windmills by fy

28/02/2011

Hi Brother . com

Filed under: Uncategorized — Fy @ 3:06 PM

 

 

 

 

 

 

“ This country , I have said for a long time , this country is our country , and everyone has a right to this country , ” Ghonim declared .

“ You have a voice in this country .

This is not the time for conflicting ideas , or factions , or ideologies .

This is the time for us to say one thing only :

‘ Egypt is above all else .’  ”

 

That is what makes this revolt so interesting . Egyptians are not asking for Palestine or for Allah .

They are asking for the keys to their own future , which this regime took away from them .

They are not inspired by  “ down with ”  America or Israel .

They are inspired by:  

Up with Egypt ”   and     “ Up with Me . ”

THOMAS L. FRIEDMAN

 

 

 

 

 

 

 

Sei que é muito cedo pra se dizer qualquer coisa sobre o Oriente Médio.

E eu me sinto fascinada por estar presenciando um espetáculo  surpreendente, 

por assistir a este  “ de-repente fabuloso ”  da nossa  História  escrevendo um capítulo  “ súbito ”  sobre sí mesma ,

…  mesmo que tenha contratado o Cavalera  pra abrir seu show …   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 Todos os que lêem o Wind , devem fazer uma idéia da minha rejeição uraniana a qualquer tipo de opressão .

E  mesmo sabendo  que a coragem destes jovens pode ser esquecida ou  engulida ,

mesmo não sabendo os rumos deste Momento , e sem poder ainda dimensionar seu custo…   

quero acreditar nele.

Quero assistir o sumiço de cada ditador fdp e de cada ditadura  sanguinária e assassina .

Quero um mundo melhor.

 

Eu trouxe aqui pro Wind o entusiasmo da Adriana Carranca –  porque  é o entusiasmo que eu escolhi.

 

 

 

 

 

 

 

por Adriana  Carranca .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já que estamos falando sobre DIREITOS HUMANOS

Já que estamos percebendo que não se pode ferir impunemente a Humanidade, sob nenhum pretexto : 

Vamos participar , … de alguma forma :

 

 

http://www.liberdadeparasakineh.com.br/

é só clicar e assinar .

 

 

Adriana Carranca é jornalista e mestre em políticas sociais pela London School of Economics.

E escreve meu blog preferido do Estadão.

Fy

20/02/2011

about you .

Filed under: Uncategorized — Fy @ 4:38 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  .

Vodpod videos no longer available.

 

 

abre-me as portas, e as janelas do teu corpo

nas várzeas onde nasceu a sombra

sílaba                                                                         

a sílaba .                                                                    

                                                         

nas amoras

constrói a dança noturna das flores

como uma retórica

de atrito por uma poesia liquida

 

 

murcham
as flores pela manhã ,  no frágil ,

num continente à deriva

 

na geografia do coração, ajuda
a caminhar o caminho para a
Marrié de Duchamp, a habitação dócil

.

.

.

 

que o novo corpo ergueu.

a caliça
ainda fresca                            

dos muros  dos sentimentos
da tua pele,

para o traço grosso do
nível erótico no desenquadramento da
emoção,

 

 

 

 

pedra

a

pedra

serenamente crias  a luz instável das aves

 

a dança pós-moderna do poema

 

no eclipse do sol do teu estar

 

até que a mão . . .  toque

|

|

o chão .

   

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

do TocaYo.

Frases de José Gil . 

11/02/2011

A Síndrome do Obscurantismo

Filed under: Uncategorized — Fy @ 12:18 PM

 

 

 

 

 

 há em cada fanático um fascista camuflado ,

pronto para emergir em atos de exclusão e eliminação .

  

  

  

  

  

  

  

  

O Fanatismo Religioso , entre outros .

  

 

 

 

Em nossa época , supostamente dominada pela ciência e pela tecnologia – . . . outro papo chatinho… –  ,

 o fanatismo parece ser uma reação made in recalcado do inconsciente da humanidade .

 

 

Fanatismo , vem do latim fanaticus , quer dizer   ” o que pertence a um templo”   ,  fanum  .

O indivíduo fanático  ocupa o lugar de escravo diante do senhor absoluto ,

que , pode ser uma divindade , um líder mundano , uma causa suprema ou uma fé cega .

O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais  que visa  servir  [1] à um  ” ser  poderoso ”   empenhado na luta contra o Mal .

 

 

Ou seja , o fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelo   ” demônio ”  [2]  ,  

 ” combater as forças do Mal ”  ou  ” salvar a humanidade ”  do caos .

 

 

Tendo origem no dogma religioso , o fanatismo não se restringe a esse campo único ;

existe fanatismo por uma raça , um time de futebol , por um partido político ,

sobretudo por ideologias revolucionárias quando extrapolam a dimensão racional ,

sentindo-se guiada pela   ” fantasia da escolha divina ” . 

 

 

  

  

                                                            

 

 

 

Foi fanatismo religioso que fez muitos seguirem Jim Jones  : Templo do Povo  ,

Asahara  : Verdade suprema  ,

David Koresh  : Ramo davidiano  ,

Jo Dimambro  : Templo Solar   e tantos outros místicos ou charlatães que terminaram causando tragédias coletivas , noticiadas no mundo todo .

A história conheceu também os histerismos coletivos da  ” caça as bruxas ” ,

a perseguição aos negros , índios , homossexuais , prostitutas . 

 

 

O movimento da Jihad islâmica contra os   ” infiéis do ocidente ”  

e  a  ” guerra aos terroristas ”   do ocidente cristão , demonstram

que o fanatismo está vivo e atuante em nossa época supostamente  ” científica ”  e  ” tecnológica ” .

 

 

 

 

Precisamos admitir que , a história da humanidade é também a história dos vários fanatismos dominando grupos humanos ,

sempre com conseqüências trágicas .

Esse pedaço da história renegado nos causa vergonha , medo e sinalizam alertas para possíveis efeitos negativos no rumo da civilização .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                                         A região vem sendo alvo de manobras do Exército do Paquistão contra braços da al-Qaeda ligados aos insurgentes talibãs.

                                                                                                                                                                                      http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/02/menino-bomba-mata-31-em-ataque-instalacao-militar-no-paquistao.html

 

 

 

O fanatismo religioso tem mais haver com a exacerbação de um sentimento religioso pouco esclarecido

e sua instrumentalização politica, do que com uma experiência religiosa intensa e esclarecida.

 

 

Amos Oz   inicia um ensaio com palavras  significativas sobre  uma outra forma de encarar o fanatismo :

 

 

 « Como curar os fanáticos ? » , – pergunta o escritor sugerindo que o fanatismo possa ser tomado como uma doença ,

um vírus que se propaga e contamina largos setores da humanidade .

 Uma doença alimentada pela irracionalidade , a fé cega , a ausência de uma atitude critica , ou de duvida .

Talvez os fanáticos sejam mais um caso de psiquiatria , do que de policia .

Neste caso , importa   não    subestimar o significado politico que o fanatismo pode adquirir .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um dos erros em relação ao fanatismo é considerá-lo como uma atitude de loucos .

Não que o fanatismo não possa ser efeito de graves desequilíbrios psicológicos ,

mas descartá-lo . . .  como a atitude de desequilibrados é , no mínimo , subestimar o perigo que o fanatismo representa .

 

 

Qual seria a fé destas figuras tão marcantes do cristianismo ?  Torquemada , Agostinho , Aquino , os tão devotos Kramer e Sprenger e suas macabras técnicas de tortura ?

Como desenvolveríamos o perfil psicológico destes patológicos fanáticos ?

Estariam em busca de algum êxtase divino , algo que superasse os limites do humano ?

 

 

Será que seus discípulos o alcançaram aprimorando as tecnicas liturgicas  da    Pedofilia Sagrada ?

Entre outras práticas anormais e criminosas e. . .  sAgRaDaS  ?

 

 

É sempre bom lembrar que por de trás da loucura fanática de Hitler , e do nazismo , citando um excelente exemplo ,

repetido e excelente, SiM ,  

escondia-se um programa politico bem definido e uma estratégia de dominação da Europa , por parte da Alemanha nazi .

Exatamente como a pretensão muçulmana –  ou cristã –  ou lulista  – etc  de dominar o ocidente .

 

 

O fanatismo parece surgir de uma estrutura psicótica .

O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta ,

de  ” ter sido escolhido por Deus para uma missão   ” x ”     ,  já constitui sintoma suficiente para muitos psiquiatras diagnosticarem aí uma loucura ou psicose .

Mas , seguindo o raciocínio de Freud , vemos que   ” aquilo que o psicótico paranóico vivencia na própria pele , o parafrênico experiência na pele do outro ” –

 ou seja ,   somos levados a supor que o fanatismo está mais para a   parafrenia   que para a   paranóia   .

 

 

Hitler , antes considerado um paranóico , hoje é mais aceito enquanto parafrênico ,

pois seus atos indicam sua idéia fixa pela supremacia da raça ariana e a eliminação dos   ” impuros ”   ;

mais ainda … >  o gozo psíquico do parafrênico não se limita   a   ” ser olhado ”    ou    ” ser perseguido ”   ,

tal como acontece com paranóicos ,

mas sim se desenvolve   à partir de  ”  uma ação inteligente de perseguição e extermínio de milhares de seres humanos ”   , donde extrai um quantum de gozo sádico .

 

 

– ah … este último parágrafo e os que se seguem,  é [ e são ] , caprichosamente,  a descrição fantástica de um patético sociopata e  

psicopata cristão…. em constante  delírio psicótico…. que eu conheço . – 

Claro que é a descrição  de vários , como os citados acima , e outros . . .  ,  ah . . . mas … nunca ví uma descrição tão perfeita !  –

 

 

 

Como dissemos , o fanatismo atua para além do efeito religioso ,  mas não extrapola ao campo ideológico como um todo .

Há fanatismo entre crentes de todo o tipo , do menos ao mais irracional .

Mas , não existe fanatismo racional , em que pese o fato de um certo tipo de razão  –  instrumental , cínica , etc –  também ter cometidos os seus desatinos e crimes  [3] .

Assim , para o fanático religioso , não basta adorar um deus visto como    ”  Senhor Absoluto  ”  >   – o que já é uma psicopatia –

 é necessário ser  ” soldado ”   dele na terra  , >  lutar pela causa superior , pregar , exorcizar , forçar os   ” infiéis ”   ou   ” divergentes ”   à conversão absoluta , à qualquer preço .

[ Loucura . . .  in full- expression ]

 

 

O fanático está sempre disposto a dar provas

do quanto sua causa suprema vale mais do que as próprias vidas : dele , de sua família ou mesmo de toda a humanidade .

Ele mata por uma idéia e igualmente morre por ela .

 

 

 

 

 

 

Os sintomas do fanatismo

  

  

  

Os sintomas do fanatismo , em grupo , são :

orações , privações , peregrinações , jejum ,

discursos monológicos e martírios que podem terminar com o sacrifício da própria vida visando salvar o mundo das   ” trevas ”   ou do que ele entende ser   ” o mal ”  [4] .

 

 

O fanático não fala :   faz discursos  – 

é portador de discursos   [5]  prontos cujo efeito é a pregação de fundo religioso

ou a inculcação política de idéias que poderá vir a se tornar ato agressivo ou violento ,

tomado sempre como revelação da   ” ira de Deus ”   ou   ” a  inevitável  marcha  da  história ”

ou ,  ainda , a suposta   ” superioridade de uns sobre os demais ”  . 

  

  

  

  Faz discursos e não fala . . . >  , porque enquanto  a fala é assumida pelo sujeito disposto ao exercício do diálogo ,  da dialética ,

do discernimento da verdade ,   os discursos >   –  especialmente o discurso fanático  –   fazem sumir os sujeitos para que todos virem meros objetos de um desejo   ” divinizado “  ;

servos  do desejo divino e  dedicam-se – desta forma –  à produção da repetição de algo já pronto ,

onde o retorno do recalcado do sujeito faz do Eu (ego)   um porta-voz de um sistema de crenças   moralistas

carregado de ódio em relação ao suposto inimigo ou adversário que precisa ser destruído para reinar o     ”  Bem ”   . – BeM ?

 

 

Os tais  ” textos sagrados ” – ou que alguem determinou que são …  ” sagrados ” …  – sem esquecer que tem sagrado daqui … sagrado de lá … xiiii uma confusão … sagrada !!!!

  tomados literalmente , fornecem a   sustentação    ” teórica ”    do discurso fundamentalista religioso  ;

com ele , o indivíduo acredita , a priori , estar de posse de   toda a verdade   e por isso não se dá ao trabalho de levantar possíveis dúvidas ,

como confrontar com outro ponto de vista , ou desvelar outro sentido de interpretação , ou ainda , contextualizá-lo ,  etc .

 

 

O fanático tem certeza e isso lhe basta .

 

 

Creio porque é absurdo ,   já dizia Tertuliano .

Certeza   para ele   é igual   > a   verdade . . .

                                                                                              .

                                                                                              . 

 

– Segundo Popper , no campo científico ,   a  certeza nada vale   porque é   ” raramente objetiva :

geralmente não passa de um forte sentimento de confiança , ou convicção , embora baseada em conhecimento insuficiente ” ,

já a verdade tem estatuto de objetividade , na medida em que   ” consiste na correspondência aos fatos “,

na possibilidade da discussão racional com sentido de comprovação . Popper, 1988, p. 48 . –

 

 

 

O problema da religião não é a paixão    ” fé ”   >     mas a   ” suposta ”     inquestionalidade de seu método .

O método de qualquer religião traz uma certeza divulgada em forma de monólogo ,  jamais de diálogo ou debate de idéias .

                                                                                                                                                                                                                                          – Claro !

O pastor , padre , rabino , ou qualquer pregador de rua , vivem o circuito repetitivo do monólogo da pregação ;

acreditam que   ” vale tudo  ”  para difundir a   ” verdade única ”   que o tocou e o transformou para sempre  !

                                                                                                                                                                                                                         !

                                                                                                                                                                                                                         !

  

O estilo fanático usa e abusa do discurso monológico delirante , declarações , comunicados ,

ameaças …   > que jamais se voltam para  escuta ou o diálogo ,

exercício esse que faria emergir a verdade  ou alguma verdade ou outra verdade …. etc   –   > não  >  a   ” certeza ”  [6] .

 

 

 

 

Hitler e seus comparsas usaram de inteligência para inventar e administrar a chamada “solução final” contra os judeus , porém ,

antes de ser este um fato criminoso era uma exigência interna de seu próprio psiquismo .

 

 

Na   parafrenia   vigora a compulsão de observar e atuar     o ser    do Outro   como alimentador de seu delírio interno .

O   parafrênico     ” faz acting out em nome de >   …  “      

e jamais assume seu ato criminoso ,

pondo a responsabilidade em alguém que para ele encarna o   ” mal ”  .

Para sua   ” lógica ” ,  as vítimas são os únicos responsáveis .

  

Os fanáticos pela   ” solução final ”    dos judeus , no Julgamento de Nuremberg ,

não se consideravam culpados ou com remorsos pelo extermínio coletivo .

Goering , considerado o segundo homem depois de Hitler ,

tentou se defender segundo o princípio de sua lealdade e fidelidade para com o Führer ; [ seu deus ]

” cumprira ordens ”    e    ” nenhuma vez ele se considerou um criminoso ”  [12] .   [fdp]

Eis a ” razão cínica ” :

a culpa pelo genocídio era dos próprios judeus gananciosos por dinheiro , não de seus carrascos nazistas . . . .

[ alguém sabia que Giordano Bruno virou . . . ” espião ”    . . .   ?   – pois é . . .   – entre tantas outras barbaridades . . .  ]

 

Se no fanatismo o sujeito inexiste para dar lugar ao Senhor absoluto e maravilhoso ,

então faz sentido não assumir a sua própria responsabilidade , porque ela é   > [ acredite…]    ” obra  do  Senhor ”   [Werk de herrn.]   [13] ,

 ”  o Senhor quer que eu faça  ”  ,   ” foi a mão de Allah  ”  [14]  , etc  . . .

 

 

São mais do que frases , são efeitos de uma poderosa    ” fantasia da eleição divina  ”    [ sic ! ]    

onde o sujeito é   nadificado   para dar lugar ao discurso delirante da salvação messiânica  [15]  .

O mundo fanático foi dividido entre   ” os eleitos ”    . . .

 e os que continuam nas trevas      >         e que precisam ser salvos ou serem combatidos por todos os meios , pois   ” são forças do mal ”  .

 

O famoso caso Schreber  , analisado por Freud  [16] ,   que acreditava ter recebido um chamado de Deus para salvar o mundo  ,

que lhe era transmitido por uma linguagem particular   – só entre ele e Deus –   ,

tornou-se o modelo psicanalítico para se pensar a relação loucura e fanatismo.

 

 

 

Como já dissemos, o fanatismo é sustentado por sistema de crença delirante , psicótico ,

dominado por uma autoridade absoluta e invisível : 

algum deus  . . .  ou  a causa da   ” supremacia da raça ariana ”  ,

ou a   ” missão do povo judeu ”  ,   ou   ” a Jihad islâmica ”  ,   ” ou salvar o mundo do diabo ”  ,

enfim , um significante  qualquer  posto no lugar   ” absoluto ”   que comanda a ação do grupo fanático  [17]  ,etc . . .

Ou nesta ode à Eugenia , descaradamente apresentada pra crianças :   

 

 

 

 

 

 

 

Segundo a psicanálise , o Fanatismo por “algo superior [ ? ] ”    poderia apontar para a hipótese de um   ” complexo paterno ”   de origem .

A leitura lacaniana fala de    ” um buraco no Nome-do-Pai ,   . . .

que produz no sujeito um buraco correspondente  , no lugar da significação fálica  ,

o que provoca nele , >  quando é confrontado com essa significação fálica , a mais completa confusão .

É  isso que desencadeia   a psicose de Schreber , no momento em que ele próprio é chamado a ocupar uma função simbólica de autoridade ,

situação à qual só teria podido reagir com manifestações alucinatórias agudas ,

às quais a construção de seu delírio iria pouco a pouco fornecer uma solução ,

constituindo , no lugar da metáfora paterna fracassada , uma    ” metáfora delirante ”  ,

destinada a dar um sentido àquilo que  , para ele ,   era totalmente desprovido de sentido  ”  [18] .   . . .

 

 

 

 

 

 

Os primeiros sintomas de fanatismo e suas estratégias de sedução 

[  –  o filme acima tem todos os exemplos ….

 

 

O início de qualquer fanatismo consiste , em primeiro , reconhecermos um sujeito ou grupo estarem convictos ,

quando julgam de posse de uma certeza que recusa o teste da realidade .

 

 

Nietzsche dizia que :

 ” as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras ” ,

porque quem mente sabe que está mentindo , . . .  mas quem está convicto não se dá conta do seu engano .

” O convicto sempre pensa que sua bobeira é sabedoria ”  [19]  .

 

 

Até no campo científico , há cientistas correndo o perigo de tornar-se convictos de suas teses .

Edgar Morin analisa que quando algumas idéias se tornam supervalorizadas

e adquirem um caráter de grandiosidade e absolutismo tendem a levar os seus sujeitos

a abdicarem de seu raciocínio crítico e se tornarem meros objetos dessas idéias .

Indivíduos assim submetidos a tão grandes idéias ,  >  fazem    qualquer coisa    para   ” salva-las ”

de um possível furo de morte ; elas funcionam como muleta existencial .

 Isso acontece   principalmente    no meio religioso , mas também pode ocorrer nos meios político , filosófico  e científico . 

 

 

 

 

 

 segundo  sinal do fanatismo é quando alguém quer impor a todos de modo tirânico a   ” verdade ”    ”  única ”   extraída de sua inspiração ou crença absoluta .

Pretende assim a uniformização via linguagem  , através de aparência física  , rituais e slogans do tipo:

 

 

 ” O único Deus é Allah ”  –   ” só Cristo salva ”    –   ” Jesus Cristo é o Senhor ”   –    ” somos o Bem contra o Mal ”   –   ” Em nome do Senhor Jesus eu ordeno … ”   –  etc . . .

 São expressões de caráter estereotipado , sustentado por uma    ” estrutura de alienação do saber ”    [20]  ,

onde o discurso passa a falar sozinho ,

é uma resposta que está no gatilho , >  pronta para qualquer emergência que o sujeito não quer , não  ” pode ”   ou não precise  pensar .

 

 

Observem o caráter tirânico , narcisista e excludente dessas afirmativas .

Todas possuem uma visão que nega outros modos de crer e pensar .

O mesmo acontece nos auto-elogios das pessoas de raça branca e o desprezo pelas outras

como proclamam os fanáticos da extrema direita , nas ações violentas de uma torcida sobre a outra , todos ,

sinalizam que o indivíduo se rende ao grupo e este   ” à causa ”  .

 

Os recém convertidos de qualquer seita religiosa ou política estão sempre convictos que ,

finalmente . . . , contemplam a verdade e essa tem que ser imposta a todos ,  >  custe o que custar .

 

 

 

 

O terceiro indicativo de fanatismo , já dissemos ,

é quando uma pessoa passa a colocar uma causa suprema   –  

podendo esta ser justa ou delirante –   acima da vida dela e dos outros .

 

 

 

Quarto , quando um indivíduo e/ou grupo se isolam da convivência familiar e social e adotam um modo de vida narcísico  [21]

[ no igual modo de vestir , de cortar ou não cortar o cabelo , no jeito de falar , nas regras de comer , na ritualística , etc ] ,

enfim , quando uniformizam seu discurso , gestos , postura , atitudes em geral e punem os que se recusam a seguir as regras impostas .

Entrar para um grupo de fanáticos implica em renunciar :

pai , mãe , os filhos , os amigos , o lugar onde viveu , o trabalho , enfim ,

os membros são persuadidos a   matarem os vestígios simbólicos da vida anterior   

para fazer renascer a vida em outra base moral e de fé . . . .

 

 

Quinto ,  quando o indivíduo e/ou grupo perdem o bom-senso na lógica da comunicação e nas ações do cotidiano .

O discurso passa a ser repetitivo e estranho à vida comum .

 

 

O sexto indício de fanatismo é quando se perde o sentido de respeito e humanidade para com os diferentes ,

em nome de uma causa : [ aiaiai . . . ]  transcendente .  [ transcendente …. que muitas vezes ou na maioria significa : conveniente . ]

 

 

 

O   Fascismo , tanto o de Estado dos fundamentalistas religiosos , como o que está pulverizado nos atos do cotidiano das relações humanas ,

é fanático porque    desrespeita , desconsidera , é intolerante quanto ao modo de ser , pensar e agir do outro  [24] ,  é tradicionalista-fundamentalista . 

 

 

Enquanto o fascista   ” quer o poder pelo poder ”  , 

há o fanático   ” autêntico ”   que anseia dominar o mundo com sua crença ,

e o  ” fanático terrorista ”   que   ” deseja apenas destruir a estrutura de sustentação do inimigo ” .

 

 

 

 

Mas , ambos , o fascismo e o fanatismo não são compatíveis com a democracia .

Ambos pregam intolerância multirreligiosa , a intolerância multicultural e multirracial e usam o espaço de liberdade democrática para espalhar o seu ódio e sua crença .

 

 

 

O sentimento que no fundo sustenta o fanatismo e o fascismo não é a fé ,

nem o amor   [ Eros ]  ,   >  mas o ódio  [ Thanatos ]   e a intolerância .

O desejo do fanático   ” autêntico ”   é dominar o mundo com seu sistema de crença cheiiiiiio de :  certeza . . .

 

 

No plano psíquico , o lugar do recalque torna-se depósito de ódio e desejo de eliminar todos os que atrapalham o seu ideal de sociedade .

Certa dose de paciência doutrinada o faz esperar-agindo para que a   ” idade de ouro puro ”    possa um dia acontecer . 

 

 

 

São tão fanáticos os terroristas-suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte-americanos

que atacam clínicas de abortos , perseguem homossexuais , proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin ,

obrigando aos professores ensinarem a doutrina criacionista  [ estapafurdia ]  tal como está na bíblia ,

ou ainda , os protestantes da Irlanda do Norte que atacam crianças católicas

ou os bascos que querem ser um país independente a qualquer preço , por meio do terror .

 

 

Alguns personagens   ” messiânicos ” de nosso tempo , como Hitler , Idi Amin , Reagan , G. W. Bush , Sharon ,

os grupos dos martírios suicidas do Oriente Médio ,  os ” fetiches ”  on line…  …. entre outros ,

tem algo em comum :

cada um se sente   ” o escolhido para cumprir uma especial missão ”  [25] .

Hitler discursou que    ” as lágrimas da guerra preparariam as colheitas do mundo futuro “.   

G. Bush, na sua ânsia de guerra contra o ditador S. Hussein , não estaria delirando no mesma linha  ?

Não é sem sentido que os EUA , tem sido o solo fértil de seitas cristãs fanáticas .

Uma delas  >   A Casa dos Filhos de Jeová , torce para o mundo se acabar logo . . .    . . .    . . .  ,

porque seus membros acreditam que depois surgirá uma nova civilização do Bem .

 

 

Fanáticos e suicidas carecem de humor .

O fanatismo parece ser uma doença contagiosa ,

pois tem o poder de atrair adeptos geralmente em crise profunda de vida pessoal .

Fanáticos e suicidas tem em comum a falta de humor e o desapego pela própria vida .

A certeza cega tira-lhes o humor e os colocam no caminho do sacrifício místico .

 

 

O escritor e pacifista israelense , Amós Oz , numa carta ao escritor japonês Kenzaburo Oe , Prêmio Nobel de 1994 ,

escreve ter encontrado a   ” cura para o fanatismo ”   : o bom humor  .

Diz que :    – ” nunca vi um fanático bem-humorado , nem alguém bem-humorado se tornar fanático ” .

Oz  imagina uma forma mágica de prevenir o fanatismo : um novo tipo de messias que  ” chegará rindo e contando piadas ” .

 

 

 

 Por  RAYMUNDO DE LIMA

 
Psicanalista , Professor do Departamento de Fundamentos da Educação ( UEM ) e doutorando na Faculdade de Educação  ( USP )

 

 

 

 

 OBSERVAÇÕES :

 

 

 [1] Geralmente os fanáticos que se tornam assassinos o fazem “em nome de Deus”, ou em nome de um Outro qualquer. Ele é apenas um comandado. Já os assassinatos múltiplos disparados por um franco atirador anônimo, nos EUA,  parecem não ser movidos por um Outro, ou “Grande ser”, isto porque o assassino se diz que é o próprio “Deus”.

 [2] Basta ir a um templo evangélico ou, nas madrugadas, assistir pela televisão um show de exorcismo

 [3]  Nesse sentido, o Prof. Hilton Japiassu, costuma citar F. Jacob, que diz: “Não é somente o interesse que leva os homens a se matarem. Também é o dogmatismo. Nada é tão perigoso quanto a certeza de ter razão. Nada causa tanta destruição quanto a obsessão de uma verdade considerada como absoluta. Todos os crimes da História são consequência de algum fanatismo. Todos os massacres foram realizados por virtude: em nome da religião verdadeira, do racionalismo legítimo, da política idônea, da ideologia justa; em suma, em nome do combater contra a verdade do outro, do combate contra Satã” . Cf.: Crise da razão no ocidente. In: Japiassu, H. Desistir de penar? Nem pensar, 2001.

 [4] Zusman, W. 2001.

 [5] Para uma melhor compreensão dessa distinção, ver Juranville, A. Lacan e a filosofia. Rio: Jorge Zahar, 1987, principalmente a segunda parte.

 [6] Ossama Bin Laden é um bom exemplo de um fanático tecnológico que faz comunicados, monólogos, declarações ou discursos, jamais se oferece para um diálogo franco e aberto para confrontar com outros pontos de vista.

 [7] “O terrorismo é uma das expressões do fanatismo fundamentalista”.

 [8]   Cf.: Chemama, R.1995, p. 79-81.

 [9] Cf.: conforme análise de Becker, S., 1999.

 [10] Essa é a tese de S. Becker, 1999.

 [11] Originariamente o holocausto [gr. Holókauston] era o “sacrifício em que a vítima era queimada inteira”. Entre os hebreus, o holocausto era também o sacrifício em que se queimavam inteiramente as vítimas, tendo assim um sentido de imolação ou expiação. No período nazista, entre 1935 e 1945, os judeus se viram diante de um novo holocausto, sendo obrigados a perda da cidadania, a trabalhos forçados, a serem fuzilados em massa, serem transportados pela força para os campos de concentração onde terminavam sendo exterminados coletivamente em câmaras de gás. Durante esse holocausto, cerca de 6 milhões de judeus pereceram.

 [12] Cf.: Manvell, R, e Fraenkel, H. 1962, p. 262. Conferir pelo menos todo o capítulo final “Nuremberg”. 

 [13] Dito por Hitler, em Mein Kampf. Apud Becker, S. 1999, p. 157.

 [14] Dito por Ossama Bin Laden, por ocasião do ataque aos EUA.

 [15] “É o saber instituído no discurso universitário, quando o S1 vem no lugar da verdade. Com a extinção desse lugar ético, acontece a forclusão do Nome-do-Pai e a formação da holófrase parafrênica”. (Becker, S., 1999, p. 158).

 [16] Cf.: S. Freud. [1911] Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (dementia paranoides), v. XII, p. 15 -105.

 [17] Raciocínio parecido fez o ensaista, poeta e dramaturgo alemão, Hans Magnus Enzensberger, onde escreve: “Não importa saber de qual alucinação se trata. Qualquer instância superior serve – uma missão divina, uma pátria sagrada, a uma revolução qualquer. Em caso de emergência, no entanto, o suicida assassino [refere-se aos kamisazes de 11 de setembro, entre outros atos suicídas]pode se arranjar até com uma justificativa qualquer de segunda mão. Seu triunfo consiste no fato de que não poderá ser atacado nem punido; disso ele mesmo se encarrega. E também o mandante à distância aguarda em seu “bunker ” o  momento da própria extinção; deleita-se  – como Elias Canetti já há meio século formulava – só com a idéia de que antes dele possivelmente todos os outros, inclusive seus correligionários, serão mortos” (grifo meu). Enzensberger, H. M. Paranóia da autodestruição. Folha de S. Paulo – Mais, 11/11/2001.

 [18]  Cf.: Chemama, R. 1995, p. 161-2.

 [19] Cf.: R. Alves. 2001, p. 105-10.

 [20] Trata-se de uma conceito de R. Barthes, trabalhado por L. Mrech 1999) . As “estruturas de alienação do saber” são formas estereotipadas de saber, mas que perderam o contato real  com a realidade entre os sujeitos. É uma estrutura  programada para filtrar o que o sujeito deve escutar, o que dizer e o que fazer em um determinado momento. Não incorpora nada novo, apenas repete.

 [21] Observamos que o narcisismo visa um resultado de gozo místico que implica, sobretudo, “amar a si mesmo”, tal como o Mito de Narciso, que morre diante de sua imagem refletida na água, ignorante que era sua própria imagem. O êxtase do místico, que faz um ato de terror, ou de suicídio ou, ainda, de ambos, é a intenção de “ultrapassagem do limiar do gozo-Outro” (Nasio, 1993) ; de um gozar que implicam o corpo e o psíquico, na crença suposta de uma vida após a morte.

 [22]   Cf.: Nebulosa fascista. FSP, 1995.

 [23] O fascista não é necessariamente nazista. Esclarece Eco que enquanto o nazista é obcecado pela raça pura, o fascista é pelo comando total das pessoas, que perdem suas liberdades.

 [24] Estamos nos baseando nas teses de U. Eco, escritas no artigo ensaio “Nebulosa fascista”, que aproveitamos em nosso artigo “Tolerância zero ao profofascismo”, publicado na revista virtual http://www.espacoacademico.com.br , ano 1, n. 4, set. 2001.

 [25] O tamanho do cinismo de Hitler está na frase: “pela graça de Deus, eu sempre evitei oprimir meus inimigos” (apud Chalita, M., s.d., p. 186). Tem sido frequente, ditadores se verem os eleitos de Deus para cumprir uma missão na terra. Idi Amim Dada, o ditador-açougueiro de Uganda, certa vez declarou: “Eu só atuo conforme as instruções de Deus”. (apud Chalita, M., s. d., p. 186).

 

 

 

 

Referências Bibliográficas :

 

 

ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência. São Paulo: Loyola, 2001

BECKER, S. A fantasia da eleição divina; Deus e o homem. Rio de Janeiro: C. de Freud, 1999.

CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. Porte Alegre: Artes Médicas, 1995.

CIORAN, E. Genealogia do fanatismo. In: Breviário da decomposição. Rio de Janeiro: Rocco, 1989, p.11-100.

DEMO, P. Dialética da felicidade; felicidade possível. V. 3. Petrópolis: Vozes, 2001.

ECO, U. A nebulosa fascista. In: Folha de S. Paulo – Mais!, 14/05/95.

ENZENSBERGER, H. M. Paranóia da autodestruição. Folha de S. Paulo – Cad. Mais! 11/11/2001, 5-7.

FREUD, S.  [1911] Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (dementia paranoides). Rio de Janeiro: Imago, 1974, v. XII, p. 15 -105.

_____. [1917] O futuro de uma ilusão. Rio: Imago, 1974, v. XX1.

GARCIA-ROZA, L.A. O Mal radical em Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

 

 

 

 

 

Fy

 

 

 

 

 

07/02/2011

is different –

Filed under: Uncategorized — Fy @ 6:43 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando postei sobre  Oxum , Yemanjá , estas mulheres-deusas tão cheias de encantos , garras , doçura e balangandãs  ,

o Gustavo nos chamou a atenção sobre uma  Sociedade de Mulheres na África  [ comentário 2 ] , a Sociedade Geledé .

Quando lí, imediatamente me lembrei das Bene Gesserit , – [ acho até que o Frank Herbert andou surfando nestes mares  africanos ] –  

e misturando tudo , Bene Gesserit ,  Geledés , sextos- sentidos , balanço , seios  e balangandãs ….

 …. claro que foi levantada a questão do Poder Feminino ,  Patriarcado… , Matriarcado … e talzetalz .

 

 

O mais divertido de fazer um post , ou trazer um assunto porque é bonito ou interessante ,

é … sentar aqui à noite e perceber o quanto ele deriva , cresce , se intensifica ….  

ahahahah : e sai dançando sózinho , na melodia única de quem comenta .

 

 

E a Bel nos mandou este ensaio  – sobre o  “ Feminino ”  e como este conceito tem sido mal interpretado  pelos homens e  até mesmo pelas mulheres ,

numa misturança de sentidos que vão desde a vulgarização  até uma noção  quase que masculinizada nesta época pós … – feminismo … [ ? ] .

Sem deixar de levar em consideração  [ nunca ] o desgate da Mulher ao “reabilitar-se”  como Ser-Humano

nesta cultura tão agredida pelo religiosismo  político cristão  no Ocidente ,  

sem esquecer a luta da mulher pela sua … ou por “alguma”  …  identidade …  no barbarismo de alguns segmentos  criminosos das  religiões orientais –

e  sem …  nem por um momento …  desvalorizar nossa força e poder  como Mulheres  que somos , a Bel trouxe um   “ outro olhar ”  sobre este conceito :  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“ Que Vênus eram aquelas ?

Esculpidas com nádegas e seios enormes pendendo sobre grandes barrigas ? ”

[ bah !]

 

 

 

 

 

Como elas teriam percorrido desde os Pirineos até a Sibéria , passando pela França , Tchecoslováquia , Itália e Ucrânia e… e…  ?…  

[ carregando todo aquele peso ? …. ]

                                                                                                                             [ ah … que muito  lindo! ]

 

 

 

Do Paleolítico superior até o início da era patriarcal indo-europeia , a adoração à grande deusa era universal …

foram períodos perdidos para a história escrita , nos quais os grupos humanos eram mais igualitários e conectados por vínculos pacíficos … ”

Sabemos hoje que existiram berços da civilização muito antigos onde a convivência era solidária ,

com ausência de destruição e conquista armada , as mulheres eram reconhecidas e os valores de solidariedade tinham grande relevância .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Disciplinas como a Antropologia e a Arqueologia nos falam amplamente destas estruturas .

James Mallart , conhecido arqueólogo e pesquisador , investigou em profundidade Çatal Hüyük  ,

uma antiga civilização muitos anos anterior à Suméria : 6150 BC ,  próspera , pacífica e adoradora de uma deusa .

 

 

 

 

http://terraeantiqvaefotos.zoomblog.com/archivo/2005/12/03/

 

 

 

 

 

 

Não podemos nomeá-las de matriarcado, como nos alerta a antropóloga Riane Eisler :

“ A verdadeira alternativa ao patriarcado não é o matriarcado , porque este é apenas o outro lado da moeda dominadora , mantendo o princípio de hierarquias ” .

 

 

 

O biólogo Humberto Maturana as menciona como culturas matrísticas ou matricêntricas ,

explicando que na cultura patriarcal o individual e o social se contrapõem :  

porque o individual se afirma pela negação do outro , a valoração da competência e da luta .

Na cultura matrística pré-patriarcal , o social e o individual não se contrapõem porque o individual surge a partir da convivência e da cooperação com os outros .

Marija Gimbutas utiliza o termo   “ ginocêntrico ”   para marcar estruturas determinadas claramente pela tolerância , pela partilha e pela receptividade ;

seus estudos sobre a extinção destas culturas são eloquentes , mostrando as invasões indo-europeias ,

povos vindos das estepes áridas do norte da Europa dedicados ao saqueio e à guerra .

Desaparecem a cerâmica e as diversas formas de arte , as tumbas mostram robustos esqueletos masculinos

e o sacrifício de mulheres e crianças glorificando cenas de matança , saqueios e estupros ao serviço de deuses . . .   que glorificam o poder e veneram a morte .

Assim , em termos de civilização , condenamos ao ostracismo o que a antropologia denomina   Princípio   Feminino ,  

> aquele que determina estruturas solidárias e harmônicas e valores de cooperação e partilha ,

condenando-nos a um panorama sangrento de lutas , abusos e crueldades .

 

 

A socióloga Jessie Bernard nos alerta para a urgência social de restaurar o que nomeia como qualidades diferenciais femininas

em todas as áreas da nossa gestão social , econômica e política , incorporando comportamentos que , até então , considerávamos pouco eficientes

e produtivos e que localizávamos somente nas mulheres , como a tolerância , o acolhimento e a ética do cuidado .

 

 

 

 

Feminino é um adjetivo derivado da palavra femina  >  que significa :  Mulher .

 Descreve algo que pertence às mulheres , aquilo que tem qualidades ou características que se aplicam a elas , como delicado , amável , etc .

Mas … para  ” determinar ”   o   Feminino , é imprescindível diferenciar :

mulher –

gênero –

e arquétipo .

 

 

Os órgãos sexuais determinam o que é Homem e o que é Mulher

com suas capacidades reprodutivas e definem um gênero como uma classe ,

ou agrupamento de indivíduos , uma categoria com traços comuns .

Arquétipo ,  segundo Jung , seriam imagens primordiais , representações inconscientes dotadas de uma energia própria

que podem fornecer interpretações significativas no sentido simbólico , criando mitos , filosofias  e que influenciam e caracterizam nações e épocas inteiras .

 

Assim  :

  o Feminino não se refere aos órgãos sexuais  e nem se esgota nas referências arquetípicas ,

ele está vinculado a uma estrutura de consciência ,              

                                                                                                    –  o que quer dizer que :

                                                                                                                               – pode ser vivido sem se identificar com o masculino como uma forma de funcionar ,

                                                                                                                               – não precisa atuar de forma reativa para se defender

                                                                                                                                   e

                                                                                                                              – não tem que compensar alguma coisa que lhe falta para poder existir .

 

                                                                                                                                                                                                          !       

                                                          

pelo menos … à princípio  … –  é ela quem diz … …

 

 

 

 

 

“ Quando me refiro ao feminino, não estou falando de um princípio materno … > a consciência feminina significa mergulhar nesse enraizamento

e reconhecer quem é você

Tem a ver com o afeto e a capacidade de receber  –

e com entregar-se ao seu próprio destino com total consciência de forças e limitações … ”

Esta definição da Marion Woodman nos fala da lucidez de consciência que insistimos em não escutar

por causa de uma atividade febril , dos vícios , do sexo , dos artifícios do mundo moderno

e da nossa identificação integral com o aspecto patriarcal : guerreiro , eficiente , desumanizado e tecnológico da nossa cultura .

Camuflamos o ritmo lento da vida e , nós , tanto Homens como Mulheres , não entregamos , não desaceleramos  :  

controlamos tudo o tempo inteiro , insistimos em procurar a perfeição , adoecemos e vivemos uma angustiada situação de vida .

O patriarcado , como forma social , localiza o macho como cabeça da tribo ,

organizando uma particular convivência institucional e uma política marcada pelo individualismo feroz , a luta pelo domínio e o desprezo pelos interesses coletivos .

 

 

O mundo ocidental e sua glorificação da razão , da objetividade e da separatividade descartam o subjetivo e as vivências vitais

nas quais reconhecemos quem somos ; assim :  dentro de cada um de nós  >  reproduzimos o gesto civilizatório que oprimiu o Feminino na história .

 

A   Mulher Contemporânea se tem conectado amplamente com o aspecto masculino da cultura : lutando e reproduzindo relações de poder e submissão .

 

– Uma observação  oportuna :  Aqui : http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2010/08/ei_voce.html 

o Acid escreveu um post  sobre a Mulher  –   é um outro ponto de vista , que se encaixa super bem neste ensaio da Marisa Sanabria – .

 

 

 

 

 

 

O psicólogo Robert Stein ilustra muito bem esta situação ,

mencionando Apolo como um deus distante e sem envolvimento ,

interessado na  ” claridade ” , na ordem e na moderação  >  ele personifica o espírito patriarcal e a tendência ao afastamento .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nosso mundo é apolíneo e sem emoção ,

organizado a partir de estruturas conduzidas por uma inteligência diretiva ;

desta forma , teremos êxito se somos despersonalizados e distantes , condenando o feminino dionisíaco  à sombra ,

a uma segunda categoria  sem rendimento , sem reconhecimento e , sobretudo, sem lucro ou ganhos específicos .

Nosso comando patriarcal interno nos faz sentir a todos , sobretudo as mulheres , envergonhados , inadequados e frágeis

quando não nos identificamos com a eficiência no  “ funcionamento ” .   . . . !

 

 

Assistimos constantemente a mulheres irritadiças , doentes e com um entristecimento severo como pano de fundo da sua existência .

[ . . . homens também . . . ]

Nossa estrutura contemporânea , não conhece a alegria , que nada tem que ver com o consumo imediato .

Marion Woodman nos diz que , em estado de vício e de submissão , não podemos saber quem somos ou quais são os nossos propósitos .

Vitimamos o Feminino dentro de nós – o dionísio –  e vivemos freneticamente aderidos ao plano material de propósitos acumuláveis .

 

 

 

Assim ,  [ e eu acho que aqui ela resume direitinho a idéia toda : ]

quando pensamos : o Feminino >  deixamos de entendê-lo como um adjetivo agregado [ à mulher ] , como o mundo patriarcal nos fez entender ,

para torná-lo um substantivo que nos leva a adotar uma outra ordem para os relacionamentos , as formas de trabalhar e de dar sentido à vida ,

seguindo um padrão não determinado , um estilo próprio que responda a uma demanda pessoal

e não a uma necessidade de aceitação , inclusão ou de reconhecimento institucional – [ > no caso da mulher  , que acaba distorcendo também seu significado ,

ou abrindo mão de  sua feminilidade  – ou exagerando-a … – ou “santificando-a ]   .

 

Hoje  as características reais do Feminino  aparecem  como uma opção à tirania da modernidade ,

porque exigem  uma consciência de vontade própria ,

uma liberdade para abandonar padrões e modelos impostos

e uma proposta de conexão e convivência mais solidária e pacífica em oposição clara à ordem hierárquica patriarcal .

 

 Não se trata de recuperar um gesto nostálgico ou de cultivar a caricatura do eterno feminino ,

mas de uma vivência sem hierarquias e de uma proposta sem ambiguidades .

 

 

Para Rose Marie Muraro , por baixo da nossa estrutura social competitiva , continuamos ligados aos valores ditos femininos de solidariedade e de partilha ,

temos que pensar que estas atitudes governaram a vida humana por um tempo muito maior

que os valores hierárquicos e excludentes que são historicamente muito mais recentes .

Redefinir o conceito de Feminino , determinar e escolher com que parâmetros vamos conviver

não é um   ” problema de mulher ” , é um desafio e um questionamento coletivo que diz respeito à sobrevivência e à condição humana .

 

 

Este propósito de escolher entre o público e o privado , o reprodutivo e o produtivo , a hierarquia ou a conexão , a luta ou a solidariedade

é um dilema que até agora se localizou no corpo da mulher , em questão de gênero , em sintoma de senhoras .

Pensar o Feminino é uma análise das diversas estruturas sociais , educativas , jurídicas e laborais ;

o princípio de conexão não é somente para as mulheres , é um novo entendimento para todos ,

uma contraordem institucional , uma perspectiva subversiva de modificar as tradições dominantes .

No auge da nossa civilização pós-moderna , globalizada e desafiante , no esplendor do gesto patriarcal e dos abusos de poder ,

precisamos aprender atitudes que   “ os primitivos ”   conheciam tão bem , como o cuidado com os mais débeis .

Essas atitudes são antigas , eram exercidas pelas mulheres e tinham como função manter e sustentar a trama da vida ,

eram   “ elas ”   que teciam , plantavam , armazenavam ;

e estes gestos davam um sentido à existência e traziam consciência para o lugar que cada um ocupava no coletivo .

É essa nova ética do cuidado e da pacificação que precisamos retomar .

“As mulheres não são as únicas guardiãs do feminino .

Tanto homens como mulheres estão buscando aquela parte que nos foi expurgada …

 

 

O feminino não se interessa em estar no topo , dedica-se a perambular …

quando estamos no controle de tudo , exercemos uma masculinidade movida a poder…”,

é o que afirma Marion Woodman .

 

 

 

                                                                                                                              e o TocaYo… chegou e lembrou : 

 

 

 

 

 

Marisa Sanabria

Psicóloga CRP 04-5350. Mestre em Filosofia – UFMG

 

 

Referências :

CAMPBELL, Joseph. Todos os Nomes da Deusa. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2000.

CAMPS, Victória. El siglo de las Mujeres. Madrid: Ediciones Cátedra Universitat de Valéncia, 2003.

GIMBUTAS, Marija. Los Dioses y las Diosas de la Vieja Europa del 7000 al 3.500 a.C. Madrid,1985.

JUNG, Gustav Carl. O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1964.

MURARO, Rose Marie. A Mulher no Terceiro Milênio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1995.

OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Elogio da diferença, o feminino emergente. São Paulo: Brasiliense, 1999.

RIANE, Eisler. El Cáliz y la Espada – .Nuestra história, nuestro futuro. 10. ed. Santiago de Chile: Cuatro Vientos, 2006.

WOODMAN, Marion. A Feminilidade Consciente. São Paulo: Paulus, 2003.

ZWEIG, Connie (Org.). Ser Mujer. Biblioteca de la Nueva Consciencia. 4. ed. Barcelona: Kairós, 2001.

TocaYo  

 

 

Bel –   Bia-blue  e   Fy

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03/02/2011

Salve Rainha do Mar !

Filed under: Uncategorized — Fy @ 1:58 PM

foto a branco separação mais curta  lateral wind

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Windmills

01/02/2011

a Dança de Oxum

Filed under: Uncategorized — Fy @ 3:34 PM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Oxum , que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres ,

 dividindo com elas sua formosura e vaidade ,

 ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto ,

 recebeu de Olorum um novo encargo :

 preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás .

 

 

 

 

 

 

 

 

Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.

 De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.

 Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta,

 banhou seus corpos com ervas preciosas,

 cortou seus cabelos, raspou suas cabeças,

 pintou seus corpos.

 

 

 

 

 

 

O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas

e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.

 

Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori,

finas ervas e obi mascado,

com todo condimento de que gostam os orixás.

 

Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e

o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.

 

Finalmente as pequenas esposas estavam feitas,

estavam prontas, e estavam odara.

 

As iaôs eram a noivas mais bonitas

que a vaidade de Oxum conseguia imaginar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Perante Obatalá , Ogum havia condenado a si mesmo

a trabalhar duro na forja para sempre .

Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão .

Queria voltar a viver na floresta ,

Voltar a ser o livre caçador que fora antes .

Ogum achava-se muito poderoso ,

Sentia que nenhum Orixá poderia obrigá-lo a fazer o que não quisesse .

Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a floresta , abandonando tudo .

Logo que os Orixás souberam da fuga de Ogum ,

foram a seu encalço para convencê-lo a voltar à cidade e à forja ,

Pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum ,

As armas , os utensílios , as ferramentas agrícolas .

 

 

 

 

Mas Ogum não ouvia ninguém , queria ficar no mato .

Simplesmente os enxotava da floresta com violência .

Todos lá foram , menos Xangô .

E como estava previsto , sem os ferros de Ogum ,

O mundo começou a ir mal .

Sem instrumentos para plantar , as colheitas escasseavam

E a humanidade já passava fome .

 

 

 

Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos Orixás

e ofereceu-se para convencer Ogum a voltar à forja .

 

Era Oxum a bela e jovem voluntária .

 

Os outros Orixás escarneceram dela . . .  , tão jovem , tão bela , tão frágil .

 

Ela seria escorraçada por Ogum

E até temiam por ela , pois Ogum era violento , poderia machucá-la , até matá-la .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim , Oxum entrou na mata .

E se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar .

 

Usava ela tão somente cinco lenços transparentes

Presos a cintura em laços , como esvoaçante saia .

 

Os cabelos soltos , os pés descalços ,

Oxum dançava como o vento

 

 

E seu corpo desprendia um perfume arrebatador .

 

 

 

Ogum foi imediatamente atraído ,

Irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa , mas se manteve distante .

Ficou à espreita atrás dos arbustos , absorto .

 

 

De lá admirava Oxum , embevecido .

Oxum o via , mas fazia de conta que não .

 

O tempo todo ela dançava e se aproximava dele

Mas fingia sempre que não dera por sua presença .

A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços da cintura ,

Deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum .

 

Ela dançava , enlouquecia .

Dele se aproximava e com seus dedos sedutores

Lambuzava de mel os lábios de Ogum .

 

 

Ele estava como que em transe .

E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata ,

Sutilmente tomando a direção da cidade .

Mais dançava , mais mel , mais sedução ,

Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina .

 

Ela ia na frente , ele a acompanhava inebriado ,

Louco de tesão .

 

 

Quando Ogum se deu conta ,

Eis que se encontravam ambos na praça da cidade .

Os Orixás todos estavam lá

E aclamavam o casal em sua dança de amor .

 

Ogum estava na cidade , Ogum voltara !

.

 

Temendo ser tomado como fraco ,

Enganado pela sedução de uma mulher bonita ,

Ogum deu a entender que voltara por gosto e por vontade própria .

E nunca mais abandonaria a cidade .

E nunca mais abandonaria a sua forja .

.

.

.

 

E os Orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum .

 

 

Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios

E houve plantações e colheitas

E a fartura baniu a fome e espantou a morte .

 

 

 

 

 

 

Os rios, em quase todas as mitologias, são moradas de deuses ou a própria divindade. O rio é um caminho mágico.

Na Europa, os deuses fluviais mais comuns aparecem com a forma de touro, porco, cavalo ou serpente.

Os africanos de Iorubá, bem mais poéticos, fizeram de lindas mulheres as deusas dos seus rios, como o Oiá (Niger) e o Oxun.

Oxun é adorada  às margens do rio que tem o seu nome e deságua na lagoa de Olobá, rente ao golfo de Guiné, após atravessar o território de Ijexá.

Por esse motivo, o toque dos atabaques, que acompanha sua dança no candomblé, é denominado ijexá.

 

 

A dança de Oxun é mímica da mulher faceira, que se embeleza e atavia, exibindo com orgulho colares e pulseiras tilintantes.

 Diante do espelho, sorri, vaidosa e feliz, por se ver tão linda e sedutora.

 E é com muito dengue que ela se abana com o abebé.

Essa doçura de encanto feminino, porém, não revela a deusa por inteiro.

Pois ela é também guerreira intrépida e lutadora pertinaz.

 

 

 

Oxun-Apará foi mulher de Ogum .

Ela acionava com ritmo o fole da forja do deus-ferreiro e a cadência do ruído do fole fez dançar um egungun que passava .

Por isso disseram que ela era a  ”  tocadora do fole musical que faz dançarem os egunguns . “

 

Muitas Oxuns são guerreiras ; outras , ligadas à magia .

Das iyabás , isto é , os orixás femininos , só OXUN tem o direito de penetrar no reino de Ifá , o senhor da adivinhação : ela pode jogar o edilogun , os dezesseis búzios divinatórios de Exu .

 

Quando voltaram à terra , os Orixás organizaram suas assembléias como primado dos homens .

 Oxum , mulher , não foi convidada .

 Mas logo todas as mulheres se tornaram estéreis e as decisões tomadas nas reuniões dos orixás jamais tinham êxito .

 Tudo só voltou ao normal quando Oxum também foi convidada a integrar a assembléia dos orixás .

 Pois Oxum , orixá das águas, é uma deusa da fecundidade e , portanto , da criação .

 As mulheres a ela recorrem , quando desejam ter filhos .

 Oxum ajuda nos partos , como a Artemis Lokeía .

 

Orixá da fecundidade , revive as deusas lunares de várias mitologias , que simbolizam a terra-mãe .

 Nada mais lógico do que esse atributo , pois , sendo o orixá da água doce , sem Oxun não existiriam os vegetais .

 Tudo morreria . Pois são os cursos d’água que irrigam e fertilizam a terra , renovando e perpetuando a vida .

 

 

Fontes:

Reginaldo Prandi > Professor do Curso de Pós-Graduação em Sociologia da USP

Pesquisador do CNPq

Mitologia dos Orixás  –  págs. 524-528

Fernando Augusto

http://caminhosnaumbanda.blogspot.com/

 

 

TocaYo   e   Fy