windmills by fy

31/01/2011

Kids Act Out

Filed under: Uncategorized — Fy @ 2:35 AM

 

 

 

Se você ainda não assistiu aos trailers oficiais de filmes indicados ao Oscar 2010/2011, pode optar por uma versão… infantil.

De acordo com matéria no portal G1, o AOL americano publicou uma série de vídeos que reproduzem com atores mirins cenas dos filmes :

 

 

 

 

 

B l a c k    S w a  n

 

 

 

 

 

 

R e d e    S o c i a l

 

 

 

 

 

O  D i s c u r s o    d o    R e i

 

 

 

Fy

28/01/2011

Black Swan – Dark Swan

Filed under: Uncategorized — Fy @ 10:02 AM

 

 

 

Se  a  minha  virtude  é  uma  virtude  de  bailarino ;

se  muitas  vezes  saltei  de  pés  juntos  em  êxtase  de  ouro  e esmeralda ;

e  se  meu  Alfa  e  Ômega  é :  que  tudo  o  que  é  pesado  se  torne  leve ,

que todo  corpo  vire  bailarino  e  todo espírito vire pássaro ,

então , em verdade ,  é  isto ,   o  meu   Alfa  e  Ômega  .

  

Nietzsche

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Valéry , em  :       “ Degas dança desenho ”       usa este termo :  –  “ estado de dança ”  –   .

 Tal    “ estado ”   está necessariamente sempre : por ser criado .

Vejamos , pois , os termos  nos quais ele descreve a sua efetuação .

 

. . .    efetua – se  por meio de um ciclo de atos musculares que se reproduz ,

como se a conclusão ou o término de cada um engendrasse o impulso do seguinte .

A partir deste modelo , nossos membros podem executar

uma sequência de figuras que se encadeiam umas às outras ,

e cuja frequência produz uma espécie de embriaguez que vai do langor ao delírio ,

de uma espécie de abandono hipnótico a uma espécie de furor .

 

O   ” estado da  dança ”  está criado .

Valéry –  2003 –   p. 36

 

 

  

 Black  Swan  1/2    Polina Semionova   &   Friedemann Vogel 

 

 

 

 Ainda  ontem  pensava  que  não  era

 

mais  do  que  um  fragmento  trémulo  sem  ritmo

 

na  esfera  da  vida  .

 

Hoje   sei   que   sou   eu   a   esfera  ,

 

e   a   vida   inteira   em   fragmentos   rítmicos   move-se   em   mim   .

  

Kahlil Gibran

  

–   também descrevendo o    ”  estado   de   dança   ”   –

 

 

 

 

 

 

  

  

  

 

 

  

 

  

  

A premissa do    Black Swan    de Aronofski ,  

com uma história pós-contemporânea refletindo

 o balé   O Lago dos Cisnes   [ e a fábula que lhe deu origem ]  

e apresentada como um thriller psicológico , é intrigante , sim .

O elenco :  Natalie Portman , Mila Kunis , Winona Ryder e outros

já é um bom motivo para conferir o filme .

 

 

 

Como as críticas  flutuaram bastante ,  

e eu tive a exata sensação de estar assistindo  a uma  versão “ empenada ”  do  Míchkin  de  Dostoiévski ,  

acompanhada de uma tensão constante  de  que a Nathalie Portman literalmente quebrasse ,  em  meio

a um deboulé epilético , sem ter tempo de mudar a   expressão única e contínua   com a qual interpretou

Nina , Odilla e Odete –  … confesso que não gostei ,

e… nem de longe achei que tenha sido o melhor filme de Aronofski .

 

 

 

 

O Pablo fez uma excelente – excelente  mesmo –  análise   aqui   [ clique em Críticas ]  –

mas eu , desta vez , preferi a Manohla Dargis   no NY Times  com seu : On Point, on Top , in Pain – :

 

 

–  . . .   “ Black Swan ” –   by contrast , surprises despite its lusty or rather sluttish predilection for clichés ,

which include the requisitely demanding impresario  [ Mr. Cassel makes a model cock of the walk ]

and Nina’s ballerina rival , Lily  [ Mila Kunis , as a succulent , borderline rancid peach ] .

But , oh [!]  , what Mr. Aronofsky does with those clichés , which he embraces , exploits and , by a squeak , finally transcends .  –

 

. . . It’s easy to read “ Black Swan ” as a gloss on the artistic pursuit of the ideal .

But take another look, and you see that Mr. Aronofsky is simultaneously telling that story straight , playing with the suffering-artist stereotype

 and having his nasty way with Nina , burdening her with trippy psychodrama

and letting her run wild in a sexcapade that will soon be in heavy rotation on the Web .

The screenplay , by Mark Heyman , Andrés Heinz and John McLaughlin , invites pop-psychological interpretations

about women who self-mutilate while striving for their perfect selves , a description that seems to fit Nina .  –

 

 

 

 

Todo e qualquer comentário que eu possa fazer , já está bem descrito aqui no Wind ,

neste post    em que Tournier  descreve perfeitamente a paranóia desta busca pela perfeição ou pureza anti humana ,

que corróe o cérebro humano dos crentes incautos ou dos psicóticos e mal informados desintegradores de ego :

 

 

                                                                                                                           o príncipe Míchkin , devorado por uma piedade devastadora ,

                                                                                                                          revela-se incapaz de amar uma mulher ,

                                                                                                                         de resistir às agressões do mundo exterior e finalmente de viver .

                                                                                                                         Ele é fulminado pela epilepsia .

                                                                                                                                               Dostoiévski , O Idiota   – 1868-1869 –  

 

 

 

Eu lamento algumas críticas que descrevem este thriller como uma representação da jornada de uma menina que está se tornando mulher .

É lamentável sim . . . , que meninas leiam isto e imaginem que esta transformação seja um ritual paranóico , carregado de pressões e dores esquizas .

Ou seja , transformar este processo tão lindo ,  natural e até comemorado em outras culturas em um pesadelo contorcido  de dor e pânico à la Emily Rose do Derrickson .

Má  leitura .

 

 

 

Quando assisti Black Swan  de Aronofski  – imediatamente me lembrei de Matthew Bourne e sua fantástica versão  do Lago dos Cisnes ,

e , achei estranho , que em nenhuma crítica alguém tivesse feito esta ligação . 

Para mim ficou  óbvio que Aronofski se inspirou nesta peça  [ brilhante ] ao criar  a trama psicológica do seu filme.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Matthew apresenta seu Swan’s Lake  dançado por bailarinOs , e ,

ao inverso de tantas… e tantas…. e precipitadas interpretações “ junguianas ”  ,

esmaga o clichezinho  clássico [ e … chato ]  self-ego X individuação – deus ,  ressaltando antes , e com profunda importância 

o significado do Instinto , da Libido, do Desejo ,  a parte  “ animal ”    >   natural e intrinseca à nossa natureza … – [ sem parecer redundante … ahahah ]  -.

Ele substitui os tutus   “ brancos “   e tiaras imitando auréolas  e os substitui por peitos nús , calças de penas até os joelhos ,

e marca as faces de seus   “ cisnes ”   em negrito  numa franca alusão à nossa natureza híbrida – tão mal encaixada em  conceitos fabricados sobre o Bem e o Mal .

Em seu Lago dos Cisnes , …. aliás …. numa tradução totalmente mais fiel à trama original … 

retrata o simbolismo da Pureza ou Perfeição  refletida no Cisne  “  Branco ”   através de uma extraordinária transformação estilística 

em que os apresenta  como animais Agressivos , Arrogantes ao invés de delicados …

– Intimidantes ao invés de sentimentais  e etéreos … ,  como em outras performances deste clássico,

retratando -os assim : exatamente como o são , os castradores  símbolos angelicais ou divinos da Pureza ou Perfeição .

 

 

Como tão bem ilustra o holandês Cees Nooteboom em  seu : Os anjos caídos no paraíso perdido :  “ anjos e seres humanos são incompatíveis ” ,

– e perseguir estes ideais anti-humanos de perfeição absoluta , em que se desvaloriza totalmente a humanidade  real que nos é própria ,

em detrimento de um   “ ideal ”   Desumano e Impossível  :

 inevitavelmente sofremos o efeito do completo absurdo  esquizofrênico religioso , seja ,  cristão , muçulmano, etc –  

que oferece como oportuno lenitivo à óbvia e programada frustração de não atingí-lo > um adiamento post mortem, ou seja :  

a felicidade  da inumana perfeição seria alcançada no encontro com um “fabricado” deus .

 

 

Na fábula do  absurdo Adão , o primeiro anjo pecou , e  nós , anjos caídos descendentes dele ,

estamos fadados a cada passo a estarmos mais próximos do cadafalso .  

Aí então , nos é conferida a primeira lição esquizofrênica  ,  juntamente com a noção de Imperfeição .

A  “ tal ” esperança plantada como uma célula terrorista em nossos corações ,

ou como um chip infestado de vírus em nossas almas é de que a Terra e nossa condição de Humanos  é tudo aquilo que não é o Paraíso Perdido . É  “a”   Imperfeição  .   

E , de nossa parte … passamos a interpretar a lição :  promovendo, confusos ,

 uma devastação nas condições de vida que vão das relações do homem com o meio-ambiente até as mortificações das inter-relações  .

 

 

 

 Ah … todo anjo é atemorizante, escreveu Rilke . . .

… é aquele que não deseja … – não erra … – não vive … não é triste e nem é feliz . É morto  e Perfeito .

Enfim , aquele velho e pequeno labirinto metalingüístico onde o acaso anda à solta , como um anjo ,

a promover  desencontros e mal-entendidos humanos antropoformizando metáforas anêmicas , errôneas,

desorientadoras  e desumanizadoras ,

promotoras do slogan da dualidade pregando a esperta desvalorização do corpo e o safado engrandecimento da alma à la Descartes :

 

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                              “ O que é Ação para a Alma : tem que ser padecimento para o corpo. “

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Descartes

 

 

 

 

 

 

Peguei um atalho  no dicionário de símbolos do  Chevalier para voltar a Jung :

. . . o animal , em sua qualidade arquétipa , “representa as camadas profundas do inconsciente e do instinto .

Os animais são símbolos dos princípios e das forças cósmicas , materiais e espirituais.”   –  1993, p.57  –  

De acordo com o autor , o animal é um conjunto de forças profundas que animam o homem e ,

dentre estas forças , a primeira a se destacar é a libido , ou seja : o Desejo .

 

 

 

Para Jung ,   “ o animal é visto como um importante conteúdo psíquico a ser integrado pelo homem : o Instinto .  

Jung nos adverte :  

“ animal que é no homem a psique instintual , pode tornar-se perigoso , quando não é reconhecido e integrado na vida do indivíduo .  

A aceitação da alma animal é a condição da unificação do indivíduo e da plenitude do seu desabrochamento ” .     –  1993  – 238/239  – 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

” O conflito entre ética e sexualidade , em nossos dias ,

não é uma  ” mera colisão ”  entre instintividade e moral ,

mas uma luta . . .  para    ”  justificar ”    a presença de um instinto em nossas vidas

e para reconhecer neste instinto um poder que procura sua expressão ,

e com o qual , manifestadamente , não se pode brincar . . .  

e que , por isso , também não quer se submeter às nossas “ bem-intencionadas leis ”  .

 

Carl Gustav Jung

 

 

 

 

Ou seja :  não quer se desumanizar .

 

 

 

Em Matthew Bourne’s Lake Swan , Siegfried , à princípio rejeitado pelo Cisne Negro  é abraçado carinhosamente por ele no final .

Porque este era seu desejo natural, sua verdadeira e humana natureza . 

Ao se “despir “ deste artificial e massacrante ideal de Perfeição e Pureza  e  ” dançando ”  o Cisne Negro ele aceita-o em sí mesmo >

Ah … aí então  ele transforma seus movimentos em Vida e desabrocha em  inigualável  e triunfante Beleza .

Bourne também não deixa claro se Siegfried de fato interagiu com os cisnes ou se são fruto de sua imaginação .

 

 

 

 

e … como esquecer Adam Cooper ? em  Billy Elliot ?

 

 

 

 

Imagens :

Michael Parkes     

 

 

Fy 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

21/01/2011

crocodilos !

Filed under: Uncategorized — Fy @ 10:33 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Importante saber ! ! !

 

Pessoas que perderam parentes e bens  não terão direito a seguro nenhum !!!

 

 

Foi decretado estado de calamidade pública pelo governador , e asseguradoras ficaram desobrigadas de pagar .

 

Tão logo as notícias saiam do ar, as pessoas se esqueçam de que famílias inteiras continuarão sem recursos materias básicos necessários para uma vida normal .

 

 

Todo ato solidário é de extrema ajuda !

 

 

 LEMBRE  QUE  AS  FORMAS  VERDADEIRAS   DE  AJUDAR  E  PARTICIPAR  SÃO  INCONTÁVEIS  .

 

 

 

 

Fy

14/01/2011

Mercurio – Exú

Filed under: Uncategorized — Fy @ 12:03 PM

 

 

 

Não sou preto; branco ou vermelho ;

Tenho as cores e formas que quiser;

 

Não sou diabo nem santo , sou Exu .

 

 Mando e desmando ;

Traço e risco ;

Faço e desfaço ;

 

 

 Estou e não vou ,

 Tiro e não dou ;

 

 

Sou Exu ; Passo e cruzo ; Traços misturam e arrastam o pé ;

Sou reboliço e alegria ; Rodo , tiro e boto ; Jogo e faço fé ;

 

Sou nuvem , vento e poeira ;

 

Quando quero , homem e mulher ;

Sou das praias , e da maré ;

Ocupo todos os cantos ;

Sou menino , avô , maluco até ;

Posso ser João , Maria ou José ;

 

Sou o ponto do cruzamento ;

 

Durmo , acordo e ronco falando ; Corro grito e pulo ;

Faço filho assobiando ;

 

Sou argamassa  ; De sonho   carne   e   areia ;

Sou a gente sem bandeira  ;

 

O espeto , meu bastão ;    O assento  ?   O vento  .

Sou do mundo , nem do campo ; Nem da cidade ;

Não tenho idade  ;

 Recebo e respondo pelas pontas  ;

Pelos chifres da nação ;

 

Sou   Exu  ;   Sou  agito  vida  , ação  ;    Sou  os  cornos  da  lua  nova   ;

A   barriga   da   lua   cheia ;

 

 

Quer mais  ?    Não dou ;    Não tou mais aqui !

 

Jorge Amado

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                                     

 

 

 
 
 

Lend me your arm:
lift me up on your wings. Together,
we watch the world grow old
yet, never die.

Compositor de destinos

Tambor de todos os ritmos

 

 

Words flow from your fingers-
skipping stones and sandals on ocean waves.
Mirth and light-hearted contempt
for gravity and possession

Exu Lonan, o Senhor dos Caminhos

Exu Osije-Ebo, o Mensageiro Divino

 

 

 

Dancing gleefully upon the sky,
lips whisper plans to take the fire from
Helios’ crown, and return it to the realm
of men.

Exu Bará , o Senhor (do movimento) do Corpo

Exu Odara , Senhor da Felicidade

Exu Inã , o Senhor do Fogo

 

Perchance, the fire of a different kind
be deemed appropriate to their needs:
your lute’s melody plays
in hearts.

Exu Eleru , o Senhor da Obrigação Ritual

Exu Yangi , o Senhor da Laterita Vermelha

Exu Elegbara , o Senhor do Poder da Transmutação

Exu Agba , aquele que é o ancestral

 

Laroiê  –   Exu !                             

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma Madrugada na Oficina de Mercúrio-Exu

Exu , Orixá   do  Começo .

Mércúrio ,   sua   mini-saia , caduceu   e   pés   com   asas .

 

 

 

 

 

 

 

 Mércurio , do panteão mitológico romano , corresponde ao grego Hermes , senhor das “mensagens” –

uma espécie de ” poeta ” , ” inventor ” ,  ” comerciante ” ,

” ladrão sagaz ”  e  ” esperto leitor ”  dos designios das outras divindades .

Conforme narram as teodicéias clássicas , sobretudo em Homero ,

Mercúrio era o único filho que Zeus não tivera com Hera .

Nascido na Arcádia , filho de Maia , demonstra ainda bem menino uma esperteza e inteligência incomuns .

Uma de suas peraltices foi a de ter escapado do berço e chegar com grande desenvoltura em Téssália ,

donde rouba parte significativa do rebanho pastoreado pelo seu irmão Apolo .

Ladino que era , trata logo de esconder numa caverna o fruto de sua   ” apropriação ”  .

Esperto , como somente ele , retorna ao berço , como se nada de extarordiário tivesse acorrido .

Mas eis que Apolo descobre o furto e o seu autor , tratando de levá-lo à presença do Pai Zeus .

O castigo do pai ao filho foi que tratasse de imediato de devolver os animais a Apolo .

Mercúrio , entretanto , põe-se a tocar a lira  –  instrumento musical por ele inventado

com as víceras de um dos animais que imolara .

Apolo , esquece-se de imediato da sentença de Zeus ,

encantado que ficara com aquele engenho do qual brotava um som belo ,

que fazia vibrar o ar maneira que nem mesmo o vento no alto das colinas conseguia produzir :

era a    música     que arrebatara o coração de Apolo .

Dá-se pois uma transação comercial entre os dois irmãos :

A lira em troca do rebanho e ainda o caduceu

– bastão com propriedades mágicas que aparece na maioria das representações plásticas do deus Mercúrio –

que confere a esse o dom da adivinhação .

 

 

 

 

 

Em muitas das obras plásticas clássicas ,

Mercúrio é representado como um rapaz   bonito vestido apenas de uma mini-túnica .

Traz na cabeça um capacete alado ,

tal  qual suas sandálias trazendo na mão seu principal símbolo , o caduceu .

 

 

 

Essa excurção breve nesse universo mitológico grego-romano

deixou nas línguas originadas do latim- a exemplo do espanhol e do português , marcas até hoje não apagadas .

 

 

 

A exemplo de Mercúrio/Hermes em grego , ficou a palavra  ” hermeneutica ”

– que significa o ato social de  ” ler/interpretar ”  com profundidade os textos ditos  ” herméticos ”

[considerados difícies…densos] – em geral os de origem filosófica e religiosa .

 

 

Esses traços sagrados-profanos que desenham as caractéristicas de Mercúrio ,

o fazem na mitologia greco-romana e podem ser relacionados aos atributos de deuses de outras mitologias ,

a exemplo da pouco conhecida , porém tão rica e cheia de sutilezas   Mitologia Africana .

 

 

 

 ” Exu ”   do yorubá   ” Esu Osije ”    – o Mensageiro dos Orixás ,  – senhor dos mil ardis , o criativo e engenhoso ,

aquele que se deleita em estratagemas , o que ri no escuro , o que anda ligeiro , o mestre das ambivalências

[ Ver de João Ubaldo  Ribeiro – Viva o Povo Brasileiro ] .

Exú que conhecemos através da  Umbanda e do Candomblé , a entidade mais temida,

mais incompreendida e ao mesmo tempo mais buscada .

Ele é o Orixá que rege o jogo de Búzios , uma modalidade divinatória .

Diz um mito que Exu é o único Orixá que tinha esse poder , mas decidiu compartilhá-lo com Ifá

em troca de receber as oferendas e pedidos antes de qualquer outro Orixá .

 

 

 

 Exu nada tem em comum com o diabo lúdico , e as esquisitas estátuas comercializadas

e utilizadas arbitrariamente em terreiros são frutos da imaginação de visionários

que não enxergam nada além das manifestações dos baixos sentimentos em formas deprimentes ,

nos seres que lhes são afins .

Exu corresponde a Príapo , a Hermes , a Mercúrio ,

deuses mensageiros ou protetores da sexualidade masculina :  nunca ao Demônio “cristão ”

ou pelo “ medo ”  inventado pelos   “ cristãos ”   como ferramenta de poder  .

 

 

 

Exu é  o mensageiro dos deuses , seu poder é o de receber

e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o Mundo dos Deuses .

É o Senhor dos Caminhos , das encruzilhadas , das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação .

 

 

 

Ele representa também a fertilidade da vida , os poderes : sexual , reprodutivo e gerativo .

Não podemos nos esquecer de que o sexo ,

diferentemente do que os “ cristãos ” dizem (uma coisa de luxúria, de pecado) ,

é na verdade um ato sagrado  , em diversas mitologias pagãs .

Talvez por isso , por ele representar  o poder sexual , os cristãos o comparem com o Demônio .

 

 

 

Exu também tem os seguintes epítetos ou atributos :

Exu Lonan , o Senhor dos Caminhos ;

Exu Osije-Ebo , o Mensageiro Divino ;

Exu Bará , o Senhor (do movimento) do Corpo ;

Exu Odara , Senhor da Felicidade ;

Exu Eleru , o Senhor da Obrigação Ritual ;

Exu Yangi , o Senhor da Laterita Vermelha ;

Exu Elegbara , o Senhor do Poder da Transmutação ;

Exu Agba , aquele que é o ancestral ;

Exu Inã , o Senhor do Fogo .

                                        Laroiê, Senhor Exu!

                                                            Larô-iê, Exu, senhor dos começos  !

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagens :

 

Michael Parkes

– Texto :

– Uma Madrugada na Oficina de Mercúrio-Exu

 

 

 

 

 

 

                                                 

                                                 

   

 

 

 

 

 

De um modo geral , as encruzilhadas ( do mundo ) são loci da comunicação ,

das línguas, das feiras temporárias e permanentes , dos mercados , das cidades ,

dos teatros edificados e das profissões das artes do espetáculo .

 

 

 

 

 

 

 

 

Aí se encontra a Esfinge (e suas charadas mortais) , Tirésias ( o que vê mais quer os demais , sem nada ver , tão importante para theorein e para theatrum ) ,

Hermes (o que nos legou o poder da interpretação dos textos sagrados e o grande problema da traduzir e trair; na expressão italiana: traduttore traditore ) .

 

 

Por aí vem Dionísio ( o estrangeiro , que será patrono do teatro e da milenar questão sobre as distinções entre cultura e civilização )

e por aí circulam Mercúrio ( o patrono romano do comércio ) ,  Exu ( a entidade gege nagô , do trato humano com a natureza e o sobrenatural ) ,

todos os mensageiros e tricksters  ( responsáveis pelos bem entendidos e pelos mal-entendidos , esses os que descontrolam ) e todos os diabos e fadas  ( que desencantam e encantam ) .

 

 

 

 

 

Aí , nas encruzilhadas , lugares de encontros e desencontros , também ,

se constróem os monumentos memoriais e a sinalização de tráfego ( que tentam tudo controlar )  e residem , simultaneamente , o perigoso e o maravihoso .

Encruzilhadas são a casa da angústia existencialista da escolha do caminho a tomar ou da imobilidade .

 

 

Mover-se ? Para onde ? Para trás ? Para a frente ? Por qual dos caminhos ?

Aí a rotina ordinária convive com os acontecimentos extraordinários .

Daí serem sua melhor representação , os teatros , encruzilhadas de dança ,

teatro , ópera , música , magia , diversão , sobrevivência e vida das artes do espetáculo!

Aí se cruzam pessoas de todo tipo , inclusive marginalizados que só aí têm lugar .

 

 

 

Aí e em encruzilhadas vizinhas  ( bares , guetos , etc ) , formaram-se alguns dos mais importantes ícones de povos do Atlântico Negro:

o tango argentino , o candomble uruguaio , o samba brasileiro , o fado português , o flamenco andaluz e o jazz norte-americano !

 

1171_10_09

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fy

11/01/2011

Paris & NY

Filed under: Uncategorized — Fy @ 11:27 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 http://parisvsnyc.blogspot.com/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

01/01/2011

2011

Filed under: Uncategorized — Fy @ 9:22 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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