvez não fosse demais falar em desencontro total) com a psicanálise.

    A filosofia de Deleuze é uma constante Atenção ao Mundo e ao Tempo Presente,e é aí, exatamente aí, que ele se destaca, porque é uma Filosofia que conversa conosco, com o atual e real. Quando eu leio o cara, que desloca a atenção da filosofia dos “universais” abstratos para a concretude dos eventos, dos acontecimentos, não consigo deixar de lembrar dos filmes de David Lynch, que também lançam luz sobre o efêmero,o quse não percebido, e faz com que agente se toque de uma outra perspectiva: a das nuances, daquilo que escorrega desapercebido entre os “grandes e espalhafatosos” enunciados, e que justamente responsabilizam os grandes acontecimentos internos-externos a nós.

    Enfim, querida, adorei este post surpresa, despertando agente desta preguiça pré-carnaval!

    Take my hand
    And walk in the light…….

    beijo a todos,
    tio Guz

    Comment by Gustavo — 10/02/2012 @ 11:19 PM

    • Deleuze será radicalmente nietzschiano ao evocar o esquecimento enquanto força ativa em oposição à cultura da memória própria do freudo-marxismo (que exige que se retorne ao passado, quando se deveria destruí-lo em nome de uma experimentação nova). Em Deleuze, nunca se tratou de fazer oposição à psicanálise e, a partir disso, traçar uma linha de retorno a Freud, seja para afirmá-lo com uma verdade nova, seja para refutá-lo, mas, através dessa força ativa do esquecimento, de trazer para o interior da psicanálise “uma espécie de cultura do esquecimento como condição de toda experimentação nova” [7]. O Anti-Édipo ousa a construção de um novo campo de experimentação. E sendo Deleuze um herdeiro de toda herança nietzschiana, sua filosofia, que se estenderá até a psicanálise, caracterizar-se-á por um cântico ao novo, à potência da criatividade. Concluímos daí, que toda relação questionadora que Deleuze eGuattari mantêm com a psicanálise, parte de agenciamentos intensivos que visam, unicamente, a produtividade e a criatividade dos saberes na própria psicanálise.

      Abraço, Pedro.

      Comment by Pedro — 11/02/2012 @ 6:38 AM

      • Oi Pedro, Welcome aboard!

        Eu sinceramente, nunca lí um texto mais confuso do que este do “Rico” . E olha que eu apanho pra ler Deleuze, e mts vzs preciso de ajuda! – Gustavo e Cia. que o diga . hahaha : mas é mto gostoso deleuziar ….

        Me perdoe, mas por mais q se queira disfarçar, Deleuze é sim : peremptoriamente contra a psicanálise, ou contra o que conhecemos como psicanálise. O proprio autor, na minha opinião se perdeu tanto neste ensaio, que acabou confirmando isto :

        Para irmos mais longe, e sem delongas, quero trazer à baila o que Deleuze dirá numa conferência intitulada Cinco Proposições Sobre a Psicanálise.

        [ vc já leu este “tratado” de Deleuze ? as Cinco Proposições Sobre a Psicanálise ?]

        Considero essa conferência de suma importância, pois nela Deleuze trata da questão do retorno a Freud que a pouco eu falava, mas agora tornando claro aquilo que ele e Guattari pretendiam com sua esquizo-análise.

        Nessa conferência Deleuze elucidará o que eu, até agora, estava tentando trazer à luz: a força de afirmação concernente às suas intervenções no campo psicanalítico, força esta radicalmente contrária à força negativa daqueles que escrevem por serem contra alguma coisa.

        Deleuze, num certo momento da conferência, irá dizer que “não desejamos, no que diz respeito, participar de tentativa alguma que se inscreva numa perspectiva freudo-marxista” [4].

        O que seria, exatamente, essa perspectiva freudo-marxista?

        [ antes de explicar o que seria esta perspectiva , ele deveria entender o q significa : “não desejamos participar da tentativa de … “ – hahaha ] pq me parece q ele quis dar um significado “alternativo” a esta frase ….]

        Trata-se, para Deleuze, de não confundir seu esforço intelectual com o que consistiria num retorno aos textos freudianos e marxianos por uma necessidade de interpretar algo de uma ou outra teoria, devendo, aí, encontrar alguma verdade ou, bem o contrário, “desencontrá-la”.

        Trata-se de dirigir-se “à situação tal como ela é, situação do aparelho burocrático no marxismo, do aparelho burocrático na psicanálise, na tentativa de subverter esses aparelhos” [5].

        [ Aparelho burocrático seja do marximismo ou da psicanálise > é todo um contexto que não se resume únicamente a Freud . – Deleuze é contra ?

        Nem sei, pq eu acho que ele apenas invalida . Nem considera . Talvez coloque apenas suas opiniões “contra” e as valide .

        É um papo tão completamente “distinto” e contrário que não há como … tentar “imaginar ou adequar” a Filosofia de Deleuze ao “enquadramento psicanalítico freudiano” :

        – Daí decorre as conclusões deleuzo-guatarrianas de que a psicanálise nunca suportou o desejo, e que sempre que ela o tomou, foi para reduzi-lo e para fazê-lo dizer outra coisa.
        – Com esse questionamento sobre as produções desejantes, D&G criarão uma nova concepção de desejo, para opô-la a velha e empoeirada noção edipiana e edipianizante, herança das teorias freudianas.
        – Trata-se de expurgar do saber psicanalítico, aquilo que o condena, que o coloca numa péssima posição, e para isso, D&G criaram todo um novo repertório conceitual, terminológico, um novo modus operandi na constituição de diagnósticos e análises patológicas.
        – Antes que eles ousassem ir contra à psicanálise, eles buscaram “fazê-la de outro modo”.

        Sorry, Deleuze e Guattari “ousaram” muito mais q ir contra a psicanálise – eles não “inventaram um novo vocabulário” apenas , eles criaram conceitos totalmente antagônicos …

        E não foram, como não são, os únicos que possuem conceitos :

        O psicólogo suíço Klaus Grawe considera “totalmente ultrapassado” o modelo tripartido do “aparelho psíquico”, com sua divisão esquemática em id, ego e superego.
        Na doutrina freudiana são os desejos e instintos reprimidos, que dirigem o comportamento humano como “regentes secretos” da obscuridade do inconsciente.

        O historiador britânico Richard Webster diz que ele (Freud) não passou do “criador de uma complexa pseudociência, que deveria ser considerada uma das grandes loucuras do civilização ocidental”.

        Há vinte anos, o médico ganhador do Prêmio Nobel, Peter Medawar, declarou que a psicanálise era “o mais terrível conto-do-vigário do século”, prevendo seu breve desaparecimento. Os mitos freudianos, no entanto, cravaram-se profundamente no consciente coletivo.

        Não há um só recanto da cultura ou da sociedade que escape “à mania do esclarecimento” da psicanálise. Até mesmo os já mortos, de Goethe a Karl Marx, de Nietzsche a Schopenhauer, de Stalin a Hitler, “todos podem ser traduzidos de acordo com as regras da interpretação psicanalítica” , das quais não escapam nem sequer heróis míticos da Antiguidade ou religiões de culturas estrangeiras. Segundo Pohlen e Bautz-Holzherr, a psicanálise tornou-se um “poder colonialista” “espiritual”, subjugando todo o mundo.

        – Mto bom isto… qdo se pensa não só em Freud , mas em várias fases do Jung tb .

        Bj
        Fy

        Comment by Fy — 13/02/2012 @ 1:15 PM

        • ” Com esse questionamento sobre as produções desejantes, D&G criarão uma nova concepção de desejo, para opô-la a velha e empoeirada noção edipiana e edipianizante, herança das teorias freudianas.”

          E o que seria essa nova concepção?
          Vc acredita que essa análise crítica em relação á psicanálise desenvolvida por Deleuze e Guattari possa se estender a própria psiquiatria e psicologia.

          Que bela surpresa encontrar esse Blog. Muito bom.

          Abraço, Pedro Lavratti

          Comment by Pedro — 14/02/2012 @ 5:16 AM

          • – Por algum motivo o toque humano transcende a humanidade como a pensamos hoje, isso por que cada humano que vive é tão complexo, tão intrincado que deve ser considerado como UMA entidade. De tal forma que não há um mundo cujo o qual desconhecemos as vias que o torna possível, mas sim bilhões de mundos.

            Buenas moçada, vou caronear o comentário do Thomas pra me aproximar do papo entre o Pedro e a Fy, hehe.

            Olá Pedro, seja bem vindo, e obrigado Thomas pela excelente carona!

            ‘E o que seria essa nova concepção?
            Voce acredita que essa análise crítica em relação á psicanálise desenvolvida por Deleuze e Guattari possa se estender a própria psiquiatria e psicologia?’

            Bom eu aqui vou começar de baixo pra cima, e acredito que os alicerces da segunda resposta equilibrarão a busca pela primeira.

            O Thomas foi tremendamente claro e certeiro em suas reflexões e minha opinião segue através do que ele colocou. Hehe, isto daria um comentário enorme, e eu poderia lançar mão não só de Deleuze, Guattari, mas apelaria pra Foucault, Artaud, Bergson, Carrol, e mais uma infinidade sem citar neurologistas, cientistas atuais, etc.

            E me perdoe o autor do texto, mas Deleuze bebeu em inúmeras fontes… jamais radicalizou nenhuma… e me parece ser este o cerne de sua perspectiva em filosofia. Eu poderia afirmar, parafraseando Badiou em algum livro por aí, que a intuição deleuziana não pretendeu e não pode ser confundida com o sentido de intuição nos místicos ou em Descartes, hehehe , por exemplo. Não se trata de intuir “a partir do nada” uma idéia clara e distinta ou mesmo uma revelação ; a intuição, em Deleuze, é um trabalho de pensamento que, articulando multiplicidades de conceitos, intui novos conceitos.
            Por isto então… à partir de Freud, desconstroi-se Freud e assim por diante.

            Eu separei um texto , pouquinho longo, mas que explica, no meu ponto de vista, o que seria a Psicologia, a Psiquiatria, e sua semelhança com o religiosismo, detalhe importante na dissecação destas industrias de controle social.

            Vou dividir o comentário pra não ficar muito longo.

            Comment by Gustavo — 14/02/2012 @ 9:28 AM

            • Me perdoem, mas a internet sumiu! Por aqui… não é anormal.

              Retomando,

              Vivemos um cenário no qual se instala um novoboom da psiquiatria, desta vez dizendo respeito nãotanto aos psicóticos ou loucos, mas aos “normais”, hehehe, pois é seu Zé.

              A partir da nosografia psiquiátrica (nosografia é uma prática milenar que se constitui na descrição sistemática das doenças) – que é tomada como referência nos manuais psiquiátricos, a psiquiatria dita científica pretende realizar, com a designação “TRANSTORNO ”, uma descrição finalmente “neutra” da doença mental . Seu sonho é tornar a descrição das patologias psíquicas a tal ponto objetiva que um profissional da China e um dos Estados Unidos possam chegar a um mesmo diagnóstico e à indicação de um mesmo remédio.

              Denominações que não preenchiam esse ideal de cientificidade foram descartadas, tais como as terminologias outrora tão frequentes, “psicose” ou “neurose”. Outra característica dessa vertente da psiquiatria é permitir que médicos não psiquiatras possam prescrever com mais facilidade a medicação adequada, pois diante de um TRANSTORNO OBJETIVAMENTE DEFINIDO E UNIVERSALMENTE OBSERVÁVEL, qualquer profissional médico pode se habilitar a prescrever o medicamento correto.

              Até o comportamento infantil foi “enquadrado” como disse a Fy na categoria dos “Transtornos, e aí estão as TDA , TDAH, TAS que não me deixam mentir e que invocam, cada uma delas algum medicamento específico, ou um absurdo tesão pela mãe ou pelo pai, ou alguma possessão diabólica, ou um contato noético com um tal Inconsciente Coletivo… seguido de uma absorção arquetipica manifestando um comportamento ritualístico de algum indígena do monte Uhuru, África.

              Nós poderíamos nos estender e nos estender… seria melhor um post, mas está mais do que claro, assinalado por Deleuze, Guattari, e, não vou deixar Foucault de lado, que a tal da Psicologia, a seu modo, e a psiquiatria biológica atuais se inserem no quadro desses poderosos dispositivos de controle contemporâneos, cuja marca principal é seu caráter abrangente e global.

              Seu arsenal farmacológico, suas explicações estapafurdias, já não se dirigem apenas aos “loucos”, mas predominantemente aos “normais”, ou seja, a todos.

              E aí relevamos e voltamos ao comentário do Thomas , e se quizerem continuar, chegaremos em Espinoza.
              Psiquiatria, psicologia e outros saberes operam essa redução a categorias do negativo daquilo que emerge enquanto experiência subjetiva complexa e singular. Os gestos, os movimentos, as palavras, as ideias, os sonhos, os afetos, tornaram-se objeto de uma lógica cientificista ou religiosa em se tratando da Psicanálise Junguiana.

              O que temos, o que é Psicologia ou Psiquiatria hoje ? Temos um dado domínio de saber-fazer , que se fechou em si mesmo e sofreu um ensimesmamento cronificador, produzindo ilusões como a de ser o único saber legítimo e universal. (Bom exemplo : a exclusão de Hillman do meio junguiano. O principal efeito deste processo de cronificação e isolamento é : a produção de reducionismos e o afastamento das experiências sensíveis , únicas e/ou coletivas. Religiosismo.

              Beijo a todos
              Tio Guz

              Comment by Gustavo — 14/02/2012 @ 11:18 AM

              • Para alguns, a Psicologia Arquetípica é pensada como o mais criativo e consistente movimento pós-junguiano; para outros, se tornou uma pálida imagem – ingênua, nostálgica e obsoleta – do que um dia se propos a ser.

                É apenas uma questão de atualização, Gustavo. Ou de ampliação de conhecimentos,”trabalho de pensamento”, multiplicidade de conceitos, como voce disse lá em cima.

                Uma das principais premissas de Deleuze acerca do Inconsciente, como úma fabrica em constante produção, já desmonta qualquer teoria psicanalítica, freudiana ou junguiana.

                (tio) Renato

                Comment by Renato — 14/02/2012 @ 11:24 AM

                • Buenas, Gustavo, té eu vou entrar nesta dança, peguei uma sinopse do Anti-Édipo violenta;

                  Este é um livro revolucionário, em múltiplos sentidos. Não só porque seus autores o escreveram sob o influxo de Maio de 68, mas sobretudo porque seu alvo é compreender e libertar a potência revolucionária do desejo, dinamitando as categorias em que a psiquiatria e a psicanálise o enquadraram.

                  No centro do conflito está a concepção freudiana do inconsciente como teatro e representação – e sua pedra de toque, o drama de Édipo. Para Deleuze e Guattari, ao contrário, o inconsciente não é teatro, mas usina; não é povoado por atores simbólicos, mas por máquinas desejantes; e Édipo, por sua vez, não passa da história de um longo “erro” que bloqueia as forças produtivas do inconsciente, aprisiona-as no sistema da família e assim as remete a um teatro de sombras.

                  Com agilidade impressionante, O anti-Édipo combina dispositivos da filosofia, da literatura, da antropologia, da arte, da economia, da ciência, da política e da biologia — além de um sem-número de alusões e citações que correriam o risco de passar despercebidas não fosse o trabalho rigoroso do tradutor Luiz B. L. Orlandi, que dotou esta edição de valiosas notas informativas —, para articular uma crítica radical da cultura que acabou por definir uma das linhas de força do pensamento contemporâneo.

                  taí
                  João Pedro

                  Comment by João Pedro — 14/02/2012 @ 11:34 AM

                • No centro do conflito está a concepção freudiana do inconsciente como teatro e representação – e sua pedra de toque, o drama de Édipo.

                  Para Deleuze e Guattari, ao contrário, o inconsciente não é teatro, mas usina; não é povoado por atores simbólicos,
                  mas por máquinas desejantes; e Édipo, por sua vez, não passa da história de um longo “erro” que bloqueia as forças produtivas do inconsciente,

                  aprisiona-as no sistema da família e assim as remete a um teatro de sombras .

                  Renato > este parágrafo que o JP trouxe … ah … vou colocar no Aporia 2 !

                  Deleuze é apaixonante por causa disto : O Filósofo do Desejo ! da Multiplicidade !

                  Chega de filosofias catatônicas !

                  Chega de zumbizismo !

                  bj
                  Fy

                  Comment by Fy — 16/02/2012 @ 1:01 PM

              • Acredito que a humanidade mudou muito. Vivemos sobre pressão. Somos exigidos o tempo todo. Temos que ser jovens a vida toda, precisamos ser bem sucedidos em todos os campos da nossa vida. Isso gera um grande stress, ansiedade( e todas as doenças trazidas com ela). Portanto, o fato da psiquiatria e da psicologia ter se voltado para os “normais” não se dá devido a própria necessidade das pessoas.

                Abs, Pedro.

                Comment by Pedro — 15/02/2012 @ 4:51 AM

                • Pois é… Pedro, mas sabe, eu não me lembro, de verdade , de ter estudado ou lido “alguma época” da nossa historia em que não pudessemos usar esta mesma expressão : ‘pressionados’.

                  Eu acho q cabe a nós, um pouco de exercício pra esta massa cefálica tão prolixa e criativa . Afinal de contas, com tantas possibilidades, o Discernimento, a Escolha, o Esforço em direção a nossos planos, não podem ser substituídos por diagnósticos ou entorpecentes . E muito menos serem vistos sempre como negativos, desgastantes, “pressionantes” .

                  Se agente parar e pensar … credo, que coisa mais lambisgoienta esta de estar sempre atrás de um cansaço qualquer, seja do corpo, da mente, do dia-a-dia…. que desculpe a nossa falta de interesse pelo que é real – pelo caminho do acontecer .

                  Eu acho mto legal alguem que possa se afirmar bem-sucedido … pra si mesmo. Ou alguem q esteja em busca “deste” sucesso . De acordo com suas tendências, com seus sonhos, seus parâmetros, enfim, – claro q às vzs pode parecer mais difícel, uma força a mais é solicitada, uma puxada forte na Vontade, mas… é tudo por conta do Vale a Pena .

                  Esta coisa toda de passar a vida toda correndo atrás de fantasmas escondidos no inconsciente, complexos e esquisitices – q nunca passariam pela nossas mentes se elas estivessem ocupadas com o que é saudável e real , – pra mim : é pra quem foi engolido pela amargura do não sonhar. Ou do não desejar.

                  – Great things are not accomplished by those who yield to trends and fads and popular opinion.
                  Jack Kerouac

                  bj
                  Fy

                  Comment by Fy — 16/02/2012 @ 12:34 PM

              • que se fechou em si mesmo e sofreu um ensimesmamento cronificador, produzindo ilusões como a de ser o único saber legítimo e universal.

                hahahaha > Psicologia – Psiquiatria… e Religião ! … ondeando : qq ismo > incluindo politiquismo !

                bj
                Fy

                Comment by Fy — 16/02/2012 @ 1:03 PM

                • “Esta coisa toda de passar a vida toda correndo atrás de fantasmas escondidos no inconsciente, complexos e esquisitices – q nunca passariam pela nossas mentes se elas estivessem ocupadas com o que é saudável e real , – pra mim : é pra quem foi engolido pela amargura do não sonhar. Ou do não desejar.”

                  Muito interessante, Fy. Mas, na prática, me pergunto se todos têm ou podem ter consciência de que estão “correndo atrás de fantasmas no inconsciente…” .
                  Percebemos isso sozinhos? Ou precisamos de um norte, uma ajuda para percebermos isso.

                  Abraço, Pedro

                  Comment by Pedro — 17/02/2012 @ 2:56 AM

                  • Hi Pedro, veja bem,

                    Não pense q eu possa estar menoprezando a sensibilidade ou o imensurável grau de sensibilidade do ser-humano. Cada um de nós possui uma maneira infinitamente particular de sentir, de reagir e manifestar .
                    Ninguem melhor que o Thomas expos ‘a diferença’ , neste post do Lèvy.

                    /

                    Mas… tb sou incapaz de minimizar a capacidade de cada um de nós.

                    /

                    E é justamente apontando o contrário , justamente evidenciando esta particularidade de cada um, que Deleuze , Guattari e cia. criticam tão ferozmente a padronização ou esquematização dos diagnósticos “ psicológicos ” ou “ psiquiatricos” absolutamente técnicos e estigmatizantes.

                    /

                    Existe um folderzinho do Freud > q eu ñ tenho a menor idéia se foi escrito mesmo por ele , q diz : – às vezes … um cigarro é apenas um cigarro . –

                    /

                    E eu, sinceramente acho que ninguem está correndo atrás de fantasmas… antes que alguem o convença de que está. Ou que pague pra ser convencido por este ou outro absurdo .
                    Não estamos falando de esquizofrenia. Mas, podemos falar… – eu não acredito que estejamos discutindo isto, e sim pessoas que buscam um determinado auxílio que, na opinião dos autores do texto, está engessado em teorias que satisfazem outros contextos que não o comportamento humano real .

                    /

                    Ficar triste, por exemplo > não é estar com Depressão.
                    Não passar no vestibular, nem sempre é culpa do sistema : vc pode não ter estudado o suficiente…
                    Ganhar mal, nem sempre é culpa do Capitalismo … – pode ser falta de esforço, de vontade , de ousadia – enfim, mesmo sem minimizar fatores decorrentes de tudo o q citei, é bom lembrar que nem sempre a culpa é…… do outro. e por aí, vai …

                    /

                    Qtas pessoas são conduzidas ao labirinto de um tal inconsciente deprê e assustador, que nem imaginavam que tinham, ou “recebem” de presente um tesão absurdo pela mãe aos 4 anos, como justificativa por terem um período de desânimo, uma raiva [ que bem pode ser construtiva , uma vez direcionada corretamente ] – uma preguiça… – algo que talvez um pouco de atenção, carinho, ou qualquer outro estímulo, mesmo que mais provocador fossem suficientes pra que avançassem, em sua busca interior ou exterior ?

                    /

                    Pior … , na real , no dia-a-dia, no desenvolver da vida… – o que que elas fazem com este inconsciente … ou com os fantasmas… encontrados ? hahaha
                    Isto sem falar em selfs divinizados, árvores de papel, malabarismos egóicos ou sonhos reveladores…. do que nunca se viveu ?

                    /

                    [ ah… eu conheço gente que passa ano… entra ano … e continua nesta montanha russa : esganando egos… pulando em abismos hebraicos…. – sem entender patavina – meditando e meditando esperando que o corpo se desmanche no nada… e comece a brilhar “iluminadamente” qdo a mente…. atingir um nadismo… catatônico…. : que não sente , não deseja… e não sofre…. não chora e nem ri ]

                    /

                    Eu prefiro um “inconsciente” “produtor” , sonhos que sejam sonhos, mesmo que pesadelos, e sobretudo prefiro dispor de minhas emoções como elas são, permitindo que tudo isto se transforme, ou vá, naturalmente, me contando quem eu sou . E não que sejam “sintomas” que me “enquadrem” em alguma síndrome curável com esta ou aquela droga; ou num monólogo , ao meu ver, frustrante , com um psicólogo…. deslumbrado por Freud … ou por Jung. … …

                    /

                    Um bom exemplo foi aquela série in Treatment … que não me dizia nada … e nem pra nenhum paciente … – apesar do excelente protagonista . http://en.wikipedia.org/wiki/In_Treatment

                    /

                    [ Prefiro o Pearl … hahahaha ]

                    Bj
                    Fy

                    Comment by Fy — 17/02/2012 @ 11:43 AM

  5. na levada do Billy… ou quase…

    “There must be some way out of here,” said the joker to the thief

    “There’s too much confusion, I can’t get no relief
    
Businessmen, they drink my wine, plowmen dig my earth

    None of them along the line know what any of it is worth”

    “No reason to get excited,” the thief, he kindly spoke
    
”There are many here among us who feel that life is but a joke
    
But you and I, we’ve been through that, and this is not our fate
    
So let us not talk falsely now, the hour is getting late”

    All along the watchtower, princes kept the view
    
While all the women came and went, barefoot servants, too
    Outside in the distance a wildcat did growl

    Two riders were approaching, the wind began to howl

    beijo a todos
    tio Guz

    Comment by Gustavo — 10/02/2012 @ 11:32 PM

  6. Oi pessoal, muito bacana este lance das sensações. Janelas do corpo, percepção. Eu lido com isto todos os dias, trabalho com Educação, crianças, e tenho muita paixão pelo que faço. Este é mais um post super relevante em minha áea! Em um recente artigo, Paul van Geert (1998) argumenta, em favor do estabelecimento de uma ciência do desenvolvimento, uma transição no desenvolvimento do campo. Porém, ele pensa que a nova ciência do desenvolvimento deve ser modelada em concordância com o trabalho de seus fundadores: Baldwin, Piaget, Vygotsky, Werner.
    “O que é mais notável nos trabalhos dos fundadores é que eles acreditavam que explicação para as causas de desenvolvimento estão “dentro” do processo de desenvolvimento. O desenvolvimento é um processo que incorpora e transforma um grande número de processos e influências que têm, cada um, origens, leis e formas particulares, e os integra em um fenômeno que é mais do que somente a soma das partes. Isto é, o desenvolvimento integra a condição biológica de crescimento e mudança com as influências socioculturais externas, suporte social e educação, com as atividades, motivos e metas do próprio sujeito, com as propriedades formais, estruturais e históricas dos conteúdos e habilidades que se tornam parte do equipamento mental e comportamental do sujeito.” (van Geert, 1998, p. 144)
    Gostei, beijo, Marília (filha da Sofia)

    Comment by Marília — 11/02/2012 @ 12:56 AM

  7. Oi gente bonita!
    amei tudo. Eu “acho” que este post nasceu numa última conversa que tivemos sobre budismo, alienação, etc numa das últimas aulas. Bahhhh…. Janelas do Corpo, pra começar é lindo. E, me digam, a dança não é justamente a maior expressão de nossa capacidade de expressar as sensações absorvidas pelos sentidos?
    Claro que desvalorizar isto é desvalorizar a vida, o estar-vivo.
    Olha o que eu fui lembrar, ahahahahahaha:

    bjitos da Carol

    Comment by Carol — 11/02/2012 @ 1:11 AM

    • Claro que desvalorizar isto é desvalorizar a vida, o estar-vivo .

      – claro que é !

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 13/02/2012 @ 1:47 PM

  8. Fy, como vai? (:

    Antes de mais nada, minhas sinceras desculpas por meter a colher sem mesmo ter lido Guattari.

    O transcendente do mundo talvez sempre tenha sido a grande aporia do intelecto selvagem por que ele é demasiado simples, a complicação surge na medida que nós nos vemos interagindo com o que quer que seja. Repare que ninguém tem interesse de ir buscar qualquer coisa ou qualquer definição fora do próprio campo de ação; as forças que me movem, apesar de cegas e manipuláveis, não vão muito longe quando se trata de entender pelo que o mundo é, por que vias ele se tornou possível. Muitos senhores bem mais capacitados do que eu, no dínamo do furacão, postularam diversas idéias e ideais, e a maioria acaba contrariando umas as outras, linhas de pensamento totalmente opostas, especificamente sobre esse tema, Transcendência e Imanência.
    Veja bem, eu, sentado no chão, digitando essas coisas, em um preciso momento histórico e empírico, realizo que nesse mundo(ainda sem solução) existem e me rodeiam diversas pessoas, e que na totalidade do mundo, não há uma pessoa que cometerá os mesmos atos que eu. A princípio o que fazemos em comum é respirar, comer e evacuar, ou seja, o privilégio de vida. O que vem a ser, o que difere, o que complica, Fy, é o toque humano. Por algum motivo o toque humano transcende a humanidade como a pensamos hoje, isso por que cada humano que vive é tão complexo, tão intrincado que deve ser considerado como UMA entidade. De tal forma que não há um mundo cujo o qual desconhecemos as vias que o torna possível, mas sim bilhões de mundos. Que ainda sim desconhecemos as vias do vir-a-ser. Me perdoe a licença poética, mas grande aporia é concentrar esses mundos em um universo. Simplesmente não cabe uma coisa na outra, não existe um universo tão vasto.
    Aquela pessoa, que vive no Japão, que eu não conheço, mas que se matou por que não conseguiu uma vaga numa universidade, que desonrou os pais e etc, tem uma base intelectual, uma psique, tão diversa e tão inconcebível para mim como a minha é para a dele. Mas veja, esse é um exemplo envolvendo dois seres humanos, agora imagina um exemplo envolvendo seis bilhões de seres humanos. Taí, o toque humano que impede a apreensão transcendente.
    Mas que ao mesmo tempo transcende qualquer humanidade.

    Não sei se me fiz claro, mas para não perder pelo menos o humor da coisa: uma citação de Schopenhauer:
    “O que resulta, todavia, em nada”

    Talvez sim, talvez não.
    Talvez o mundo não seja feito
    Talvez nada seja feito.
    Um relógio sem artesão.

    Seu sempre muito confuso,
    Thomas

    Comment by Thomas — 11/02/2012 @ 8:56 AM

    • Eu vou com saudades tuas, sumido!

      – Por algum motivo o toque humano transcende a humanidade como a pensamos hoje, isso por que cada humano que vive é tão complexo, tão intrincado que deve ser considerado como UMA entidade. De tal forma que não há um mundo cujo o qual desconhecemos as vias que o torna possível, mas sim bilhões de mundos.

      Que ainda sim desconhecemos as vias do vir-a-ser. Me perdoe a licença poética, mas grande aporia é concentrar esses mundos em um universo. Simplesmente não cabe uma coisa na outra, não existe um universo tão vasto.-

      … ou fixar em uma síntese, ou numa teoria ! Como “fixar” bilhôes de fluxos que se atravessam, se interrompem, se misturam…. – vc tem razão… é muito mais q humano…. > mas ainda é o mundo. E eu acho que a dificuldade toda está mais num nível de incompreenção do que significa “um universo” . Como vc disse são milhões. E ainda assim “é” o mundo. Taí, no meu entender o gde engano . ou talvez um medo enorme desta variada , heterogenea , veloz e mutável amplidão.

      A mim : apaixona.

      Vc foi completamente deleuziano… guattariano…. neste comment.

      E, sabe, como diz o Caio Garrido, vc tem é q escrever mais ! mto mais. Bem assim… “confuso”, como vc diz, hahahaha

      Talvez o mundo não seja feito
      Talvez nada seja feito.

      Eu acredito nesta diversidade de fluxos… constante e híbrida … formatando agoras… desiguais… agoras , fecundadores de outros fluxos.

      bj

      [ este seu comment merecia um post! ]

      Fy

      Comment by Fy — 13/02/2012 @ 1:38 PM

  9. Nossa, este post tá mto bom ! Nem pensei q iriam surgir estes baita comments geniais. Mas eu to dormindo em cima do teclado, aqui. Amanhã eu respondo tudo!

    bjs
    Fy

    Comment by Fy — 13/02/2012 @ 1:50 PM

  10. Ontem: Simplesmente são 203 anos para o aniversariante mais célebre de hoje, Charles Darwin. Todo dia 12 de fevereiro, comemoramos no mundo todo o Darwin Day, uma celebração sobre Evolução, Ciência e Humanismo.http://scienceblogs.com.br/marcoevolutivo/2012/02/12/feliz-dia-de-darwin-2012/
    beijjjoooosss Feliz Carnaval!!!!!!!!!!!! 🙂

    Comment by Adriana — 14/02/2012 @ 2:27 PM

    • Legal! Não sabia que eu era “xará” de aniversário do Charles Darwin…hehe

      Um vídeo para o Charlie e para mim:

      😀

      Comment by billy shears — 15/02/2012 @ 1:25 PM

      • Ah…. meu irmão em AquÁrio !

        Um mundo felicidades ! Lindo como as músicas que vc sempre trouxe !

        Gde beijo !

        Fy

        Comment by Fy — 16/02/2012 @ 12:08 PM

        • Valeu, Fy!

          Tudo de bom pra você também!

          E falando em música…rs…uma que tenho escutado muito no som do carro esta semana:

          Beijos

          Comment by billy shears — 17/02/2012 @ 2:25 PM

    • Oi Adriana, adorei o blog!

      Darwin só podia ser Aquariano !

      Gde notícia. – eu não sabia !

      bj

      Fy

      Comment by Fy — 16/02/2012 @ 12:35 PM

  11. Abração aê Billy, quase no carnaval!
    João Pedro

    Comment by João Pedro — 16/02/2012 @ 8:16 AM

    • Valeu, João Pedro!

      Pois é, enquanto alguns somam primaveras, eu vou somando carnavais…hehe

      Um Abração pra você também!

      Comment by billy shears — 17/02/2012 @ 2:30 PM

  12. Fy, cadê o novo post? Tô esperando…. hehehe

    Adoro esse blog.

    bj

    Comment by Luciana — 02/03/2012 @ 5:08 PM

    • Taí!

      Oh Luciana, adoro que vc adore. Eu só estava descansando um pouquinho , dando uma olhadinha no mundo …. é sobre ele q eu gosto de escrever.

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 16/03/2012 @ 2:17 AM


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