windmills by fy

07/06/2010

A cigarra e a Formiga por Marques Patrocínio

Filed under: Uncategorized — Fy @ 10:10 AM

 

 

 

 

 

 

 

Outro dia , ondeando no Epistemonike , li um comentário em algum post do Lúcio , que me chamou a atenção .

Cliquei no nome do autor e , como era de se esperar , encontrei outro grande pensador.

 

 

 

 

Já fazia algum tempo que eu queria publicar um de seus ensaios , mas agora , acho que este que escolhi ,

se encaixa tão bem neste ritmo gostoso dos últimos  posts ,

onde a Estagnação e seus males  são engolidos por uma  onda de mentes

que tomam para si o papel de conduzir sua Arte , e a Arte de forma geral,

de forma a exprimir um mundo em franca evolução ,

chacoalhar os conceitos  ilógicos que nos rodeiam ,

libertar-nos de mimetismos artificiais , projetando novos horizontes ,

novas interpretações , enfim ,  enriquecendo  nossas mentes  ao invés de adestrá-la .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Voilà , – passeando em La Fontaine ,

                                                  Marques Patrocínio  :

 

foto bco la fontaine

Vodpod videos no longer available.

 

 Vejamos   :

 

 

 Tendo a cigarra cantado durante o verão ,

Apavorou – se com o frio da próxima estação .

Sem mosca ou verme para se alimentar ,

Com  fome ,  foi ver a formiga , sua vizinha ,

Pedindo – lhe alguns grãos para agüentar

Até vir uma época mais quentinha !

–  “ Eu lhe pagarei ” , disse ela ,

–  “ Antes do verão , palavra de animal ,

Os juros e também o capital . ”

A formiga não gosta de emprestar ,

É esse um de seus defeitos .

“ O que você fazia no calor de outrora ? ”

Perguntou – lhe ela com certa esperteza .

–  “ Noite e dia , eu cantava no meu posto ,

Sem querer dar-lhe desgosto . ”

–  “ Você cantava ? Que beleza !

Pois , então , dance agora ! ”

 

 

 

 

Alguns atribuem essa aberração – narrativa ,   a Esopo , – errônea atribuição ,

La Fontaine se aproveitou de um antigo conto infantil para doutrinação judaica

onde a única alteração foi a substituição da personagem gafanhoto pela cigarra . 

 

 

A moral transmitida nessa fábula não é outra senão a moral bíblica do antigo testamento ,

inclusive a fonte da própria fábula pode ser encontrada no Livro dos Provérbios.

“ lekh-el-nemala atsel ree derakheiha vakhakham : ”

“ Vai , ó preguiçoso , ter com a formiga , observa seu proceder e torna-te sábio : ”

[Livro dos Provérbios 6:6]

 

 

 

A cigarra representa toda a criatividade e expressão artística no humano

enquanto a formiga toda a dependência fisiológica de ordem , planejamento e organização .

Até esse ponto de separação não haveria problema algum nessa fábula ,

uma vez que um equilíbrio entre essas duas personagens se faz necessário para a sobrevivência ,

não só arte e não só necessidade , mas um conjunto de equilíbrio entre as duas ;

 

 

O problema é que a moral dessa fábula extirpa a criatividade artística   ( A cigarra )  

em detrimento a resignação ao sistema  ( A  formiga ) ,

com esse  “ não cante ”  e  “ trabalhe ” :  é imposta à criança a moral da alienação ,

tudo o que fugir do padrão geral deve ser morto .

 

 

A criança necessariamente é levada a identificar-se com a formiga ,

e assim seu futuro estará garantido ,

contudo uma vez que a representação desse modelo foi assimilada pela criança

dar-se-á  a construção de um sujeito sórdido , alienado , mesquinho , ignorante e pedante ,

 

e  o  porquê  disso  ?

Simples : a formiga é tudo isso .

 

 

 

 

 

Recordando, na fábula a cigarra morrendo de fome no inverno ,

implora à formiga que lhe dê um pouco da comida que acumulou durante o verão .

A formiga pergunta o que a cigarra esteve fazendo durante o verão .

Ao saber que a cigarra cantava e não trabalhava , a formiga rejeita seu pedido dizendo :

“Como você pôde cantar todo o verão , pode dançar todo o inverno ” .

E a cigarra morre de fome .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa é a figura que uma criança é levada a tomar em exemplo por toda a vida ,

esse exemplo irá se manifestar principalmente no adulto , é errado apreciar a vida .

Agora , o que a cigarra fez de mau ou ruim para merecer morrer de fome segundo essa moral ?

 

 

 

Cantou , manifestou a criatividade e a virtude da arte ,

apreciou a vida e se deleitava no prazer de sua canção .

Vodpod videos no longer available.

 

 

 

 

 

Matem todas as cigarras dita a moral dessa fábula que com os séculos se tornou a moral comum ,

acumulem bens ,

pois não se sabe o dia de amanhã

e depois : 

http://cultodesophia.wordpress.com/ 

 

 

 

 

 

 

 

 – e mais . . . – uma deliciosa leitura :

 

Texto :

Marques  Patrocínio

http://cultodesophia.wordpress.com/

Musica :

Fucked Me Right Up   >  Sean Hayes

 Vanessa Paradis & -M- “La seine”

by  Fy

 

 

 

 

 

25 Comments »

  1. Bom, para registrar, tenho aqui um livrinho de uns 8 por 5 centímetros, em alemão, de histórias infantis, todo gravurado. Nem quero imaginar como ele foi parar em casa. Struwwelpeter

    Um dos contos fala de um menino que chupava o dedão, contrariando o que sua mãe diz. Quando de supetão aparece um homem com enormes tesouras e lhe corta os dois dedões. Interessante é a gravura que mostra o menino com uma cara triste e suas mãos com quatro dedos.

    Outra é a história de um menino gordo(Kaspar) que não queria comer sopa. A cada página, uma gravura. A cada gravura, um menino mais magro. Na ultima gravura, uma lápide e uma panela de sopa ao lado.

    A bizarricie é imensa, e muito mais direta.

    Comment by Thomas — 07/06/2010 @ 12:07 PM

    • Thomas, é muito bizarro sim.

      Eu, detesto coisa bizarra.

      desde pequena.

      Salvador Dali, me dá tontura.

      Bjs

      Comment by Fy — 08/06/2010 @ 2:20 PM

  2. Ok… concordo… mas talvez as fábulas não sejam meramente uma doutrinação…

    Mas um pedacinho escuro e triste da alma humana na qual torcemos pelo infortúnio alheio como forma de reconhecimento de competência.

    Comment by Anarcoplayba — 07/06/2010 @ 1:57 PM

  3. Mas um pedacinho escuro e triste da alma humana na qual torcemos pelo infortúnio alheio como forma de reconhecimento de competência.

    Boa Anarco.
    ………………………………………………………………

    Eu e um amigo acabamos de conversar sobre o Homer, parece que foi eleito o personagem mais pop da nossa geração…
    Tem uma frase dele que meu camarada me lembrou: A culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser.
    Abraços pessoas.

    Comment by Elielson — 07/06/2010 @ 11:59 PM

  4. Moralismos e culpas e bizarrices,

    Nada como ser de plástico, tudo o que é humano é imorallll, engorda , faz mal:

    Dennis tô fora

    Comment by Dennis — 08/06/2010 @ 12:26 AM

  5. Excelente texto, Fy.
    Entre uma porção de textos excelentes do mesmo autor. Dei uma olhada ontem e recomendo.

    Senacional a lembrança do Dennis.
    Me lembra um trabalho do Millôr Fernandes e volto já já pra falar sobre isto. Por enquanto, é interessante lembrar que este texto-musica do Raul é o que se conhece como PARÓDIA.

    E esta musica do Roberto Carlos, além de Paródia: uma crítica ao estagnado, ao que não se REESCREVE: ao que não se atualiza e, mantém a imobilização que oprime com o intuito de disseminar CULPAS: (com certeza voces nem lembram ou conhecem, mas recomendo também que a ouçam)

    As fábulas são uma fonte de inspiração tanto para a ESTILIZAÇÃO quanto para a PARÓDIA.

    Esta fábula de La Fontaine, como bem disse o autor do texto, é uma ESTILIZAÇÃO de um texto bíblico: basta ler a biografia de La Fontaine e a época falsamente moralista em que foi escrito.

    Estilização: CONSISTE EM TECER OUTRO TEXTO COM OS MESMOS ESTILÍSTICOS QUE REGEM OUTROS ANTERIORES , SEM QUALQUER NECESSIDADE SUBJACENTE DE ANTAGONISMO.

    Paródia: UM TEXTO QUALQUER QUE SE CALÇA SOBRE ANTERIORES PARA IMITÁ-LOS ENQUANTO TRAÇA-SE NUM SENTIDO TOTALMENTE DIVERSO, FORMANDO UM VERDADEIRO ANTAGONISMO SOB A CAPA DA IDENTIFICAÇÃO.

    Pessoal, este post promete , vou me organizar e já volto.

    Abraços

    Tio Gus
    (Fy, enchi de espaços, ficou melhor, pretendo…)

    Comment by Gustavo — 08/06/2010 @ 3:02 AM

    • Sabe Gus , o que voce me fez lembrar? Da Estèes; e das Mulheres que correm com os Lobos.

      Ela conta e explica exatamente o q vc , o Patrocínio, o Thomás, estão colocando. Uma série de moralismos, critérios, conceitos , assustadores ou não, que vão modelando, criando expectativas, medos, falsos limites, enfim.

      Se organiza e volta.

      bjs : queremos mais.

      Fy

      Comment by Fy — 08/06/2010 @ 2:54 PM

  6. Por algum acaso… fiz voces se recordarem de alguma coisa?

    hahaha…

    tio Gus

    Comment by Gustavo — 08/06/2010 @ 3:04 AM

  7. Fábulas… paródias … sátiras …

    Melhor que Saramago, hoje, acho dífícel.

    Ele nada mais é que um paradiador de fábulas judaico cristãs, tendenciosa e prejudicialmente tomadas como referências morais e hoje em dia, psicológicas como estamos assistindo.

    No caso da Paródia, ou do Humor: RIR não é o melhor remédio E SIM um desafio à Realidade Restritiva e, na maioria das vezes Opressiva.

    Neste caso, o riso é uma arma para ultrapassá-la, transformá-la: é um riso indignado se nos mantivermos no encalço de Freud .

    De onde vem a violência? Da mímica, diz René Girard, do medo: quando todos desejam o mesmo, acende-se a guerra de todos contra todos, nada temos para contar senão a inveja odienta, nada em que militar para além do Mal.

    Utilizando tudo isto, ciente de que a exposição dos bons sentimentos é fastidiosa, mentirosa,Saramago faz do conhecimento do Mal, da sua rotina ancestral, o pretexto de Caim.

    Sabedor de que qualquer narrativa exige uma fuga à repetição, até a narrativa divina/ou sobre o divino, pelo que, sucessivos acontecimentos conduzem, inevitavelmente, à quebra da monotonia.

    A leitura de Caim seduz, agente faz sorrindo, por conhecermos o que subjaz ao texto, a “singularidade” interrompe amiúde a generalidade.

    É um facto que o Criador do mundo fala e as coisas aparecem;

    José Saramago, pelo seu lado, enquanto criador: manipula o contexto como entende,

    ciente de que o primeiro capítulo do “Genesis” não poderia durar, a criação bíblica também se desembaraça de sua tarefa, não bastaria a repetição do performativo da palavra divina: fiat, fiat… : Vocábulo que, omnisciente de redundância, perderá o seu poder soberano, quando… uma “mulher” decide contornar o proibido: para que uma qualquer narrativa comece, é necessário que uma informação rara entre no seu canal, desviando-a da primazia da necessidade. Ou seja… Eva ficou mais importante do que o Fiat pra cá e o Fiat pra lá. sacou?

    Desde logo iniciando o “contencioso”, Caim ousa o diálogo com o Criador.

    E por criticar a crueldade de quem tudo pode e não evita nem protege…, esquiva-se à própria culpa. – Milhões de assassinos seriais cumprem a vontade “divina” nas bizarras distorções mentais em que se movimentam.

    Caim matara Abel: o assassinato entre irmãos ocorre, afinal, da nascente do pecado original, do Éden, do Paraíso, do começo do drama humano do Conhecimento, impossibilitando a invocação da inocência.

    Se denunciarmos, continuamente, a primazia da crueldade no mundo, viver-se-ia, na ilha do Éden, relembremos, como que numa floresta arcaica, em que o animal teria de matar para não ser morto, devorar, em vez de ser devorado: no início, imperariam leis animais.

    Será esse mundo, de perseguidores e perseguidos, que Eva conhece e recusa, num movimento melancólico, desesperado, trágico: para evitar matar, contenta-se em morder uma maçã, perde assim a inocência dos outros seres vivos: assassinos impecáveis.

    Nas muitas andanças de Caim pelo espaço-tempo, tão depressa como avistara a torre de Babel e assistira ao seu desabamento, por soberba divina (o Criador detestaria que os homens se entendessem, perderia a ascendência) como pasmara diante da queda de Jericó, e também com a destruição de Sodoma e Gomorra, Saramago então estabelece um diálogo, ocasionalmente,entre ele e o Criador Supremo transfigurado em comum mortal, uma metamorfose de Deus/Zeus, no futuro, rodeado de anjos sem asas: para se não comprometerem, embora isto não iluda o astuto assassino de Abel.

    Em determinada altura, abraçando Lilith, após dez anos de ausência, Caim é um errante forçado, confessa temer vir a ser “o escolhido”, embora receando que Deus estivesse demente, não em resultado da loucura autêntica, mas de maldade pura.

    O mal seria para os demónios, considera. Noutro momento, afirma:

    -Seja como for os inocentes já estão acostumados a pagar pelos pecadores.

    Que estranha ideia do justo parece ter o Senhor… –

    Logo, Caim, um prevaricador, assume o estatuto de censor, muito capaz de, no futuro da ação da história do mundo, sem atraiçoar a sua natureza, mandar cortar a cabeça do mensageiro ou do “pomo da discórdia”, seja quem for…

    Ele notava a infâmia no próximo, escondia a própria falha , num ato reiterado de cínica humildade:

    «Sou apenas Caim, aquele que matou o irmão e por esse crime foi julgado…Mas a responsabilidade foi dele».

    E Lilith, redundante: «Ora, se não tivesses matado Abel não estarias aqui»…

    …acabaria por partir, condenado à deambulação, montado na mula (que seria das narrativas satíricas, ainda que bíblicas, sem um jumento…),

    e, enredado já num outro devir, surge logo no capítulo seguinte, quando avista as terras de Job, rico, imensamente rico,e confidenciavam os matreiros anjos sem asas, avistados já noutra ocasião. E… prontamente o reconhecem:

    «Chamas-te Caim… Estavas em tal parte…temos boa memória, eu e o meu colega somos anjos do senhor…se não praticarmos o bem quem o fará?»

    E puseram-se a contar-lhe segredos, não sem tê-lo obrigado a jurar que nada revelaria a ninguém.
    E disseram-lhe:

    «Há dias, entre os anjos da corte celeste reunidos perante o Senhor, estava lá Satã. Perguntando-lhe Deus por onde andara, respondera que fora dar umas voltas pela terra:

    – “Reparaste em Job? Não há outro como ele no mundo, bom e honesto, religioso, nada faz de mal…”

    E logo ali o desafia o Senhor a que o experimentasse (dando continuidade à velha cumplicidade),

    tudo o que Job possuía estaria à sua disposição, dele, Satã, menos a sua pessoa…»

    Conhecemos o episódio.

    E mais uma vez conclui Caim, pelo narrador, que os desígnios de Deus são inescrutáveis.

    «Nem nós, anjos, podemos penetrar no seu pensamento…»

    O assassino de Abel confessa estar cansado da lengalenga:

    «Deus não nos ama…», desabafa.

    Contrapuseram os anjos:

    «Cuidado, Caim, falas de mais, o Senhor está a ouvir-te e tarde ou cedo te castigará…»

    Na aventurosa vida de Caim, por José Saramago – e em livro anterior – pode encontrar-se como que a projeção de Rabelais, na forma cruel e terna de encarar o mundo, na exuberância, comicidade de situações, atento à imaginação popular, ao espírito medieval, noutras situações, ambos privilegiando a sátira religiosa.

    As reflexões de Caim, afinal um exegeta (intérprete , crítico) de Deus, a quem acusa de ter-lhe devorado o espírito, num ato selvático espiritual, merecem ser fruídas com total entrega, de tal se encarregará o texto, além de continuar atual a querela entre o Bem e o Mal, que percorre o tempo.

    Abraços e beijos,
    (tio) Renato

    Comment by Renato — 08/06/2010 @ 5:46 AM

  8. Quando eu era pequeno a fábula do Patinho Feio, me horrorizou. Infeliz a prof que contou esta historia. Sádica. A forma como ela enfatizava todo aquele sofrimento, e tentava colar na cabeça da criançada que aquele calvário horrível era a causa de sua beleza ou a fórmula mágica pra um pato virar cisne.Puro jesusismo.É o que a Fy se debate qdo escutou aquele discursinho barato sobre individuação tipo câmara de tortura da inquisição.

    Então posso fazer um gancho aqui, com a fábula do Patinho feio e o filme O Estranho no Ninho.
    (One Flew over the Cuckoo’s Nest : alguem voou sobre o ninho do Cuco.)

    Jack Nicholson, puta desempenho, por sinal, no personagem R.P. McMurphy vai parar numa clínica psiquiátrica por fingir-se louco para evitar ser preso numa penitenciária. Só em fazer isso, já não é algo normal he he he . A ignorância faz a vítima, dizia meu avô, e é verdade.

    O “patinho feio” – Jack Nicholson, o diferente, o único normal , cai de paraquedas num ambiente dominado pela enfermeira Ratched; (isto te lembra alguma coisa, Fy? hauhauhhauuahhauuah)) dona de um semblante entristecido e sádico, talvez adquirido pelo ambiente, vai saber-, e que mostra que nessa “selva” a lei é a do mais forte.
    Mas, qual outra lei existe, na verdade?
    Todas as outras leis surgem dessa máxima.
    Aliás, um parênteses, as leis jurídicas existem porque temos o Forte e o Fraco, onde o Fraco precisa ser, ao menos perante os Homens, posto em igualdade através da sociedade.
    É uma queda de braço onde só vence o melhor!
    Sabemos, no entanto, das artimanhas utilizadas numa clínica: as punições, a restrição da liberdade, a hierarquia do normal como superior ao anormal etc, fazem com que as chances de sobrevivência mental nesse mato sem coelho sejam ínfimas.
    Exatamente como na fábula, depois de tanta desgraceira , não venha me dizer que o Patinho Feio vira uma fênix esplendorosa sem seqüelas que isto é conversa pra boi dormir.
    Outra alusão ao Calvário. Como se as vítimas de torturas e outras agressões psíquicas , físicas ou morais não sequelassem suas vítimas.
    Caso fosse o contrário, existiriam clínicas de tortura produzindo Einsteins ou Sagans por aí a fora. Não haveria motivo para lutarmos pelos direitos humanos, estaríamos todos numa Índia apodrecida pelo desinteresse humano.
    A verdade do filme é que quem vence, realmente, é o melhor. O mais forte, o mais estratégico… nem sempre as estratégias ficam às claras, elas podem ser mudas e surdas, mas é preciso estar “inteiro” , alerta pra encarar. Isto sem frescuras que não passam do papel.
    É preciso uma interação especial com o mundo, um fazer parte de sua linguagem pra sobreviver nele e com ele. Tá mais que na hora disso ser lembrado.
    Esquecer que o a moral está no papel e passar a viver a moral possível, a moral verdadeira, aquela que o mundo nem conheceu ainda. “Quem tá vivo quer comer”. Fodíssima esta musica. Quem tá vivo precisa de uma porção de coisas além de uma sopinha virtual de letrinhas que adormecem o corpo e deixam a pessoa num transe patético que disfarça, mas não tira a fome de ninguém.
    Absurdo: Aqui o termo Absurdo se refere ao Absurdo Filosófico (em letra maiúscula por se tratar de um conceito para além do senso comum), que consiste, basicamente, em um estranhamento na relação entre o Homem e o Mundo.

    Beijo Fy,

    Abraço aê

    TocaYo

    Comment by TocaYo — 08/06/2010 @ 8:40 AM

    • Já que o Patinho Feio foi trazido à baila, n vou resistir:

      Fábulas de Escopo.

      Comment by Anarcoplayba — 08/06/2010 @ 9:07 AM

      • vc não resiste e eu vou roubar pra mim.

        Bj

        Comment by Fy — 08/06/2010 @ 1:54 PM

    • Pois é,

      ô menino, você nunca conseguiu ser feio.

      Se eu tô mentindo, alguem me desminta.

      É preciso uma interação especial com o mundo, um fazer parte de sua linguagem pra sobreviver nele e com ele. Tá mais que na hora disso ser lembrado.

      e, vc sabe que aprendo mto disso com vc.

      bj

      Fy

      Comment by Fy — 08/06/2010 @ 1:56 PM

  9. Por esse sangue que eu ora derrubo – e vez um corte em sua pequena mãozinha – eu juro que nunca mais vou permitir que os outros tomem o controle da minha vida. Mestre, tome-me como seu discípulo!”

    Puta post! Anarco. verdadeiro.

    Me lembra alguem que sangrou pra caramba, mas ninguem controlou sua vida ou sua verdade.

    Abração aê.

    TocaYo.

    Comment by TocaYo — 08/06/2010 @ 10:57 AM

    • É isso aê!

      bom ler alguma coisa “de verdade” : que não seja nem proselitismo nem repetition.

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 08/06/2010 @ 1:51 PM

  10. Muito bom o post do Anarco, hehehe patinho feio… tem uma idade que nós homens ficamos assim, meio desconexos, perdidos, orra como faz falta um mestre assim.
    Fy, vou colocar um lance aqui, uma fábula aqui, não tenho idéia de quem é, mas conheço isto e acho que encaixa no tema:

    Conta-se que uma cobra vivia próximo de uma joalheria.

    Certa vez, morta de fome, entrou ali, procurando restos de comida, nada achando, poê-se a roer desesperadamente uma lima.

    A lima então lhe diz: que pretendes, infeliz?

    Não vez que sou feita de aço? E que assim, sem mesmo me prejudicar, você estará prejudicando a si mesma?

    Percebe que logo não terá dentes para usar, e eu continuarei assim a mesma?…

    Essa história fala daqueles que só sabem criticar, nada além…

    A tudo e a todos “mordeis”, imprimindo marca revoltante do nada que és, até mesmo em obras primas.

    Será que podeis roer essas “limas”? Elas são de aço, bronze e diamante.

    ————————-
    Os bens íntimos que adquirimos são de posse definitiva; portanto ninguém dá ou tira valor dos outros.

    Quem fez por merecer, recolhe a felicidade de ver multiplicado tudo aquilo que conquistou.

    Aquele que obteve a posse dos dons da criatividade, da compaixão, da expressão, da lucidez, da liberdade, da alegria, do desapego, da generosidade e de tantos outros valores universais, é como o homem que juntou o tesouro que “a traça não rói, a ferrugem não come e o ladrão não rouba”.

    Assim como a cobra dessa fábula, muitas pessoas acreditam que podem desabonar (roer) a vida dos outros, caluniando-os ou difamando-os com afirmações falsas ou desonrosas a seu respeito.

    A crítica perniciosa é subproduto de criaturas que nada realizam de importante; não enfretam desafios nem se arriscam a transformações e mudanças.

    Os críticos mordazes ficam paralizados vendo os outros fazerem, dizerem, pensarem para depois maldizerem as realizações alheias, usando suas elocubrações doentias por não terem nada de bom a acrescentar.

    Quem é provido de senso crítico tem consciência lúcida e sabe avaliar sem preconceitos.

    As discordâncias são bem-vindas e saudáveis. Mas não a discordância maledicente que nasce da vaidade.

    ————————————

    Como eu não escancarei ainda, e todo mundo já, taí um filme do que ocorreu quando voce colocou a Oriah naquele sarcófago. Era cobra zunindo pra todo lado, parecia que voce tinha tacado fogo no ninho.

    Eu fiquei muito impressionado com aquilo. Mas teu vôo foi tão alto, tão superior que taí, aliás, estamos aqui: E,pra voce, que é isto aqui mesmo:

    doa a quem doer,

    beijo

    André

    Comment by André — 08/06/2010 @ 12:26 PM

    • ainsi parle mon ami, réhabilitant la Cigale calomniée par le fabuliste.

      Um beijo no coração.

      Fy

      Comment by Fy — 08/06/2010 @ 1:42 PM

  11. Sujeito trabalhando pesado vê outro deitado numa rede,
    na maior folga e diz:
    – Você sabia que a preguiça é um dos sete pecados capitais?
    E o outro sem nem se mexer lhe responde:
    – A inveja também!!!
    Marianne

    Comment by Marianne — 08/06/2010 @ 3:23 PM

  12. Voltando ao plágio da doutrinação cristã feita por La Fontaine e pegando uma carona no comentário do Renato, e do Thomas, Tocayo e Anarcoplaiba, este complexo de inferioridade está tão inculcado em nós com formação cristã, é tão natural ouvirmos que somos “apenas” pecadores de um pecado que não termina,
    Tantos estereótipos e frases feitas preconceituosos e discriminatórios existem e fomos habituados a ouvir como naturais e inofensivos, que se torna fácil deixarmos escapar um deles, mesmo quando, convictamente, somos contra todas as formas de discriminação.
    Então, conscientes de que somos modelos para as nossas crianças (filhos e alunos), precisamos de monitorizar a nossa linguagem e as nossas atitudes quando estamos com os nossos alunos, com os amigos dos nossos filhos e no nosso quotidiano junto de uns e outros, para não fazermos com que algumas dessas crianças se possam sentir “patinhos feios” e para que os nossos filhos e alunos nunca achem tais comentários naturais e inofensivos ou até engraçados.
    beijo a todos

    Sofia M.

    Comment by Sofia — 09/06/2010 @ 1:31 AM

  13. Me lembrei disto aqui: deambulando….

    Ouça um bom conselho
    Que eu lhe dou de graça
    Inútil dormir que a dor não passa
    Espere sentado
    Ou você se cansa
    Está provado, quem espera nunca alcança
    Venha, meu amigo
    Deixe esse regaço
    Brinque com meu fogo
    Venha se queimar
    Faça como eu digo
    Faça como eu faço
    Aja duas vezes antes de pensar
    Corro atrás do tempo
    Vim de não sei onde
    Devagar é que não se vai longe
    Eu semeio o vento
    Na minha cidade
    Vou pra rua e bebo a tempestade

    Beijo menina

    João Pedro

    Comment by João Pedro — 09/06/2010 @ 2:35 AM

  14. Parlez vous français?

    MOi?

    En son expressif idiome provençal , ainsi parle mon ami, réhabilitant la Battle calomniée par le fabuliste .

    bjinhos
    Ju-Ju

    Comment by Juliana — 09/06/2010 @ 5:13 AM

  15. Geente eu queria uma nova forma ; da cigarra e da formiga; uma nova tirinha td diferenteeeee………

    Comment by Marcella — 30/09/2010 @ 1:58 AM

  16. atraiçoar

    Em A cigarra e a Formiga por Marques Patrocnio | windmills by fy vi muitas coisas. Agora: Saturday! Ressurgi aqui: A cigarra e a Formiga por Marques Patrocnio | windmills by fy.

    Trackback by atraiçoar — 04/08/2013 @ 1:52 PM

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  18. Free Japan

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    Trackback by Free Japan — 23/07/2014 @ 6:59 PM


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