windmills by fy

19/03/2013

platão – lili – e os podres poderes

Filed under: Uncategorized — Fy @ 11:47 PM

 

  

 

 

 . . .  para que aquilo que Deleuze chamou de uma vida

possa aparecer na sua imanência e afirmatividade ,

é preciso que ela se tenha despojado de tudo aquilo que pretendeu : 

representá-la ou contê-la .

 

Peter Pál Pelbart

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

foto post lilly woody 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Lili fica orfã e passa a ser adotada por um Circo .

Paul,   ex-bailarino, então inválido e reduzido a carregar um Teatro de Marionetes ,

aproveita da ingenuidade de Lili que se envolve a fundo nos constantes atritos e desavenças das Marionetes  

orquestradas por Paul : evidentemente : atrás das cortinas – e, participa de suas conversas como se fôssem de carne e osso .

 

 

Não é que Lili seja uma idiota,  [ poderíamos até concluir que sim … ] – mas é ingênua    –

e Paul :     ah … é uma grande Titereiro* …

A  extrema bondade e ingenuidade …  de Lili a leva a se apoderar e viver como ” próprias “

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O autor se utiliza de vários aspectos deste filme , para construir uma crítica pra lá de interessante

– e tambem pra lá de atual em relação direta com esta gama de ” podres poderes ” que vem preenchendo nosa mídia –

e nos sugere, segundo suas palavras, que não nos deliciemos ou achemos tanta graça na ingenuidade de Lili:

 

 

– ” visto que vamos constatar que muitos seres humanos , continuam , ainda hoje ,

acreditando que há existências mais importantes que a sua ,

trancadas em carcaças que nem sequer tem aspecto humano , como as Marionetes ,

mas a cujo serviço decidiram se colocar , instigados pelos Ventrílocos Políticos .

 

No restante deste capítulo , quero falar de Poder :

das quantidades enormes e perigosas de Poder que alguns seres humanos acumularam

utilizando artifícios similares aos de Paul , o Titereiro :

poderes de sugestão , capacidade de dotar de   ” voz ” ,

paixões e aflições    ” verossímeis seres ”   que nem sequer … são … de pano ! –

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pelo que sabemos Platão foi o primeiro a deixar um documento escrito , A República ,

no qual inventava uma   CRIATURA Política :  a Cidade Ideal,

montava um Teatro de Marionetes para ela e lhe emprestava voz  : a sua, a de Platão –

para mostrar aos outros as necessidades da :  Criatura .

 

 

 

 Os românticos europeus do século XIX eram muito dados , também a confeccionar Criaturas :

 

 

– Johann Gottfried Herder [ 1744 – 1803 ]  –  acreditava no espírito do povo alemão

[ e em geral , que os povos tem , cada um , seu espírito peculiar ] ,

 

 

– Georg Wilhelm Friedrich Hegel [ 1770 – 1831 ] –  Hegel para os íntimos ,

achava que a história tinha um sentido ou um propósito ,

e esse vírus intelectual foi ,  depois inoculado – por outros conceitos – no muito ilustrado Karl Max .

 

 

 

Essas idéias visionárias foram depois desenvolvidas , após uma multiplicidade de passos intermediários ,

pelos nacional-socialistas alemães e pelos comunistas de metade do mundo ,

com as infaustas sequelas por todos conhecidas ,    . . .   mas por muitos . . .  esquecidas .

 

 

 

As transições ,  neste perigoso modo coletivista de falar , são insensíveis , difíceis de separar entre sí  :

 

 

– começa-se dizendo  [ corretamente, até aqui ]  que uma sociedade é uma realidade diferente

do conjunto de indivíduos que a integram ,                                 –  para  depois  passar a afirmar . . .

 

 

[ – e, a partir desse ponto, dá-se curso a desvarios de cada vez mais grosso calibre –  ]

 

 

que a   ” Sociedade ”   tem uma existência independente e separada dos indivíduos ”  ,

que essa existência possui     ”  maior dignidade metafísica ”       – seu ser pesa mais –   que a dos indivíduos que a formam ,  

que a Sociedade tem uma     ” essência espiritual própria ,  vísceras anímicas ”    ,   

e que   “ se colocar a serviço delas e sacrificar-se em sua honra ”     é o máximo que a pessoa pode aspirar .

 

 

O contrário –  ou seja :  antepor os interesses  pessoais às reclamações da Criatura –  ,  

ah . . .

isso é   mesquinho , egoísta , o cúmulo da   “ vulgaridade espiritual ”  ,  a apoteose da visão estreita .

 

 

A esta altura , e se nada a impediu ,      ”  a   Criatura ”      :   

[a   “ sociedade ” ,   o  “ povo alemão ”,   “ a historia da humanidade ”,   uma determinada língua . . .    

                                                           ou

a [ qualquer ]    forma específica que     ” a Criatura ”     adotar ,   pois tem várias ]    

 terá se transformado em uma entidade voraz que toma para sí ,   sem pedir licença ,   a vida e a vontade dos sujeitos .

 

 

 

São    Políticos – Ventrílocos    que   falam   por   trás   de   uma    CRIATURA    “ coletiva ”  ,   

e   dessas   estranhas   vísceras    dedicam-se

a   sequestrar   as   vontades   dos   membros   do   público   para   seu   serviço :   

tanto o da Criatura quanto de seu Ventríloquo ,   

 

 

pois   tudo   o   que   há   por   trás   deste   Espetáculo   de   Marionetes   Político

não   é   nada   além   das   aspirações   megalômanas   de   um   indivíduo

que   se   autoproclamou  porta-voz    dos   interesses   de   uma     ” coletividade personificada ”   ,   

seu     “ interprete privilegiado ”   . 

 

 

 

Evidentemente, as coisas não podem ser de outro modo:

 

 

não há :   nem pode haver coletividades personificadas ,  

 

 

não há :   nem pode haver intérpretes privilegiados de suas aspirações ,   

 

mas . . .    : os nacional-socialistas ou os comunistas que assolaram a história do século XX deixaram ,   

em algum momento , de ver o evidente :   

 

 

estavam tão hipnotizados quanto Lilly com o Teatro de Marionetes Coletivas ,  

que não percebiam o Ventriloquo que operava por trás dos bastidores

[ chame-se Hitler, Stalin, Mao ou Pol Pot  ]

 

 

e achavam, com a mesma inocência de Lilly ,   

que as Criaturas :   [ o povo alemão, o russo, o chinês, o cambojano  … quase sempre algum povo e etcz  ]  

 tinha   “ substância própria  ”   e que suas exigências eram sublimes .    . . .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os  Líderes Totalitários ,  os Políticos – Ventríloquos ,  parecem-se muito com sacerdotes leigos ,

pois põem em prática modos de persuasão conhecidos há muito tempo por teocratas de toda sorte .  

 

 

 Também eles forjam uma Criatura :  Deus ,   

com inteligência e vontade desmedidas ,   

que não se conforma com menos que a entrega incondicional dos fiéis ,   

seu sacrifício sem reservas ,   

pois sómente a Criatura sabe como se deve viver ,   

dá ordens taxativas a respeito e intimida com castigos desproporcionais ,   

que chegarão até o além-túmulo se forem desobedecidas .

 

 

 

 

Por outro lado ,   para apoderar-se de maneira mais completa e sem fissuras ,   

da Imaginação e da Vontade do público ,   

é preciso dotar o Teatro de Marionetes Religiosas de um certo dramatismo ,   

é preciso por em cena ,   junto com a Criatura ,   seu inimigo :   o Maligno ,   

incansável para urdir conjeturas para desencaminhar os desventurados

e dar-lhes a Condenação se o seguirem . 

 

 

Qualquer       ” Titereiro ”   …    …   

conhece a importância dessas doses de dramatismo :   

o próprio Paul Berthalet – personagem titereiro  do filme –  

inventava dissensões entre seus bonecos    

[ entre Reinaldo e Marguerite , principalmente ]   ,     

e essas desavenças angustiavam por demais a pobre Lilly . . .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comparados com o dos Teocratas ,  

os Teatros de Marionetes erguidos pelos dirigentes Totálitarios são algo quase insípido .   

Também eles suscitam um boneco recheado de estopa que  ” enfrenta a Criatura ”  [toma-lhe o lugar e personagem…]  

e disputa a Vontade do público menos avisado .

 

 

Para os nazistas , esse boneco perverso eram os Judeus ,

 

 

para os comunistas era a burguesia internacional e a economia de mercado ,   

que ,   como todo mundo sabe ,   são feitas da “ pele do diabo ”   –   

e isso é quase a única coisa que alguns sabem e querem saber sobre essas coisas   .   . . .     . . .

 

 

 

Essa pendência do mais alto nível no Teatro de Marionetes coletivista acaba por embargar a atenção dos espectadores e facilita o rapto de suas liberdades :  pela e para a Criatura .

 

Tanto aparato e colosso no espetáculo   [ o suposto enfrentamento entre entidades sobre-humanas ] são ,  

evidentemente ,   

parte essencial para capturar a disponibilidade dos congregados ,

  https://windmillsbyfy.wordpress.com/2010/04/19/boy-youre-gonna-carry-that-weight/

ao fazer que se sintam pequenos e insignificantes diante do que alí transcorre .

 

 

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Com  truques tão absurdos e de tão baixa qualidade intelectual ,  

líderes Monoteístas ,  Nacionalistas e Marxistas têm , ainda hoje ,

as vontades de milhões de pessoas dominadas em todo mundo . 

 

 

A coisa seria para levar na brincadeira ,      . . .

não fosse o fato de já sabermos como é perigoso todo esse Teatro montado

por Titereiros intelectuais empenhados em nos fazer acreditar

na existência de Criaturas coletivas e sobre-humanas ,   

e no fato de que sua vida e suas paixões não apenas existem ,

mas são infinitamente mais valiosas que as das Pessoas de Carne e Osso , Voce e Eu , sem ir mais longe .

 

 

 

. . . a Criatura …    

 

 

– parece título de filme de Terror ,  não é ? 

Pois bem ,  alguns dos piores e mais sangrentos filmes de terror  – 

de “terror político” : entenda-se  [sempre político ]

começaram com a fabricação de uma CRIATURA ,

de uma Marionete  Coletiva , por trás da qual um Ventríloco falava 

– [ como o personagem  Paul Berthalet por trás de suas Marionetes ]  –  

… : e se vangloriava de “saber” o que a CRIATURA queria ,

– de conhecer , em primeira mão e com exclusividade suas “entranhas espirituais “ .

 

 

[ Ah…  ]   também , como no caso do filme de Charles Walters ,

a existência da CRIATURA  depende ,  de modo crítico da credulidade das pessoas ,

de o público aceitar ,   como Lili fazia  ,   que os     “ bonecos Coletivos ”     têm vida psíquica independente :

que é preciso ATENDER  e ALIMENTAR  .

 

 

[ Diante desta incrível demonstração de precariedade intelectual . é de admirar e muito …

certos blablablas pretenciosamente fascistas que se lê por aí …

escritos por pessoas que eu considerava “letradas” …. – ]

 

 

Por mais pueris e primitivas que sejam estas artimanhas ,   

não podemos desdenhá-las ,  

 [ entre outras coisas ,  porque até quem manipula as Marionetes chega a acreditar nelas ] :    

demonstraram sua efetividade ,   

seu poder para que os donos do Teatro de Bonecos  pastoreiem multidões inteiras

e as confrontem com outras multidões  .

 

Portanto , faça como Lilly :

puxe com força a cortina e descubra que   “sempre”   há um Ventriloquo por trás ,  

mais ou menos interessado em apoderar-se de sua Vontade para  alimentar a dele , já bastante inchada . 

 

E livre-se de Platão  ! :   e de todos que fizeram e fazem da Política uma variante da Arte da Ventriloquia.

Livre :       Corra …

 

 Juan Antonio Rivera

 

 

 

 

 

 

 

FONTES:

 

 

Juan Antonio Rivera

 Juan Antonio Rivera   [ Madrid –  1958 ]  é professor catedrático de Filosofia na Universidade de Barcelona .

É colaborador das revistas Claves de razón prática e Ágora

e é autor de El gobierno de la fortuna ,   Menos utopia y mas libertad: la teoria politica y sus adictivos

e Carta abierta de Woody Allen a Platon.

Com o livro que agora se publica em português obteve em Espanha

o Premio Espasa Ensayo 2003 (atribuído por um júri presidido por Fernando Savater) e um extraordinário êxito de livraria.

 

Peter Pál Pelbart

 

É doutor em filosofia e professor na PUC-SP. É tradutor e estudioso da obra de Gilles Deleuze

(traduziu para o português “Conversações”, “Crítica e Clínica” e parte de “Mil Platôs”).

Escreveu sobre a concepção de tempo em Deleuze (“O Tempo Não-reconciliado”, Perspectiva, 1998),

sobre a relação entre filosofia e loucura

(“Da Clausura do Fora ao Fora da Clausura: Loucura e Desrazão”, Brasiliense, 1989,

e “A Nau do Tempo-rei”, Imago, 1993)

e publicou, mais recentemente,

“A Vertigem por um Fio: Políticas da Subjetividade Contemporânea”, Iluminuras, 2000.

 

 

GRAVURAS :

Internet

– and :

Lili – Charles Walters – 1953

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Fy

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

35 Comments »

  1. Seu blog é impressionante, tenho acompanhado e me surpreendo cada vez mais. Tambem agradeço pelos links, encontrei blogs e assuntos geniais. Penso da mesma forma que voces e só espero que continuem.

    Comment by Artur — 20/03/2013 @ 2:07 AM

    • que bom, Artur! Welcome!
      Fy

      Comment by Fy — 22/03/2013 @ 1:38 PM

  2. Se alguem achar esta lili aí, me avisa.

    Comment by duc@ — 20/03/2013 @ 2:09 AM

  3. Bom Dia pessoal, dia de chuva que predispõe ao recolhimento, à ‘pensação’ .
    Brilhante o post e eu, no lugar do brilhante Rivera te parabenizaria pela apresentação.
    A lembrança do Veloso e seus Podre Poderes foi supimpa! E na misturança, entre os ditadores salafros não poderia faltar esta Incorporação distribuidora de pedófilos e falcatruas financeiras.
    Pra mim, uma das melhores frases do autor, nesta analogia excelente foi esta :

    ‘e isso é quase a única coisa que alguns sabem e querem saber sobre essas coisas . . . . . . .’

    Ainda do Pélbart:

    Se os que melhor diagnosticaram a vida bestificada, de Nietzsche e Artaud até os jovens experimentadores de hoje, têm condições de retomar o corpo como afectibilidade, fluxo, vibração, intensidade, e até mesmo como um poder de começar, não será porque neles ela atingiu um ponto intolerável?

    Não estaríamos todos nós nesse ponto de sufocamento, que justamente por isso nos impele numa outra direção? Talvez haja algo na extorsão da vida que deve vir a termo para que esta vida possa aparecer diferentemente… Algo deve ser esgotado, como o pressentiu Deleuze em “L´Épuisé”, para que um outro jogo seja pensável.

    Parabéns , Fy e um beijo a todos,
    Tio Guz

    Comment by Gustavo — 20/03/2013 @ 3:02 AM

    • têm condições de retomar o corpo como afectibilidade, fluxo, vibração, intensidade, e até mesmo como um poder de começar… não será porque neles ela atingiu um ponto intolerável?

      Poisé, Gustavo,… eu já pensei sobre isso… quase todas as vzs em queme deparei com a estranheza de perceber, clara e espantosamente que mts pessoas – e é verdade – tem como intolerável justamente a afectibilidade, o fluxo, a vbração, a intensidade e o poder de começar !

      São restritos ao nada e suas explicações nadenses. Petrificam-se em crenças e ideais de vida debilitados, e, creia, sentem-se confortáveis assim . É a Mediocridade…. – da pele, da mente, da vida, … por mais que se esguelem em discursos … cômicos.

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 22/03/2013 @ 1:52 PM

      • E por aí, Fy. A afectividade vivenciada , principalmente através de experiências positivas, as que modelam o paladar das emoções – geralmente é rechaçada pelos frustrados.(lá na resposta pro Anarcoplayba) É uma reação mórbida a do embotamento afetivo, ou da falta de sensibilidade, ou mesmo a bizarra grosseria das reações dos amargurados que carecem por completo do potencial sentimental. Concordo.
        Bjinhos da Carolzinha . Perdi o sono credita?

        Comment by Carol — 22/03/2013 @ 2:24 PM

        • Nossa Ca, eu vim dirigindo, tô morrendo de sono…. super cansada. Já to escrevendo besteira…. amanhã eu continuo…. – toma um cha” … ou um vinho, tá friozinho.

          bj
          Fy

          Comment by Fy — 22/03/2013 @ 2:29 PM

  4. Eu arriscaria que as “entidades de massas” existem… pelo menos faz muito sentido no Curso de Controle de Distúrbios Civis. Eu fico me perguntando, ocasionalmente, de onde vem esse desejo de abandonar a própria individualidade e se abandonar numa maré coletivista.

    Na verdade, até faz sentido… já dizia o meu escritor que se veste como mendigo favorito: ter uma alma é muita responsabilidade…

    Comment by Anarcoplayba — 20/03/2013 @ 3:28 AM

    • pelo menos faz muito sentido no Curso de Controle de Distúrbios Civis : Hi Lawyer > Foucault é fera neste quisito. E em disturbios civis tb . – mas sobre o que vc fica pensando, é simples… – eu classifico em 2 grupos : – o dos incompetentes e o dos frustrados.

      Se vc derivar em todas as esquinas da Incompetência – vai encontrar todo o tipo de becos onde a Mediocridade se instala. Em cada um, um punhado de preguiça atrai de quem dela se alimenta : taí um rebanho. Um rebanho dirigível.

      E os frustrados… – imagine quantos tipos de frustrações são mascaradas qdo vc se sente fazendo parte de uma idéia que te afaste das tuas ou da função de tê-las ?

      Tb gosto do rappa. – mas adoro o Lenine.
      Bj
      Fy

      Comment by Fy — 22/03/2013 @ 2:03 PM

  5. Belíssimo post. Deste jeito eu nem ligo mais a tv. Uma visão contemporânea que homenageia um filme que aniversaria 6 décadas .
    Fy, a apresentação foi de uma criatividade incomparável! Óbviamente, meus sinceros parabéns!
    Gustavo, Gustavo, que conclusão certeira esta do Pelbart. Mas lembre-se que o mundo evolui em camadas. Aquilo que já nos empanturrou e nos causa asco, ainda possui um sabor inédito para determinadas camadas que, no contexto de Rivera , podemos chamar de “camadas Lili”.
    Anarcoplayba, concordo desde que possamos chamar a tal da “alma” de consciência. Ando preferindo palavras mais objetivas à metaforas que inspirem estas dualidades tão bem apresentadas pelo artigo. Podres Poderes estão sempre disfarçados por estas metáforas, é justamente o que me parece estar representado pelas marionetes. A palavra consciencia nos induz , ou deveria, à responsabilidade. Talvez por isto usemos o termo alma, que não só nos disfarça ou nos redime de nossa condição de apenas humanos e, portanto portadores de cérebro e consciência, o que nos faz inexoravelmente responsáveis.

    Comment by Bel — 20/03/2013 @ 5:12 AM

    • A palavra consciencia nos induz , ou deveria, à responsabilidade. Talvez por isto usemos o termo alma, que não só nos disfarça ou nos redime de nossa condição de apenas humanos e, portanto portadores de cérebro e consciência, o que nos faz inexoravelmente responsáveis.

      Bel, concordo palava por palavra. Qdo usada neste sentido, religioso, é desculpa pra qq coisa.

      bj
      Fy

      Comment by Fy — 22/03/2013 @ 2:06 PM

    • Bom Dia moçada, retorno do sol, quem sabe nossa cidade seca.

      Em relação a esta atual comercialização descarada em torno da Ficção, enfatizando aqui os irmãos Wachowski e seu praticamente bizarro e interminávelmente barulhento Cloud Atlas, ( tentativa megalómana de se desvencilhar da deteriorização pós Matrix ):

      – A despeito do elenco, entre dramas de época, filmes de suspense, ficções científicas futurísticas e pós-apocalípticas e comédias britânicas, digamos que algumas coisas se salvam, mas não tudo.
      Provavelmente é impossível filmar tantas histórias tão diferentes entre si sem haver alguma irregularidade de um segmento para o outro, mas a verdade é que os segmentos de A Viagem são muito irregulares. Embora se veja o esmero da produção, que faz bonito no tocante às reconstituições de época e á criação dos dois futuros presentes no filme, um longa ambicioso como A Viagem precisava de mais do que apenas isso. As idas e vindas alucinadas pelo tempo acabam impedindo tanto a conexão da audiência com os personagens que à certa altura das quase três horas de projeção, eu já estava com a bunda quadrada e louco pra que todos os personagens ( muitas vezes interpretados por atores com máscaras de maquiagem ás vezes convincentes, em outras constrangedoras) morressem logo e eu pudesse ver o do filme e ir pra casa, o que não seria um bom sinal pra nenhum filme, e tragédia absoluta pra um longa que se imaginava uma sinfonia sobre a alma humana.
      O “maior filme independente de todos os tempos” acabou parecendo um barulhento exercício de megalomania e pretensão dos irmãos Wachowski e de Tom Tykwer, tão equivocado em sua grandiloquência e escala, que a melhor história das seis contadas no longa, é justamente a singela comédia inglesa estrelada por velhinhos com Hugo Weaving interpretando uma enfermeira malvada. –

      Crítica escrita por “Postado por Capitão Rodrigo “ – http://casadocapita.blogspot.com.br/2013/01/resenha-cinema-cloud-atlas-viagem.html

      hehe, excelente crítica a deste cara. Totalmente desprovida das bizarras interpretações ou tentativas de, megalómanas e pretenciosíssimas , que remetem , ao fascismo político religioso e infame do:

      “Do ventre ao túmulo, nossas vidas não nos pertencem –

      E a platéia otária, vibra.
      A platéia otária, profundamente ‘culta’ de mediocridade. A platéia que pertence à Criatura-deus e à Criatura-estado, e que dissolve sua identidade em legiões de almas pertencentes, sendo esta sua única idéia aproximada de identidade.E, se deslumbra Ohhhh! alheia à responsabilidade de uma vida que lhe pertença.

      Por isto, romantismos à parte, ‘neste momento’: bem claro, e inserindo minha idéia neste capítulo do Juan Antonio Rivera, parabéns pra Bel!

      beijo a todos,
      tio Guz

      Comment by Gustavo — 23/03/2013 @ 1:41 AM

  6. Sem falar da crítica a estas ridículas badalações em torno de Vaticano e papas. Isto está mais midiático que o Oscar. Consegue ser mais cafona, inclusive. Nojento.
    Múmias papa-criancinhas, desavergonhadamente se apresentando em ouro e pedras preciosas. Nestas horas me pergunto onde está a Polícia, que vive se vangloriando por prender quem rouba por um pedaço de pão. Doença, Fy? Isto é o auge da indignidade humana, sem nenhuma possibilidade de talvez. beijo,
    Bel

    Comment by Bel — 20/03/2013 @ 5:20 AM

  7. oi Bel, Anarco,
    Bel,
    O Anarco está se referindo ao Alan Moore, um dos meus preferidos tambem. E, no caso, apesar de concordar abertamente com voce, o sentido de alma tem a ver (ou é a mesma coisa que consciência).
    Eu estou com muita pressa, mas volto pra gente entender isto melhor. Mas, complementando o Anarco e ilustrando::

    té daqui a pouco,
    tio Guz

    Comment by Gustavo — 20/03/2013 @ 5:44 AM

    • Guz, Bel e (óbvio) Fy, por mais que a metafísica seja um campo pantanoso para se discutir, e por mais que eu realmente não tenha muitas certezas, eu gosto mesmo é do termo “alma”… 95% graças a isso aqui:

      E porque a minha teogonia entende que, infelizmente, pouca gente pode falar que tem alma “de verdade”. Porque alma não vem de presente… precisa nascer. E o nascimento de uma alma é coisa demorada, não é Partido ou Jazz em que se improvise, não é casa moldada, laje que suba fácil, a Natureza da gente não tem disse me disse.

      Enquanto alguém aceita “disse me disse” a respeito de si, “vai vivendo”, escolhe em ato reflexo (se eu der uma marteladinha no joelho da alma ela dá um chutinho) esse alguém não pode falar que tem alma… E eu distinguo alma da consciência… porque consciência é uma palavra que, pra mim, tem quina. Não é lisa… Passa por um grilo falante dizendo o que pode e não pode… ou por uma mera percepção… e ambos os vieses param antes da parte importante que é o que faz você feliz, as pupilas dilatarem e o peito abrir…

      Comment by Anarcoplayba — 20/03/2013 @ 6:40 AM

      • Arrebentando, Fy! (daqui pra frente a surpresa vem com a “z”! já to na espera)

        Bons comentários.

        A alma, há milênios, é o suporte místico de inúmeras seitas, religiões e assemelhados. Para Spinoza, a alma é apenas a idéia do corpo. Legal dar uma olhada no Paralelismo do Spinoza, tratado elegante, onde mais uma vez, mostrando-se um mestre na arte da Diplomacia ele manda o judaísmo, cristianismo e afins e suas crendices à merda .

        Nesta música do Rappa, percebe-se claramente esta relação entre a subjetividade, que o Anarco prefere chamar de alma e a cognição dos sentidos. Existe apenas uma forma diferente de representar aquilo que o corpo percebe.

        De mesma forma Hesíodo transfere sua cognição física para seu poema mitológico, não muito distante do Alan Moore. E ironicamente toda e qualquer crendice fez a mesma coisa. É o que encontramos no “deus quer, no “deus escreve certo e blablablas” , nas descrições do paraíso ou do inferno dos crentes, no “deus disse e no deus não disse” no “mate ou deixe viver da Criatura que estas religiões criaram.

        Eu, independente de qualquer suporte religioso, hehe , tambem gosto da palavra alma. Tem mais poesia, Bel.

        Mas com as mais respeitosas desculpas ao Anarco, hehehe detesto o rappa, huahuahua, mas concordo com a letra: alma não nasce pronta. Subjetividade não é passível de totalização ou de centralização no indivíduo, a subjetividade não implica uma posse, mas uma produção incessante .

        Falando em alma, vai lá :

        Lindo poema, Fy!

        abraço
        (tio) Renato

        Comment by Renato — 20/03/2013 @ 8:27 AM

        • Tudo bem: Meus gostos musicais são polêmicos mesmo… 😉

          Comment by Anarcoplayba — 20/03/2013 @ 8:28 AM

          • êheh Renatão,um letrão do Rappa:

            – inserido no texto do Rivera e tudo o mais.

            abraço,
            João Pedro

            Comment by João Pedro — 22/03/2013 @ 10:58 AM

  8. Saudade disto, Gustavo e Anarco!
    Eu tô lendo tudo e adorando, mas só vou sentar e responder à noite. Dia doido, eu e o tempo > ah , pra variar… estamos arrancando os cabelos .
    Mas, sobre alma ou consciência, Alan Moore, Nit, Pelbart, e o eterno retorno do deliciosamente humano,uma palavrinha atravessada de sentidos, sabores e do calor de se estar vivo:

    Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo,
    ando debaixo da pele e sacudo os sonhos.
    Não desprezo nada que tenha visto,
    todas as coisas se gravam pra sempre na minha cachola.

    Toco nas flores, nas almas, nos sons, nos movimentos,
    destelho as casas penduradas na terra,
    tiro os cheiros dos corpos das meninas sonhando.

    Desloco as consciências,
    a rua estala com os meus passos,
    e ando nos quatro cantos da vida.

    Consolo o herói vagabundo, glorifico o soldado vencido,
    não posso amar ninguém porque sou o Amor,
    tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos
    e a pedir desculpas ao mendigo.

    Sou o espírito que assiste à criação
    e que bole em todas as almas que encontra.
    Múltiplo, desarticulado, longe como o diabo.
    Nada me fixa nos caminhos do mundo.

    poema Murilo Mendes

    e obrigada Bel !

    bjs e bjs
    Fy

    Comment by Fy — 20/03/2013 @ 6:24 AM

  9. e ando nos quatro cantos da vida.
    duda

    Comment by duda — 20/03/2013 @ 1:31 PM

    • Deslocando consciências,estalando realidades!

      bj, duda,
      Fy

      Comment by Fy — 22/03/2013 @ 11:43 PM

  10. Adoro seu blog. Inteligente e divertido. Lindas fotos.

    Comment by crikawho — 20/03/2013 @ 2:36 PM

  11. Ei Fy!

    Pois é….o cinema proporciona tantas reflexões interessantes…esse filme aí é da época em que a sessão da tarde, anos 70/80, passava dactari, elza, conrack, filmes do elvis, jerry lewis…caraca, quanto tempo….hehehe..mas agora lembrei de um que passava na sessão coruja, altas horas da madruga: Houve uma vez um verão, cheguei até a ler o livro No verão de 42….um clássico….acho que um dia escrevo sobre ele…marcou a minha adolescência.

    Lendo o seu post, lembrei da sensação que tenho quando vejo as propagandas na TV- cerveja, carro, celulares… – e fico pensando: a associação que é feita entre o produto e o significado de possuí-lo, geralmente ligado a sentimentos de poder, status e até diversão (cerveja); como se para ter “sucesso” é preciso que o indivíduo adquira aquele objeto. Tudo não passa de uma entronização de um sentimento de rebanho, parece que todo mundo fica igual se quiser adquirir aquela poção mágica que vai lhe transformar no “cara”.

    E eu fico me perguntando: será que eu preciso mesmo disso?

    ah….to em ritmo de mudança, por isso ficarei desconectado por uns dias….

    té mais, my friend!

    bj

    Comment by billy shears — 20/03/2013 @ 3:14 PM

    • Billy… ninguem mandou vc falar …. – Vou assistir o filme – este livro do Rivera é super inspirador pra que se reveja estas obras primas do cinema – e vou esperar pelo seu post novo : Houve uma vez um Verão ! – já to esperando, hahahahaha

      Super Mudança pra vc, my friend! – Quando os ventos mudam : ajustam-se as velas e …. deixa-se o rumo acontecer .
      bj
      Fy

      Comment by Fy — 23/03/2013 @ 12:14 AM

  12. Oi Fy, pessoal, , excelente texto, já comprei o livro e tá difícel largar. Mas, vou deliberar um pouco sobre o comentário do Billy e o início do post, o parágrafo do Pelbart.

    Entendí o sentido de suas palavras, inseridas no sentido do post. Mas a interpretação do Billy também é válida, e é aí que discordo.

    . . . para que aquilo que Deleuze chamou de uma vida possa aparecer na sua imanência e afirmatividade ,

    é preciso que ela se tenha despojado de tudo aquilo que pretendeu : representá-la ou contê-la . Peter Pál Pelbart

    Representá-la: pôxa, francamente falando , e saltando de ignorâncias místicas para as Artes em geral, a frase fica meio forçada. Vejam eu não lí o texto do Pelbart e por isto me restrinjo à uma interpretação deslocada do mesmo. Toda a Arte, representa a Vida. E, justamente por ser Arte não pode contê-la.

    “A arte apresenta novas faces. Fala línguas novas. Cria vozes diferentes e novos gestos.
    Está farta de sempre falar a língua de ontem, do passado.” (HESSE, 1971:143)

    No caso, a representação passa a significar tudo aquilo que precede, anuncia, prepara . Essa atitude abrange toda a atividade humana, o seu ímpeto, sua ânsia de invenção, de modificação da realidade, o impulso vital de enriquecer e aperfeiçoar seus instrumentos de inteligência e de ação. E em relação à Publicidade, – aqui, me dirigindo ao Billy, estamos falando de Arte também.

    E, como sabemos, existe desde que nos conhecemos como homens. Das cavernas à Dali ela nos representa em toda e qualquer modalidade. Deambulando sob este ponto de vista, e, como grande apreciador de Dali, jamais mandaria confeccionar velas em forma de borboletas caso velejasse. O mesmo , na minha opinião se aplica a este papo de “propaganda que incita ao consumismo”.

    Apreciar ou desenvolver uma predileção pelo melhor, tem a ver também com inclinações pessoais. E sobretudo com discernimento. Não há diferença entre assistir a um comercial da Louis Vuitton rodado em Paris e ir à Paris. A diferença está em sentir-se infeliz por não comprar a Torre Eiffel.
    Se nos dispuzermos a sermos julgados como seres incapazes de discernimento, o melhor é que fiquemos num quarto escuro, sem a possibilidade de sermos estimulados por qualquer imagem.

    Uma boa sacada, pra ilustrar:

    “Paris and its mysteries… For centuries, the most wonderful intrigues have been woven in the Louvre, a haven of culture and history. An intrepid young woman enters this universal temple and unwinds the skein of time. After an encounter with the Mona Lisa and the Italian masters, armed with a key, she releases the secrets — also desired by a man hot on her heels — enclosed for more than 150 years in a legendary trunk created by Louis Vuitton. Like a thread stretching across time and space, a hot-air balloon rises above the Cour Carrée. The beautiful unknown woman leaves the Louvre for a far-off destination in pursuit of her destiny.”

    abraço,
    João Pedro

    Comment by João Pedro — 22/03/2013 @ 10:48 AM

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    Comment by alejandra — 25/03/2013 @ 4:36 AM

    • Thanks for You, Alejandra and Welcome aboard!
      bj
      Fy

      Comment by Fy — 05/04/2013 @ 3:26 AM

  14. Seu blog é espetacular, alem das imagens maravilhosas, parece que todos os textos respondem dúvidas e perguntas que eu guardo há muito tempo. Espero que voce continue.

    Comment by Ana Maria — 25/03/2013 @ 2:20 PM

    • Welcome aboard, Ana Maria! e muito obrigado!
      bj
      Fy

      Comment by Fy — 05/04/2013 @ 3:24 AM

  15. amazing news and image.

    Comment by Carina_hcl — 07/04/2013 @ 4:32 PM

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    Comment by Claudia — 14/04/2013 @ 4:20 PM

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    Comment by camilo — 24/04/2013 @ 11:47 PM

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